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edita@rnasser.com.br – 61-3225.5511 Coluna 5012 13.12.2012
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E carro que sai
de produção pode voltar ?
Estórias sobre
fatos fora do normal a respeito de automóveis, em especial para
personalizá-los, são usualmente tão ricas quanto infundadas. Há tempo
ziguezagueava na Internet um Chrysler GTX anunciado como sendo 1970 - a
produção findara em julho.1969 - equipado com barbaridades para um sedã com
vezo esportivo: velocímetro no banco traseiro; estepe continental – utilizado
pela Simca, antecessora da Chrysler, na versão Présidence até final de 1966.
Garantia, fora
fabricado junto com o Dodge Dart, por pressão e bate pé de diretor da Chrysler,
admirador do automóvel, ordenara a excentricidade.
Coisas erradas
tem inacreditável atração pela continuidade do mal-feito. Um negociante de
automóveis em S Paulo o adquiriu, sacou fora o estepe externo e o especial para
choques traseiro - de bom valor no mercado de itens usados - e, na mesma rota
inexplicável, tascou-lhe caixa de
marchas de Alfa 2300.
Cara de pau, dizia ser composição
original de fábrica, protótipo do estudo de associação entre Alfa e Chrysler –
união nunca cogitada pelas marcas no Brasil...
Outro caso,
fundado em informações de livros e artigos dizia, a Fiat fizera um Alfa Romeo
T.I. para o festejado arquiteto Oscar Niemeyer – tempos após ter encerrada a
produção do automóvel.
Parecia ser do
mesmo calibre. E digo porque num processo industrial só o de fazer e o de
montar ficam na linha de produção. Encerrada, tudo o de fazer vai para
fornecedores, estoque, exportação a mercados que ainda absorvem o modelo
antigo, ou para a sucata. Nada fica à mão. No rigor capitalista condutor do
fazer automóveis, é impossível fabricar carro descontinuado – exceto, claro, se
houver lista com milhares de encomendas capazes de justificar procura de
partes, peças, ferramentas. Como um não ocorre, o outro também não.
O Caso
Para resgatar
unidade história tão especial vinha do fato, verdadeiro, apurei, o mítico Oscar
fizera projeto para a Fiat. Entretanto, não implementado, não quis receber,
mesmo com a insistência da montadora. Dizia-se também, às horas tantas da
conversa, o arquiteto rememorou ter tido um Alfa 2300, de boas lembranças. Aí, a Fiat para agradecer, diz a romântica
lenda, teria mandado fazer uma nova unidade do 2300 para presenteá-lo. A
discrepância é que isto ocorreu em 1992,3, quando a produção se encerrara nos
primeiros dias de 1987.
Teorias
infundadas normalmente se entrecruzam em ponto comum: se alguém quiser e se
dispuser a pagar, ou se um diretor com amplos poderes mandar, uma montadora é
capaz de exumar um veículo descontinuado, parando a linha de montagem,
re-equipando-a, tomando peças de estoque, fazendo a unidade encomendada,
totalmente zero km e excepcional. Embora sabendo, por vivência profissional não
ser possível tal bravata, passei o rodo: localizei o diretor industrial da Fiat
á época. Ele riu da teoria; idem para o comercial, com autoridade para tal;
pedi à assessoria da Presidência da marca olhasse o registro de produção; não
consegui resposta – creio, acharam, a demanda não podia ser coisa séria; fui
atrás das estatísticas internas. Mesmo resultado - nada.
Baixei a pesquisa
para a realidade. A Fiat à época tinha suas exceções latinas, e um mecânico
chefe idem - havia feito para mim - por ordem de um dos Capo citados, um Prêmio, misturando peças e desenvolvendo outras,
um pequeno canhão. Para a época, início do governo Collor, caminhava, passava
por cima do meu carro-de-diretor, um Diplomata 6 cilindros. Saía, retomava,
ficava na frente. Viagens curtas, de exercício da mão-de-obra tentativamente
polida, não tinha para o Diplomata. O Prêmio, mais que 100 cv, caixa do Uno
1.5R de marchas com relações próximas, molas, barras e amortecedores mais
reativos, freios com discos com grande área de contato, não deixava para
ninguém. Por distante recordar, num trecho habitual meu tempo de viagem - e a
adrenalina com o tal de Prêmio - apenas baixou quando comprei um Mercedes 500,
autor de médias elevadas com conforto e mais segurança.
Retomando, imaginei a única teoria possível: a montadora recebera o velho Alfa
do Niemeyer, e a oficina de protótipos desmontara latas, interior, mecânica,
revisado tudo, buscado peças em estoque de antigos revendedores. Em suma, o que
colecionadores fazem, embora com maior galhardia. Mas nada. Ninguém sabia ou se
lembrava. Deixei amornar.
Fiat Lux
Há pouco tempo
recebi e guiei visita no Museu Nacional
do Automóvel, em Brasília, do Franco Cirani, ex-diretor da Fiat e então
presidente da FPT - sua fábrica de motores e transmissões –, hoje diretor
mundial de exportações. No percurso, ao chegarmos ao grupo dos 2300, onde reluz
unidade 1974, motor 00001, parou em frente ao 2300 '86, adquirido ao Alfista
Paulo Proença, falou: "- um tí”. Não
falou “tê-í “, como nós, mas um curioso
“tí”. E explicou:“- Quando cheguei ao
Brasil, em 1990, deram-me um Alfa TÍ, carro do estoque, guardado há uns três
anos. Gostava muito. Mas, numa
segunda-feira, no fim da reunião de Diretoria, alguém disse que precisavam do
meu carro - e não iriam devolve-lo: iriam dá-lo ao Oscar Niemeyer. Não
reclamei, pois trocaram pelo novo 164".
Giuseppe “Pino” Marinelli, misto de piloto com professor
Pardal, durante anos comandante da área de invencionices mecânicas na Fiat -
fez, para mim, além do citado e impossível Prêmio, um Tempra com 150 cv -
ligou-me para assuntos outros e, perguntado, se lembrou do carro do Niemeyer:
"- Veio uma ordem para fazer um Alfa 2300 Zero
para o arquiteto. Fazer dos usados um carro novo. Sem limites na conta.
Peguei o do dottore Cirani, o melhor da frota de diretoria;
mais uns dois. Dos três e com peças ainda em estoque, verificamos tudo.
Qualquer dúvida, pegava-se peça nova no estoque. Se não tivesse, a melhor que
houvesse nos três era escolhida, inspecionada, pintada e montada. Conseguimos
fazer um 2300 quase Zero km para o arquiteto Niemeyer.
Deve ter custado uns dois Alfa 164, mas ordem de cappo da Fiat, você sabe, é para
cumprir."
Enfim,
Acabou o mistério. Nada de mandar construir um carro após descontinuado.
Tão-somente pegar uma boa unidade, desmontá-la e verificar peça por peça,
substituir por outras novas ou usadas em melhor estado, numa ação sem restrições
de orçamento.
Explicação final. Vício de colecionador, fui atrás, e uma atenciosa dona Vera,
mulher do arquiteto e sabe-tudo a seu respeito. Informou, após algum uso, deram
o carro para o motorista.
E, pós-final, David Cipriano, Rodrigo Roque e
Junior, camaradas do grupo AlfaRomeoBR descobriram, o 2300 permanecia em nome
da empresa do arquiteto, licenciado até um par de anos.
Dado histórico,
informa o mesmo ativo grupo de alfistas, ter o último Alfa 2300 fabricado o
chassi 144.001.4024 – 39 unidades sobre o Alfa Niemeyeriano.
Da história, o
gênio recentemente desaparecido não tinha paixão Alfista – ou por outra marca
-, mas certo é, nem uma empresa do porte da Fiat no Brasil, mesmo com ordem de
diretoria, é capaz de re fabricar modelo descontinuado.
Memória
Como todo
brasileiro, reverencio o arquiteto recentemente passado por ter dado ao país a
referência de uma arquitetura livre e leve, revolucionando o uso da malha de
ferro nas estruturas de concreto, tornando-a respeitada no mundo. E como
brasiliense espero, com o desaparecimento do último partícipe do pacote de
gênios que fizeram uma cidade de brilho para valorizar o novo ciclo de nosso
país, a canalhice e a corrupção não permitam aos seus dirigentes se vergar aos argumento$
sensibilizante$ das construtoras para rasgar a filosofia da cidade, plantando
espigões, violentando sua diferenciação, transformando-a em apenas mais uma das
desorganizadas cidades brasileiras.
As tendências de consumo para 2013 e à frente
A Ford divulgou
pesquisa sobre tendências dos consumidores para 2013. Um manual de
sobrevivência para a indústria do automóvel, mas adequável a outros bens,
serviços, para os próximos anos.
Lista 13 pontos
ditos fundamentais, separa três como principais, e projeta que o próximo ano,
para o mercado norte-americano será de aceitação e otimismo, superando a
desconfiança e a decepção que marca a baixa estima, os problemas e o patinar
econômico dos EUA desde 2009.
Como é
Três são
principais:
1. Confiança como diferencial. Quanto mais autêntica e real a maneira de
ser vista pelo mercado, melhor;
2. Responsabilidade individual. Vale para tudo, todos, empresas,
indivíduos, é a capacidade de reconhecer suas falhas, base para o sucesso;
3. Expansão do poder coletivo, da responsabilidade individual exercendo
poder de agregar pessoas confiantes umas nas outras. Na prática, a consciência
que pequenos atos individuais, podem, em conjunto, modificar a sociedade.
Roteiro das 13 tendências
para 2013
1. Confiança está na moda
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2. República dos consumidores
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3. Seja verdadeiro
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4. Caminhos pioneiros
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5. Habilidades "faça
você mesmo"
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6. Ajude-me a me ajudar
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7. Orgulho da economia local
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8. Humanização da cidade
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9. Desafiando a distração
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10. Maximização do mínimo
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11. Retorno aos sentidos
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12. Sempre jovem
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13. Pós-verde
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Roda-a-Roda
BM 4 – Tomando a nova
série 3 como base para sua linha, a BMW mostrará no Salão de Detroit, início de
janeiro, o Concept Serie 4 Coupé. Na
prática, mais que conceito, pré apresentação. É evolução, provocação aos
interessados nos 3.
Pacote – Proporções
esportivas, longa capô, habitáculo recuado, pequena tampa de porta malas, jogo
de luzes e reflexos com os vincos da carroceria, materiais cuidados e em
harmonia, interior em couro preto ou amarronzado, preocupação ecológica no seu
trato, faixa em nogueira, insólita em carros do seu porte. Preço ? Nada ainda.
Teste – Avaliação da
JAC Motors sobre a frota de 45 mil unidades permitiu cortar as revisões de
5.000, 15.000 e 25.000 km. Agora, inicial com 3.000 km e seguintes a cada
dezena de milhar. Diz Sérgio Habib, importador no Brasil, pelo “ótimo estado de conservação dos componentes
internos”.
Qualidade – Tira teima
exibe qualidade em carros coreanos. Pesquisa da JD Power, especializada no
setor, indicou o Kia Cerato 1o. lugar em satisfação do cliente – e
ausência de problemas -,superando Toyota Corolla e Hyundai i30. Charmosos, os
coreanos imprensam o insosso japonês.
Negócio – Para impulsionar vendas no último mês de redução de
IPI, a Peugeot facilita: 207 Hatchback a R$ 29.990; Sedan e 408 Feline com taxa
zero; 3008 com taxa de 0,89% a.m. No 308 Felipe THP e o sedã 408 foram
equipados com central multimídia.
Promoção – Parece, a
penetração do novo Toyota Etios na Capital Federal não vai bem. Recém surgido,
quando se esperava filas, preço inflado, demora para entrega, para vender
concessionários brasilienses fazem promoção.
Freada - A Toyota já
estuda mudar o automóvel, alterando o interior, feito para o mercado indiano,
de pouca vivência com o produto e baixo nível de exigência, muito distante do
comprador brasiliense, o mais exigente do país. Pensar globalmente e querer vestir
todos os mercados com o mesmo casaco não dá certo. Há que se respeitar a
individualidade e a peculiaridades de cada local.
Projeto – Em meio às
previsões de crescimento das maiores montadoras, entre 1 e 2% para 2013, a Ford
é otimista e prevê o dobro. E deste, quer o topo de 4%. Diz preparar 18
lançamentos, a maioria em caminhões. A Ford vem caindo em participação. Em
2012, 8,9%. Ainda é a quarta marca mais vendida.
Realidade – Desde que a
Renault viu o mercado brasileiro para carros de preço intermediário, optando
por Logan, Sandero, Duster, não pára de crescer em vendas e espaço. Aumentou
sua participação em 1,1%, com 6,7% das vendas. O Brasil é o segundo mercado
mundial da marca.
Gás - A fábrica
fechará dois meses para adequar-se, saltar de 100 mil para 180 mil
veículos/ano. À construção, não imaginava vender mais que produz.
Bonito – O Ford
EcoSport 2013 aqui projetado para ser carro mundial, dá outro passo: chegou à
Colômbia, terceiro mercado automobilístico do Continente. Integra a listagem
dos utilitários esportivos da marca: Escape, Expedition, Edge. Preços
assemelhados aos daqui. Versão S, R$ 54.611; FreeStyle R$ 60.422.
N x N – A filmagem, antecipada pela Coluna,
de anúncio de tv para o novo Fusion, entre Nelson Piquet e Nigel Mansell
reeditou no Autódromo de Tarumã,RS, as antigas rusgas entre os dois campeões de
Fórmula 1. A disputa foi re acesa – ganharam os dois, perderam os Fusion,
destruídos.
Reverência – Amigos de Fábio Steinbruch, antigomobilista bestamente
desaparecido semana passada farão homenagem: Autódromo de Interlagos, dia 22,
às 12h. Automóveis antigos, duas voltas pela pista. Tens carro antigo ? Vá homenagear o Fábio. Entrada Portão 7,
reunião na Curva do Sargento.
Retífica
RN -
Correções à Coluna passada: Thomas
Schmall, citado na Coluna passada, tem 48, é alemão e economista.
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