Alta Roda nº 957/307
|
Fernando Calmon |
No próximo dia 14, quando se abrirem as portas do maior
salão de automóveis do mundo em área de exposição, na cidade alemã de
Frankfurt, o público verá o primeiro carro autônomo homologado para circular em
vias públicas. Trata-se da nova geração do Audi A8, um dos sedãs grandes mais
caros da indústria, que poderá se valer das novas regras de trânsito
implantadas pela Alemanha em maio último, porém passível de revisão dentro de
dois anos.
É um avanço histórico, sem dúvida. Classificado no nível três, entre cinco possíveis,
marca o início de uma era sobre a qual ainda pairam incertezas. Embora algumas
demonstrações na vida cotidiana já tenham sido feitas para convidados em
Munique, somente em outubro os jornalistas poderão assumir o volante em um
teste real. Os equipamentos específicos serão acrescentados paulatinamente à
produção seriada, em 2018. Só estarão disponíveis de acordo com legislação e
infraestrutura viária de cada país.
Quem estiver no comando, com todos os recursos incluídos, poderá circular pela
primeira vez sem a obrigatoriedade de colocar pelo menos uma das mãos no
volante a intervalos regulares, como ocorre nos sistemas semiautônomos atuais.
Manuseio de qualquer dispositivo de comunicação está autorizado, inclusive
assistir a um filme na central multimídia. Mesmo assim haverá limitações: deve
existir uma barreira física para separar o tráfego contrário, a velocidade se
limita a 60 km/h e o veículo poderá exigir do motorista reassumir o volante de
acordo com parâmetros computacionais de segurança.
Estreia do A8 não encerra as discussões sobre alcance, viabilidade ou se os
compradores vão de fato mostrar entusiasmo por um assistente virtual em
congestionamentos (ou mesmo sem estes) assim que a produção aumentar e o preço
começar a cair. A fabricante ainda está por anunciar o valor dessa opção.
Em pesquisa recente internacional com 2.000 motoristas, a pedido da Continental
Pneus, apareceram respostas desconcertantes em proporção surpreendentemente
alta: “As pessoas ficarão preguiçosas e confiantes demais na tecnologia”;
“Haverá riscos de interferências, inclusive de hackers (piratas eletrônicos)”.
Mas outros participantes reconheceram que aumentará a segurança do
trânsito.
O risco regulatório também não se pode desprezar. Países com frotas imensas de
veículos, como os Estados Unidos, impõem cautela e tendem a estudar de forma
ainda mais profunda as implicações. Uma das discussões na Alemanha levou a
decidir que os softwares devem ser programados para diminuir ao máximo
ferimentos ou mortes de humanos, mesmo à custa da vida de um animal ou de
maiores danos a veículos e propriedades. Uma longa discussão entre
especialistas de ética, lei e tecnologia.
No entanto, existem outros aspectos ligados à direção autônoma muito agradáveis
oferecidos no A8. O principal é ordenar por meio de aplicativo de telefone
inteligente que o carro procure um local para estacionar, coloque-o na vaga e,
na ordem inversa, dirija-se de volta até onde está o seu dono. Todas as
manobras podem ser transmitidas pelas câmeras de visão externa em 360° do
veículo e exibidas em tempo real na tela do celular.
Para tudo tem de haver um ponto de partida. Essa hora chegou.
RODA VIVA
IMPRENSA argentina confirma produção do VW Tharu na fábrica de General
Pacheco (Grande Buenos Aires), a partir de 2020. Para alcançar preço
competitivo, sem abrir mão da filosofia de segurança estrutural da marca alemã,
a subsidiária checa Skoda será responsável pelo modelo. Visa especificamente a
concorrer com Jeep Compass, que dá as cartas entre SUVs médios-compactos.
MAIS um modelo tem redução nominal de preço em razão da forte retração de
mercado. Agora as versões superiores do Ka sofreram realinhamento para baixo
entre R$ 600,00 e R$ 1.000,00. Há tempos preços reais mostram quedas de forma
disfarçada por meio de bônus, promoções, valorização na troca e, em especial,
equipamentos agregados sem repasse na etiqueta.
USO cotidiano mostra que o Fiat Argo Precision, com motor de 1,8 litro e
câmbio automático, forma um conjunto bem equilibrado. Respostas ao acelerador
(de curso exagerado) são bem progressivas, assim como a direção (faz falta
regulagem de distância do volante). Atmosfera interna é um dos pontos altos.
Incomoda, porém, o puxador da porta muito próximo ao joelho do motorista.
SEGUNDO a Confederação Nacional do Transporte, as agruras fiscais levaram
o Governo Federal a alocar mais verbas em manutenção do que em adequação e
construção de novas rodovias, processo agravado no ano passado. Trata-se de uma
herança pesada em um país onde apenas 12% de toda a malha rodoviária é
pavimentada.
ANUNCIADA em fevereiro deste ano para valer em 2018, inspeção ambiental de
toda a frota a diesel do Estado de São Paulo continua a patinar. Não se falou
mais no assunto. Enquanto isso é cada vez mais comum ver caminhões e vans (de
carga e de passageiros) com liberação de fumaça preta. Mesmo sem emissão
visível há necessidade de controlar esse tipo de motor.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter:
www.twitter.com/fernandocalmo fernando@calmon.jor.br e www.facebook.com/fernando.calmon2
Nenhum comentário:
Postar um comentário