Wagner Gonzalez |
GP DO MÉXICO: MUITOS PESOS E MUITAS MEDIDAS
Grande Prêmio do México teve lista tríplice para definir
o terceiro lugar. Hamilton venceu e Rosberg, segundo, segue líder do
campeonato após corrida decidida com vários pesos e várias medidas.
O resultado do GP do México, a antepenúltima etapa da temporada 2016 da F-1,
já entrou para o folclore da categoria e não foi apenas por causa das manobras
discutíveis de Max Verstappen e Sebastian Vettel. Os comissários desportivos da
FIA certamente erraram mais do que os próprios pilotos e usaram pesos e medidas
diferentes para punir ou inocentar quem saiu da pista e manteve a posição, particularmente
Lewis Hamilton e Nico Rosberg. Os dois pilotos da Mercedes saíram da
pista logo na primeira curva, um “S” direita-esquerda-direita, como você pode ver aqui: o inglês porque perdeu o ponto de freada e
inaugurou uma via expressa entre o início e o final do trecho em questão; o
alemão saiu da pista empurrado por Max Verstappen.
O caso de Hamilton sequer
foi levado em consideração, enquanto no outro os comissários Garry Connelly,
Silvia Bellot, Danny Sullivan e Jorge Rodriguez entenderam que nem Rosberg nem
Verstappen poderiam ser considerados total ou parcialmente culpados pelo
incidente. Nesse mesmo vídeo é possível ver o acidente provocado por Estebán
Gutiérrez, que ao tocar no carro de Esteban Ocón provocou uma colisão do
francês contra o do sueco Marcus Ericsson. Igualmente, foi julgado que “nenhum
piloto poderia ser considerado total ou parcialmente culpado pelo incidente”.
A série de discussões
sobre toques e batidas em disputas de freadas ou ultrapassagens tem ganho
protagonismo nesta temporada, cortesia do estilo arrojado de Max Verstappen.
Dentro do clima atual o antológico GP da França de 1979 jamais
terminaria sem desclassificações ou punições. Pouca gente se lembra que essa
prova marcou a primeira vitória de Jean-Pierre Jabouille e de um Renault
turbo, mas quase todos lembram da eletrizante batalha entre Gilles Villeneuve e
René Arnoux, que bateram rodas várias vezes nas últimas voltas da corrida
disputada em Dijon-Prenois.
O lado negro da força dos
regulamentos esportivos atuais é que sua aplicação se dá em 50 tons de cinza e
dentro de um contexto onde o politicamente correto dita a moda de quem é
mocinho e quem é bandido. Nomes como Jody Scheckter, Riccardo Patrese, Ayrton
Senna, Michael Schumacher e, mais recentemente, Sebastian Vettel e Romain
Grosjean causaram episódios que terminaram em circunstâncias nem sempre isentas
de trabalhos de funilaria e pintura, alguns desses trabalhos demandando
empenhos braçais e econômicos em grau considerável. O fator recorrente nessa
história é a renovação necessária de pilotos e aqui entra a questão do milhão
de dólares: porque os métodos de trabalho dos comissários esportivos não
evoluem na mesma proporção. É necessário evitar que se repita o que aconteceu
após a bandeirada do GP do México.
As voltas finais da corrida mostraram
uma bela disputa pelo terceiro lugar, com Verstappen se defendendo dos ataques
de Vettel, que por sua vez via o carro de Daniel Ricciardo cada vez mais nítido
nos retrovisores do seu Ferrari. Já famoso por sua relutância em permitir uma
ultrapassagem por quem quer que seja, o holandês travou rodas e saiu reto na
curva 1, na penúltima volta e “obteve vantagem indevida para manter sua
posição”, conforme decisão dos comissários desportivos. Não demorou nada para
Vettel começar a resmungar e cobrar punição ao adversário; demorou menos ainda
para replicar iradamente a mensagem vinda do box que Charlie Whiting estava
tomando providências. O alemão nem havia recuperado o fôlego quando se viu lado
a lado com Daniel Ricciardo quando os dois se aproximavam do estádio.
Quando a bandeirada baixou Verstappen juntou-se a Lewis
Hamilton e Nico Rosberg para a cerimônia no pódio. O entrevero entre o jovem da
Red Bull e o já veterano da Ferrari pareceu ter sido resolvido quando Vettel
foi chamado às pressas para ocupar o terceiro lugar no pódio, e, logo em
seguida, receber o troféu de terceiro colocado. Três minutos mais tarde e os 15
pontos do terceiro lugar mudavam de mãos mais uma vez: o piloto da Ferrari foi
punido com dez segundos (o dobro da penalização imposta a Verstappen), e caiu
para quinto lugar. Neste vídeo você
pode se inteirar de quanto pano sobrou para fazer mangas ao acompanhar as
declarações dos três pilotos sobre o que aconteceu nessas emocionantes voltas.
Em resumo, uma série de acontecimentos frustrantes para o
público, para os pilotos e para os patrocinadores que perderam a oportunidade
de subir ao pódio por uma decisão burocrática. Se usar uma lista tríplice para
definir o terceiro colocado, qual a consequência que semelhante falha
provocaria se a colocação em jogo fosse a vitória?
Indiferente a isso, os
dois pilotos da Mercedes seguiram sua toada e ao final da corrida trocaram
gestos há muito esquecidos na disputa pelo título: conversaram e trocaram
cumprimentos. Foi uma cena que, por pouco, não aconteceu. Ao travar roda na
freada para a primeira curva, os pneus do carro de Hamilton ovalaram e quase
custou um pit stop para troca de pneus. Uma breve análise entre Toto Wolff e o
engenheiro Simon Cole evitou a parada. “Se a decisão do título não estivesse em
jogo teríamos chamado Lewis para trocar pneus”, disse o austríaco após a prova,
cujo resultado e informações você vê aqui.
Com o resultado do México Hamilton tornou-se o segundo
maior vencedor da história da F-1 (51), junto com Alain Prost e atrás apenas de
Schumacher (91). O título deste ano, porém, parece mais próximo de acabar nas
mãos de Nico Rosberg: na análise mais simples de combinações possíveis, a
vitória no GP do Brasil, permitirá a ele igualar o feito de Damon Hill, o
primeiro filho de campeão mundial a repetir o feito do pai. Keke Rosberg, pai
de Nico Rosberg, foi o melhor da temporada de 1982.
500 Milhas de Londrina já
tem 33 inscritos
A 25a edição da 500 Milhas de Londrina já tem 33
inscritos confirmados para a competição que será disputada no sábado 26 de
novembro no autódromo da cidade. Segundo o organizador da prova, Daniel
Procópio, a corrida deste ano deverá ser uma das mais disputadas dos últimos
tempos:
“Temos a adesão maciça de pilotos do Rio Grande do Sul e de
várias equipes de São Paulo, o que vai garantir um grande espetáculo. A
programação terá várias outras atrações, incluindo uma prova do campeonato
regional e outra da Fórmula 1600.”
O público terá entrada franca e mais informações sobre a
competição podem ser obtidas no site www.500milhasdelondrina.com.br.
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