quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Venda de carro importado desaba 47%


 Fonte: O Estado de S. Paulo
Janeiro tradicionalmente é mês fraco para a venda de carros novos se comparado a dezembro, quase sempre muito bom. Nos primeiros 20 dias do ano, a queda dos negócios foi de 29%. Para automóveis importados, o tombo foi muito maior. Impactados pela alta de 30 pontos porcentuais do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), as vendas despencaram 47%, segundo dados preliminares das empresas.
Até sexta-feira, foram vendidos 174,7 mil automóveis e comerciais leves, sendo 165,8 mil pelas montadoras - 28% menos que em igual intervalo de dezembro - e 8,8 mil pelos importadores sem fábrica, que em dezembro venderam 16,7 mil unidades.
Em relação ao mesmo período de janeiro de 2011, as vendas do mercado total aumentaram 9%. Isolando-se os negócios dos importadores e das marcas que não atuavam no País na ocasião, o desempenho foi negativo em 5%. A alta do IPI, em vigor desde 16 de dezembro, afeta modelos feitos fora do Mercosul e do México, e que também recolhem 35% de Imposto de Importação.
Em 2011, a venda de importados por empresas independentes somou 199,3 mil veículos, alta de 87,4 % em relação a 2010. Eles responderam por 5,8% das vendas de automóveis e comerciais leves, que atingiram recorde de 3,42 milhões de unidades. Juntando modelos que as montadoras trouxeram da Argentina e do México, a participação dos importados foi de 23,6%, outro recorde.
O movimento de queda acentuada neste início de ano ocorre mesmo com a decisão de várias marcas de não repassar de imediato a alta do IPI, casos da BMW, Mercedes-Benz, Land Rover, JAC Motors e Chery. A coreana Kia, maior importadora independente do País, repassou por enquanto 6% de aumento (parte pelo IPI e parte pela variação cambial). Suas vendas caíram 50% neste mês em relação a dezembro e 40% ante um ano atrás.
Segundo importadores, o consumidor está sem referência de preços e a expectativa é de que só a partir de março o cenário estará mais claro. "O mercado de fato se retraiu neste começo de ano, em parte pela antecipação de compras ocorrida nos dois últimos meses do ano passado", opina Marcel Visconde, presidente da Stuttgart Sportcar, importadora da Porsche.
Modelos da marca de esportivos de luxo tiveram reajustes de cerca de 20%, em duas etapas, também com repasses do IPI e do efeito cambial. "Se fôssemos repassar todo o IPI, o reajuste ficaria próximo aos 40%", ressalta Marcel. Para o modelo mais em conta da marca, o Boxster 2.7, o reajuste foi de R$ 70 mil (R$ 330 mil). Para o mais caro, o Panamera Turbo S, de R$ 200 mil (R$ 1,149 milhão).
De acordo com Visconde, a Stuttgart não vai rever sua estratégia de importação, mas adotará medidas como redução de margem e investimentos e vai negociar descontos extras com a fabricante alemã. No ano passado, as vendas da marca somaram 1.134 unidades, ante 911 em 2010.
A JAC Motors informa ter estoques até março de produtos que chegaram da China antes da alta do IPI e não vai alterar a tabela de preços até lá. Neste mês, a marca vende o J3 e o J3 Turim com desconto de R$ 1 mil - a versão mais barata custa R$ 36.900.
Montadoras. As montadoras também começam a reajustar preços dos modelos top de linha importados de fora da região. O Ford Edge, que vem do Canadá, está 5% mais caro. A Volkswagen aumentou os preços dos modelos alemães Passat, Variant, Tiguan e Touareg em 14%, em média, índice que inclui atualização cambial e renovação de linha. A GM repassou aumento de 11% para o Malibu (importado dos EUA) e de 25% para o Omega (Áustria). O Camaro, feito no Canadá, por enquanto foi poupado.
A Citroën iniciará neste semestre a importação, da Europa, do compacto premium DS3. O modelo vai disputar mercado principalmente com o Mini Cooper e o Audi A1, que custam entre R$ 80 mil e R$ 90 mil nas versões mais baratas. Segundo o diretor-geral da empresa no Brasil, Francesco Abbruzzesi, apesar do IPI, o DS3 terá preço competitivo. Ele ressalta, contudo, que a medida "afeta a capacidade de gerar volume maior nesses modelos".
O executivo afirma que a chegada de outros modelos da linha, como o DS4 e o DS5, pode demorar. "Vamos analisar a viabilidade de trazer toda a gama". Segundo ele, 90% dos veículos da marca vendidos localmente são produzidos no Brasil e na Argentina.

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