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Alta Roda nº 1026/376– 03/01/2019
Brasil deve avançar em conectividade, serviços de
mobilidade e eletrificação híbrida
Dos quatro grandes desafios impostos à indústria
automobilística mundial, veículos conectados, serviços de mobilidade, direção
autônoma e eletrificação, apenas os dois primeiros dois chamarão mais atenção
no Brasil em 2019 e nos próximos anos.
Veículos autônomos estarão muito longe do mercado local e sem nenhuma previsão
de efetiva introdução por problemas de alto custo, infraestrutura e
regulamentação jurídica, entre outros. Eletrificação completa (por bateria ou pilha
a hidrogênio) enfrenta grandes obstáculos, dos quais o preço bastante elevado
parece uma barreira inexpugnável mesmo em médio prazo. Porém, no fim deste ano,
a Toyota começará a produzir aqui o Corolla híbrido flex, um caminho mais
adaptado à realidade nacional. Há, ainda, o carro elétrico de baixo custo com
uso de motor/gerador a combustão que a Nissan desenvolve para o Kicks. Este
deve estrear entre o fim de 2019 e o começo de 2020.
Mas, pelo menos, o País avançará em dois campos: veículos conectados e novos
serviços de mobilidade (NSM). A boa notícia vem do forte crescimento da rede
celular 4G. De apenas 10% das conexões em 2016, chegaremos a 57% em 2020, numa
posição de liderança na América do Sul. Essa expansão acelerada animou a GM a
lançar, já em meados deste ano, o primeiro modelo a sair de fábrica com
internet a bordo e roteamento Wi-Fi a ser comercializado no País. A Coluna pode
antecipar que o Cruze permitirá até sete usuários no mesmo chip, mas a
operadora ainda não foi selecionada.
No entanto, as funcionalidades de carros conectados só
serão mais bem aproveitadas com a tecnologia 5G, capaz de processar dados
móveis de 10 a 20 vezes mais rápido que a atual 4G. Isso ainda demora a se
implantar por aqui. Na melhor hipótese em 2025 – ou seja, um atraso de cinco a
seis anos em relação aos países centrais.
Segundo a Bright Consulting, de Campinas (SP), o transporte urbano vem
evoluindo para algo mais abrangente, a mobilidade. Trata-se de uma mudança de
conceito, menos concentrado no sistema em si e mais no usuário. A abordagem
apenas de aumento de capacidade não é eficiente, nem sustentável.
Compartilhamento de carros, deslocamento individuais ou compartilhados por
aplicativos e até táxis, além do papel das bicicletas em percursos mais curtos
e de ligação entre modais, começam a avançar nas grandes cidades brasileiras. A
oferta continua a aumentar e as perspectivas são de que não fiquemos tão
atrasados nesse aspecto sobre o que acontece no mundo.
Esses NSM caracterizam-se como forma confiável, conveniente e acessível de se
deslocar de um lugar para outro, além de oferecerem um modo mais fácil de
realizar o pagamento. Em cidades pequenas a falta de escala é um fator
inibidor, mas ao longo do tempo várias se transformarão em conglomerados médios
e estes em grandes.
Para a consultoria, as novas formas de mobilidade trarão um impacto negativo
discreto, entre 2% e 4% em 2025, sobre as vendas totais de veículos leves no
Brasil. Afinal, cidades pequenas é que ditam, hoje, o ritmo alto da demanda. Os
números serão resultado do equilíbrio entre aqueles que precisarão comprar um
carro para o dia a dia ou moram e trabalham em locais relativamente distantes e
usuários dos NSM.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em
assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua
coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma
rede nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no
Brasil do site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter:
www.twitter.com/fernandocalmo fernando@calmon.jor.br e www.facebook.com/fernando.calmon2
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