Alta Roda nº 1013/363 – 04/10/2018
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Fernando Calmon |
Onipresença digital
A maneira de comprar automóveis vem mudando rapidamente e no Brasil as iniciativas podem surpreender. O cenário começou a se modificar na década passada e se aprofundou nesta década à medida que os telefones celulares inteligentes ou smartphones evoluíram e o acesso às redes de dados ficou mais fácil e rápido.
No Fórum de Marketing Automotivo organizado em São Paulo por Automotive Business, os exemplos dessa reviravolta foram vários. Segundo o Google Insights, 90% daqueles que adquirem seu primeiro carro utilizam o telefone para pesquisar. O interessado pode gastar até dez horas ao longo de três meses para completar o processo.
Na média de todos os compradores, a evolução foi marcante. Nos anos 2000, 90% do tempo de pesquisa, escolha e negociação era dentro da concessionária. Esse tempo encolheu para 35% nos anos 2010. Antes o interessado percorria quatro lojas e agora a média é inferior a duas.
O uso crescente de smartphones animou a Renault a desenvolver totalmente no Brasil uma estratégia de venda para o seu modelo mais acessível, o Kwid. Afinal existem no País 120 milhões de pessoas conectadas. Segundo Caíque Ferreira, diretor de Comunicação da empresa, “pouco mais de 20% de todas as unidades comercializadas desde o início deste ano foram por meio da plataforma que batizamos de K-Commerce, ou seja, totalmente on-line. O consumidor só foi à concessionária para retirar o carro”.
O porcentual pode parecer pequeno, mas não é. Afinal, trata-se de um veículo totalmente novo e de preço mais em conta. Poderia levar todos os interessados a percorrer os caminhos tradicionais: questionar diretamente o vendedor, ver e tocar no carro ou participar de um teste de avaliação. Um quinto dos compradores dispensou esse ritual e confiou no processo por trás de uma tela, na maioria das vezes pequena.
João Ciaco, diretor de marketing e comunicação da FCA, foi ainda mais assertivo: “Os consumidores estão sem paciência para processos longos e burocráticos. E consideram difícil praticamente tudo na compra de um carro. É aí que a onipresença exponencial do digital pode facilitar todo o processo.” Em sua opinião, a ascensão do smartphone já mudou completamente a forma como o consumidor compra seu automóvel.
Ele deu, como exemplo, uma informação do Instagram Insights. De acordo com uma pesquisa dessa rede social, os usuários mais fanáticos chegam a percorrer 90 metros por dia de rolagem de tela (scroll) no seu celular. Portanto, fica mais fácil captar um cliente no ambiente ao qual já está acostumado.
Quando uma nova tecnologia é adotada pelas pessoas, elas mudam de comportamento. Compreender o comportamento é vital para desenvolver estratégias. Para Ciaco, quem não acordar para essa realidade estará fora do mercado.
ALTA RODA
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MAIS uma antecipação da Coluna. Novos Onix e Prisma, líderes de venda, começam a ser produzidos na fábrica de Gravataí (RS) no último trimestre do próximo ano. Atuais versões Joy dos dois modelos continuam em linha até 2022, quando se exigirá controle de estabilidade. Com preços competitivos, produção de ambos se concentrará em São Caetano do Sul (SP).
FORD anunciou a fornecedores a interrupção de produção dos Focus hatch e sedã na Argentina, em maio de 2019. Apesar de especulações sobre a fábrica de lá, o chamado segmento C (médio-compacto) desidrata rapidamente. No Brasil, no primeiro semestre o Focus sedã teve apenas 3,6% de participação; entre os hatches, Cruze, Focus e Golf vendem juntos só 1.000/mês.
LINDA JACKSON, diretora mundial da Citroën, estima que o novo C4 Cactus deve responder por 50% das vendas da marca francesa no Brasil já em 2019. Em visita ao País, ela confirmou ampliação da internacionalização para depender menos do mercado europeu. China puxará o ritmo e América do Sul deve representar 10% de participação mundial em 2023.
APOSTA em híbrido plugável da Volvo se materializa no SUV médio XC60 T8. Motor a combustão (gasolina) traciona as rodas dianteiras e o elétrico, as traseiras. Desempenho impressiona: potência combinada de 407 cv. Autonomia puramente elétrica é de 40 km, mas consumo médio em cidade atinge 19 km/litro (20 km/l, estrada), padrão Inmetro. R$ 299.950, incluído incentivo fiscal.
MITSUBISHI Eclipse Cross é SUV de estilo audacioso: traços de cupê e parte traseira algo estranha. Interior bem elaborado. Há dois tetos solares. Entre vários itens de segurança, destaque para prevenção de aceleração involuntária. Motor 1,5-litro, turbo, 165 cv e câmbio CVT (capaz de simular oito marchas) asseguram boas acelerações. É vendido em versões 4x2 (R$ 149.990) e 4x4 (R$ 155.990).
SEDÃ Kia Stinger GT estreia no Brasil com características de esportividade muito interessantes para um sedã-cupê de quatro portas. Motor V-6 biturbo de 3,3 L, 370 cv, torque 52,2 kgfm a partir de apenas 1.300 rpm, câmbio automático de oito marchas, freios Brembo e tração 4x4 são especificações inusitadas para a marca sul-coreana. Por competitivos R$ 399.990.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em
assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua
coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma
rede nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no
Brasil do site just-auto (Inglaterra).
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