edita@rnasser.com.br - 61.3225.5511 Coluna 3713 11.09.2013 |
O IAA, abreviatura em
alemão, salão de automóveis com amplitude international, bi anual, em
Frankfurt, e 65ª edição, cruza referências: menor venda de espaços nos últimos
anos; maior distribuição de credenciais: no dia da imprensa haviam mais não
jornalistas; e, se não deu o tom definitivo, mostrou o caminho, aparentemente
mais prático e incontestado, a ser tomado pela indústria automotiva nos
próximos anos: tração elétrica por conjugação híbrida, ou exclusiva e do tipo Plug In – reabastecimento na parede.Presença contida de expositores
está no fato de a indústria de automóveis na Europa vir em retração de vendas,
ainda consequente à crise do Sub Prime e pela irresponsável falta de controle
pelo governo estadunidense sobre o sistema de hipotecas e financiamentos. Os
EUA começaram a se recuperar, mas a Europa, exceto as poderosas
alemãs Audi, BMW, Mercedes, mostra queda de vendas incluindo a GM Opel,
redução de mercado, porte, fechamento de fábricas. Martin Winterkorn, CEO da
VW, disse, atrevidamente, que a Europa pode fechar 10 fábricas de automóveis,
pela redução de vendas em 3,5M desde 2007.
Esta condição talvez
explique os espaços aparentemente maiores que as necessidades dos expositores e
sua mistura – Mitsubushi e Jaguar cercados de empresas de auto peças, por
exemplo. De chineses, apenas a Changan. Área, limpa, hígida, meros quatro
veículos, instigando críticas, em especial o C 5, de maior expressão. Todos
safadas cópias de outros. Dito C5 do Range Rover Evoque. E C 5 é veículo
Citroën.
No definir-se pelos
elétricos, a Volkswagen bancou larga aplicação, desde os híbridos – anuncia
produzirá o recordista XL1, mais de 100 km com um litro de diesel – até os
puramente elétricos com vocação urbana, como um furgãozinho sobre o recém
apresentado UP!, idem Golf 7.
Para mostrar-se comprometida
ao tema, referenciou seu Audi e.Tron, vencedor nas24 Horas de Le Mans, e
mostrou sedã Porsche Panamera e SUV Cayenne em versão híbrida.
Não deixa ser curioso a
Volkswagen, grupo de 10 marcas perseguindo com solidez a liderança mundial para
2018, invista em desenvolvimento de carros elétricos. À Alemanha falta esta
etérea commodity. Sem
orografia variada para ter geração hidroelétrica, o faz por usinas atômicas,
geradores a petróleo e eólicos. Mas parece momento atrelado ao futuro, e o
articulado discurso do CEO Winterkorn fala de compromissos, sobrevivência,
mudança de interesse dos jovens a outros bens, e bem define o atual patamar ao
dizer que oferecer o carro elétrico não deve ser uma renúncia sobre rodas, mas
um caminho atual.
Apesar da distância há
novos produtos com previsível reflexo no mercado nacional. Por exemplo, carros
elétricos, como o e.Golf e o e.UP!. A Volkswagen te-los-á no Brasil caso aceito
pedido da Anfavea, associação dos fabricantes, ao Ministro Fernando Pimentel, do
Desenvolvimento, Indústria e do Comércio, de isenção de impostos para veículos
ou partes de tração elétrica. Casco e chassi rolante prontos, basta importar
motor, câmbio e eletrônica e promover o casamento local, criando produto e
desenvolvendo tecnologia.
Se este é um bonde
mundial, o Brasil, mesmo sem consciência do peso que pode representar, não pode
deixar passar, enquanto discute a quadratura do círculo ou o sexo dos anjos.
Do grupo VW, aos
brasileiros chamou atenções o anúncio de lançamento do Audi A3 Cabriolet, cópia
integral da peça de apresentação local do Citroën AirCross.
Produção por tração
acadêmica de motor endotérmico, Philipp Schiemer, novo presidente da
Mercedes-Benz no Brasil, superou dúvidas e encaminha o fazer da nova família A,
anunciada em exclusividade mundial pela Coluna.
Degrau de entrada, abaixo da Série C, tração dianteira, sedã CLA e
SUV/Crossover GLA, lançado em Frankfurt. Em entrevista sobre local da nova
fábrica, cortou Paraná, focando São Paulo e Santa Catarina. Produção em 2015.
De produto, Mercedes E
500 Híbrido, apto a uso como carro de representação, em circuitos urbanos, e
usufruir de maior autonomia pelo sistema híbrido.
Mais
Especulações não
confirmadas sobre a Renault produzir o pequeno SUV Captur – de importação
suspensa há dias por elevação dos custos pela valorização do dólar. De certo,
mudará a frente do Fluence, dando-lhe cara da marca, dissimulando a origem da
coreana Samsung.Com possibilidades, o
Sportsvan, misto de crossover + utilitário esportivo + perua construído pela VW
sobre o novo Golf 7, factível para o Brasil, produzindo sua base.Curioso observar, a
ascensão do Brasil no cenário mundial, rentável como produção e consumo, não
mudou a imagem do país. Aos envolvidos com a indústria continua sendo Rio de
Janeiro, carnaval, futebol, aventura tropical. Executivos da BMW e da Audi,
perguntados sobre produção das marcas no país – confirmadas para Santa Catarina
e Paraná -, fazem cara de paisagem ante o assunto. De produto, então, de
lâmpada fitando a paisagem.
Em paralelo
Nem elétricos, nem
produção local, alguns importados trarão reflexos ao mercado interno. Ford,
inicialmente, versões chamadas Vignale,
no mercado de produtos Premium, tentada pela Lincoln, marca de topo, sem
êxito. Invisível linha separa rótulos de Luxo e Premium. Sua área jurídica exumou
a marca Vignale, recebida ao comprar a De Tomaso, sua detentora. Agora,
aplicará o sobrenome do famoso carrozziere turinês, para versões superiores, como
o faz a popular Citroën com seus DS sobre os modelos 3 e 5. O primeiro a ter
versão refinada será o Fusion.
Novos Audi e Peugeot
308, lançados em Frankfurt, este diferente do produzido no Mercosul, mostram
crise de identificação. A frente dos Audi, por Walter De Silva com nítida
inspiração nos Alfa, para quem desenhou 145, 146, 147, 156 e 166, ficou tão
impregnada em proporções e grade alfísticas, que o carro muda mas sugere alguma
coisa antiga. Peugeot, caminho inverso. O novo 308 cortou a fórmula anterior,
grande tomada de ar frontal e faróis integrados – bocão e olhões às linhas do
estilo. Adotou grade horizontal cromada, coquetel de Mercedes, Ssangyong,
Hyundai, Infinity ... Mudou o frontal, perdeu identidade. O 308 não tem cara
Peugeot ...
De fora
Algumas novidades serão
importadas, apesar do elitismo dos preços elevados pelos impostos altos. Mas
sempre existirão interessados nos novos Mercedes S Coupé, elegante cupezão sobre a comprida plataforma do maior
sedã.
Ou nos Porsche 911/50,
edição de formas limpas e autênticas, com tentativa visual do 911 inicial,
mítico automóvel a festejar meio século.
Também, que algum
brasileiro, de lastro antigo ou enriquecimento recente se encante com o Porsche
918, considerado pela marca o início do caminho do esportivo híbrido. Somando
motores a gasolina e elétrico, gera 887 cv, acelera de 0 a 100 km/h em
estupefantes 2,8s, e consome entre 30 e 33 km/litro.
A
udi exibiu veículo a
caminho de produção, o Nanuk. Nada a ver com a cidade mineira, mas indicando
Urso em esquimó. É esquisito como um urso em Nanuque, quatro por quatro de
plataforma Porsche Cayenne/VW Touareg/Audi Q7, vestida por carroceria esportiva
descombinando linhas e a elevada altura do solo. Nos anos ’60 as inglesas
Jensen – carros, e Ferguson – tratores e tração, criaram o Jensen FF, esportivo
com tração total. Dito ironicamente esportivo utilitário, atolou pelo caminho.
Assim,
Considere mais o
espírito que os tropeços. O IAA 2013 ficará marcado pelo caminho da
eletricidade como factível para o início do re encontro do automóvel com os
consumidores e suas demandas pelo respeito ao meio ambiente. Nestes tempos
eleitorais pergunte-se porque o Brasil, de imensurável potencial de geração –
hidráulica, eólica, mares, carvão, turfa, biomassa -, não se liga nos elétricos
como parte da matriz energética. Talvez o tempo de planejamento seja gasto para
explicar os inexplicáveis apagões.
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