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Alta Roda nº 1039/389– 04/04/2019
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Fernando Calmon |
T-Cross acirra os ânimos
Depois de um lançamento por etapas, iniciado pela versão de topo Highline (motor turbo de 1,4 L/150 cv com etanol), o Volkswagen T-Cross começa a chegar às concessionárias com motor turbo de 1 L/128 cv (etanol). Primeiro SUV produzido no Brasil pela VW, 16 anos depois do pioneiro Ford EcoSport, é também o primeiro produto das grandes fabricantes a estrear exclusivamente com propulsores turbocomprimidos, como já acontece na Europa. O Golf, ao ser nacionalizado, chegou a oferecer motor 1,6 L aspirado.
O potencial de sucesso é grande, inclusive de liderar esse segmento de ânimos acirrados. No ano passado, quatro concorrentes – Hyundai Creta, Honda HR-V, Nissan Kicks e Jeep Renegade, na ordem dos mais vendidos – alcançaram participação de mercado dentro da faixa dos 14%. Por disponibilizar motor de 1 litro, o estreante enquadra-se numa alíquota quatro pontos porcentuais menor de IPI, o que se reflete linearmente no preço final. Há três versões que representarão 80% das vendas por R$ 84.990 (câmbio manual), R$ 94.990 (automático) e R$ 99.990 (Comfortline). A Highline, única com o motor mais potente, parte de R$ 109.990. Chega a R$ 125.000 para representar, neste caso, só 1% ou 2% da comercialização.
Os preços não são muito diferentes do Honda HR-V, por exemplo (entre R$ 92.500 e R$ 108.500). O T-Cross oferece bom espaço interno, em especial para as pernas no banco traseiro, perdendo um pouco para cabeças e ombros. Quem se senta atrás no modelo da VW encontra exclusivas saídas de ar-condicionado e duas portas USB (além de mais duas dianteiras). É fato que no interior há plásticos duros em excesso, porém o nível de segurança é o mais elevado do segmento para adultos e crianças, nos testes de colisão. Como o modelo deverá ser exportado para 50 países e o preço sempre se apresenta entre os fatores decisivos, a fábrica persistiu na mesma estratégia do Polo e Virtus.
A combinação de motor 200 TSI e câmbio manual 6-marchas (deve representar 10% das vendas) mostra agilidade surpreendente para sua massa de 1.250 kg. Com câmbio automático, também de seis marchas, é algo mais lento e sofrerá em carga total. Mas o torque de 20,4 kgfm, equivalente a um 2-litros aspirado, garante agilidade em ultrapassagens e subidas. Suspensões e direção têm acerto voltado ao conforto, sem prejuízo para estabilidade em curvas. Freios a disco nas quatro rodas impressionam pela precisão e eficiência.
Porta-malas de 373 litros, inferior em relação aos concorrentes (só ganha do Renegade), pode ser ampliado para 420 litros com regulagem no encosto bipartido (de série) do banco traseiro. Há certo sacrifício do conforto em troca de um volume maior para bagagem.
Com sistema multimídia de qualidade, estilo atraente, com 1,57 m de altura para se diferenciar dos rivais, e fácil de manobrar (apenas 4,20 m de comprimento), o T-Cross tem as três primeiras revisões grátis e plano de manutenção por aplicativo que aposentou o manual impresso. A lista de equipamentos é grande, em itens de série e opcionais, desde rodas de até 17 polegadas, câmera de ré, luzes de LED (diurnas e lanternas traseiras), teto solar panorâmico e assistência para estacionar em vagas paralelas e transversais.
ALTA RODA
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JORNAL inglês Financial Times, sem citar fontes, apontou futura fusão entre Renault e Nissan/Mitsubishi, incluindo uma oferta para agregar a FCA. O grupo ítalo-americano tentou nos últimos anos aproximar-se da GM e da PSA. Essa megafusão faz sentido. Produção combinada seria de 15 milhões de veículos/ano, volume 50% maior que VW e Toyota, individualmente.
HÁ ANOS falta à Ford um SUV maior que o EcoSport. Se decidiu mostrar a jornalistas brasileiros, em Detroit, o novo Escape, é porque está a caminho daqui. Mas deve demorar. Inviável trazer dos EUA com Imposto de Importação de 35%. Resta esperar (mais provável, fim de 2020) a produção no México, sem esse imposto, e conteúdo maior de peças mexicanas e brasileiras (40%).
ESCAPE tem porte quase igual ao do VW Tarek argentino e, portanto, pouco maior que o Jeep Compass, líder entre os SUVs aqui vendidos em 2017, 2018 e segundo colocado no primeiro trimestre de 2019. Motor para o Brasil seria o atual 1,5 litro de três cilindros, produzido em Taubaté, mas na versão turbo, 183 cv, que deverá ser enviada ao México. Ford poderá oferecer ainda a versão híbrida do novo modelo.
CHERY Arrizo 5 é um sedã compacto anabolizado de estilo bastante atual. Interior espaçoso, bancos de couro confortáveis e motor 1,5-litro turbo (150 cv). O volante é inclinado (além da conta) e não tem regulagem de distância. Câmbio automático CVT anestesia as respostas do motor, mas a tecla Sport muda bem o seu temperamento. Porta-malas razoável: 430 litros.
LEVANTAMENTO do site KBB Brasil, ao analisar mais de um milhão de anúncios, mostra que o motorista brasileiro de carro compacto roda em média 12.900 km, no primeiro ano de uso. No caso de automóveis médios e grandes, 11.700 km e 10.100 km, respectivamente. À medida que o veículo envelhece, distância anual percorrida cai quase 2.000 km após cinco anos.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em
assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua
coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma
rede nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no
Brasil do site just-auto (Inglaterra).
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