Alta Roda nº 913/263 – 03 /11 /2016
Fernando Calmon |
Neste ano dificílimo para a economia brasileira e em
particular para o setor automobilístico é estimulante saber que seminários e
congressos conseguem atingir objetivos, agregar conhecimento, antecipar
tendências e projetar o futuro. O Congresso SAE Brasil completou 25
anos com o evento da semana passada em São Paulo. Em 1991 se implantou aqui o
primeiro braço fora dos EUA da secular (fundada em 1905, em Nova York)
Sociedade de Engenheiros Automobilísticos.
Hoje voltada para a engenharia da mobilidade, nos modais terrestre e aéreo, a
entidade conseguiu ao longo de três dias reunir mais de 7 mil participantes, 85
palestrantes e apresentar 94 relatórios técnicos. A tradicional exposição
encolheu um pouco, mas o inovador espaço tecnológico deu oportunidades para
apresentações abertas e a baixo custo.
Um tema quase onipresente foi a mobilidade inteligente e, claro, o caminho para
direção semiautônoma, em um primeiro momento, e autônoma, em um futuro difícil
de prever com exatidão. Entre a tecnologia estar testada, pronta e efetivamente
aplicada na prática podem aparecer alguns óbices. Até implantação mais lenta
que o esperado, pois toda a sociedade precisa entender os reflexos.
O brasileiro parece estar confortável, segundo pesquisa da Cisco apresentada
pela Porto Conectas, sobre o novo papel do automóvel. A população urbana aceita
a direção autônoma, além da possibilidade de trocar a propriedade do carro pelo
uso apenas quando necessário. Como toda pesquisa, depende de como a pergunta é
feita, o público-alvo atingido e se a pessoa está disposta a pagar por custos
desconhecidos que serão muito altos, pelo menos de início. Fora dos grandes
centros urbanos e entre aqueles que nunca tiveram um automóvel as respostas
talvez fossem outras.
Com infraestrutura precária, tanto viária como em abrangência limitada do
tráfego de dados em alta velocidade, tudo deve acontecer de forma bem mais
lenta no Brasil. Ainda há espaço, porém, para inovações como o banco de
motorista de ônibus que detecta a fadiga do profissional. Desenvolvido pela
Marcopolo, a encarroçadora gaúcha apresentará a novidade a seus clientes no
início de 2017 e inclui diferentes métodos físicos de alerta.
Versões modernizadas de embreagem eletrônica (com ou sem pedal) foram
reapresentadas pela Bosch e Schaeffler. Dispositivo mais barato do que o câmbio
automatizado de uma embreagem merecia ter uma segunda chance no mercado
brasileiro. Agora é possível ganhar até 5% em economia de combustível com o
recurso de coasting (abertura da embreagem para aproveitar o movimento próprio
do carro) e mais 5% se acoplada ao sistema start-stop (desliga-religa o motor
no para-e-anda do trânsito).
O congresso divulgou uma iniciativa meritória apoiada por Campinas (SP).
Trata-se de um projeto-piloto chamado Investigação Avançada de Acidentes de
Trânsito existente em 12 países. Apenas em um bairro da cidade a comissão
técnica pesquisou 72 casos e promoveu 23 reconstituições, inclusive de
fatalidades. Numa segunda fase este pool de empresas, universidade e
instituições públicas preocupadas com a segurança quer incluir acidentes
rodoviários.
RODA VIVA
DECISÃO reafirmada pela FCA: não haverá versão Fiat de nenhum produto
Jeep, embora tenha acontecido com a dupla Dodge Journey/Fiat Freemont.
Descartado também o possível SUV Fiat derivado da picape Toro, como ocorre com
Chevrolet Trailblazer ou Toyota SW4. Informalmente a empresa alega que o custo
de um SUV médio é alto e já existe o Jeep Compass.
SEXTA geração do Chevrolet Camaro deu belo salto em desempenho, estilo e
interior todo reformulado. Começam vendas da edição especial Fifty que comemora
50 anos do modelo por R$ 297.000. Apenas 100 unidades virão para o Brasil, mas
a partir de janeiro cupê e conversível estarão disponíveis. Motor V-8 de 461
cv/62,9 kgfm; 0 a 100 km/h, 4,2 s; máxima, 290 km/h.
NISSAN KICKS no dia a dia se destaca pela boa suspensão, direção precisa e
um quadro de instrumentos moderno e de fácil visualização. Na versão de topo,
quatro câmeras permitem manobrar com facilidade e segurança. Apesar de sua
massa ser relativamente baixa (1.142 kg), falta algum fôlego ao carro pela
combinação de motor de apenas 1,6 L e câmbio CVT.
MOTORES de 6 cilindros em linha são equilibrados por natureza, porém
apenas a BMW continua fiel a eles. Com o avanço recente da modularidade de
cilindros e desenho mais compacto (pode até ser colocado transversalmente)
outros fabricantes estão readotando essa configuração. Mercedes-Benz já aderiu
e a próxima será a Jaguar. Devem vir outros por aí.
FABRICANTE americano de carros elétricos Tesla anunciou seu primeiro lucro
líquido trimestral (simbólicos US$ 21,9 milhões) depois de 13 trimestres
seguidos de prejuízo. Isso está longe de equilibrar as contas da empresa do
bilionário Elon Musk. Lucro anunciado, aliás, se deve à compra de créditos
fiscais para veículos de emissão zero do estado da Califórnia.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
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