terça-feira, 11 de agosto de 2020

WAGNER GONZALEZ em Conversa de pista

O dia do caçador
Um bom tempo analisando o desenrolar do Grande Prêmio da Inglaterra e a estratégia correta para explorar o desempenho do RB16-Honda e o estilo de pilotagem de Max Verstappen (foto de abertura/Red Bull) resultaram na vitória da equipe Red Bull no que celebrou os 70 anos da F-1. O resultado quebrou a hegemonia da Mercedes após uma vitória de Valtteri Bottas e três de Lewis Hamilton nas quatro provas anteriores: Áustria, Styria, Hungria e Grã-Bretanha. O acerto dos carros azuis proporcionou explorar ao máximo os pneus escolhidos para o asfalto de circuito e permitiu ainda que Alex Albon se recuperasse de algumas exibições erráticas e permitiram que o anglo-tailandês mostrasse seu arrojo ao ultrapassar alguns adversários pelo lado externo das curvas, manobra considerada das mais difíceis no automobilismo. Do paddock de Silverstone o circo da categoria segue para Montmeló, onde a temporada prossegue domingo com a disputa do GP da Espanha.

Na corrida disputada no domingo retrasado os dois carros da Mercedes tiveram problemas com o desgaste dos pneus: somente a combinação de uma dose de sorte e competência de Lewis Hamilton com uma estratégia arriscada da Red Bull permitiram a terceira vitória do inglês na temporada. No último fim de semana novamente os carros do time alemão mostraram consumo exacerbado de borracha, algo visível a olho nu mesmo através das imagens de TV. Novamente em decisão corajosa, Verstappen e sua equipe mantiveram o espírito de combate em alta: sacrificaram a luta pela pole position para largar com pneus mais duros que os rivais, a quem não deixaram escapar na liderança, ao contrário do ocorrido na prova anterior. Ao prolongar ao máximo seu primeiro stint (como são chamados os vários estágios de uma corrida) e acertando em cheio o momento correto para um segundo pit stop.

O resultado da prova mostra que se existe um ponto débil no Mercedes W11 essa falha pode ser encontrada na interação entre chassi e pneus de composto mais macio em um dia quente. Para a corrida na Catalunha a Pirelli entregará os mesmos compostos utilizados no GP da Inglaterra (quando Hamiton venceu e Verstappen foi segundo), teoricamente opção favorável aos Mercedes. Ocorre que será a primeira vez que a etapa da Espanha será disputada no auge do verão europeu e o asfalto do traçado catalão é famoso por gerar altas temperaturas. Dito isso não será surpresa se, tal como aconteceu no ano passado, os cinco primeiros classificados explorem quatro estratégias diferentes no que se refere ao uso de pneus durante a prova. Ou seja, promessa de grandes emoções no próximo domingo.

Mais do que emoção, o paddock da F-1 vive momentos de tensão em decorrência dos protestos da Renault alegando que a Racing Point copiou o desenho de peças do Mercedes W10, monoposto usado no ano passado. Tal prática é distante anos luz do ineditismo no que se refere à criatividade da categoria e a polêmica serve para esclarecer uma situação mais do que controversa: há um movimento para liberar a venda pura e simples de modelos anteriores a equipes do segundo pelotão ao mesmo tempo que se condena a cópia de soluções comprovadamente eficientes. Ferrari, McLaren, Renault e Williams são contra a cópia, ainda que a Ferrari explore sua colaboração com a Alfa Romeo-Sauber e Haas para desenvolver equipamentos e a Williams use peças da Mercedes.

Tempera-se esse antagonismo com o fato que vários fotógrafos são contratados por equipes para fotografar partes específicas dos carros dos adversários e tem-se um cenário que a FIA e Ross Brawn (o responsável técnico da Liberty Media) terão dificuldade para escolher a melhor decoração. Revogar um artigo do regulamento técnico que exige que cada equipe construa seu próprio chassi pode ser o primeiro passo para por ordem na casa.

O resultado completo do GP 70 Anos da F-1 você encontra aqui.

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