quinta-feira, 1 de maio de 2014

As 10 mais de Ayrton Senna por Caio Costa

Ayrton Senna disputou 161 Gps de Formula 1 entre 1984 e 1994 Foto: Divulgação
Ayrton Senna disputou 161 Gps de Formula 1 entre 1984 e 1994 Foto: Divulgação

Nesta quinta-feira (1), se completam 20 anos da morte de Ayrton Senna. A data – um feriado celebrado no mundo inteiro devido ao ‘Dia do Trabalho’ – acabou ajudando a imortalizar o mito do capacete amarelo. Serve quase para que todos parem e relembrem das ultrapassagens, vitórias, poles e títulos do brasileiro nas pistas mais importantes do planeta.
Para homenagear, o blog decidiu listar as dez corridas mais emblemáticas de Senna, que em 161 grandes prêmios disputados por Toleman, Lotus, McLaren e Williams, venceu 41, foi pole position 65 vezes, conquistou os títulos mundiais de 1988, 1990 e 1991, além de ser vice em 1989 e 1993.
1-) O primeiro show na chuva – Mônaco (1984)
Era apenas apenas o seu quinto GP na Fórmula 1 e Ayrton sequer conhecia o circuito de Monte Carlo. Apesar de já tem obtido dois sextos lugares (Na África do Sul e na Bélgica), pouco se esperava do brasileiro nas ruas do principado, que largava na modesta 13º colocação.
Entretanto, o domingo amanheceu com um verdadeiro temporal, que já era um sinal de sorte. O segundo sinal foi usar o melhor composto de pneus da Michelin – que em pista seca a Toleman não tinha direito. Resultado: um show de perícia dado por Senna, que fez uma série de ultrapassagens poucas vezes vista em Mônaco.
Quando iniciava a caçada ao líder Alain Prost, que guiava uma poderosa McLaren TAG Porche, a corrida foi interrompida pelo diretor de prova, o ex-piloto belga Jacky Ickx, alegando que a pista estava impraticável. A vitória não veio, mas nascia o mito do piloto que desafiava a lógica e corria ‘no molhado’ como se estivesse ‘no seco’.
2-) A primeira vitória – Portugal (1985)
A primeira vitória veio debaixo de um temporal em Portugal Foto: Divulgação
A primeira vitória veio debaixo de um temporal em Portugal Foto: Divulgação
A exemplo do que ocorrera no ano anterior, em Mônaco, caiu uma verdadeira tempestade no autódromo de Estoril – que, por sinal, faz muita falta no atual calendário da categoria – mas as semelhanças param por ai. Desta vez, Ayrton estava a bordo de uma Lotus-Renault, não em uma Toleman, e já largou na pole position.
Apesar de ter seguido na ponta desde a largada e de ter terminado com mais de um minuto de vantagem em relação ao segundo colocado, o italiano Michele Alboreto, da Ferrari, a corrida não foi tão fácil como se imagina. A pista portuguesa, completamente encharcada, virou um verdadeiro sabão e impraticável, o que levou a própria Lotus solicitar o término da prova.
Em entrevista ao jornalista inglês Dennis Jenkison, Ayrton sintetizou a dificuldade com uma frase: “na verdade, não sei como consegui me manter na pista”.
3-) A menor diferença da história – Espanha (1986)
A temporada de 1986 terminou um tanto quanto frustante para Senna. Após um grande início, o piloto brasileiro viu a sua Lotus não conseguir acompanhar as poderosas Williams – de Nelson Piquet e Nigel Mansell – e McLaren – de Alain Prost – e teve de se contentar com o quarto lugar na classificação do mundial.
Entretanto, isso não impediu que ele demonstrasse o seu talento pleno em alguns GPs. No segundo do ano, em Jerez de La Fronteira, Senna protagonizou com Nigel Mansell a chegada mais acirrada da história da Fórmula 1. Com a lendária carenagem preta, Ayrton ganhou por apenas 0.014 milésimos de segundo.
O resultado foi lamentado pelo inglês, em que sua autobiografia (My Autobiography), escreveu o seguinte: “disparamos como dois atletas de 100 metros rasos. Embora eu tenha ultrapassado ele no meio da reta, ele ganhou por 93 centímetros… se a linha de chegada estivesse cinco jardas à frente, eu teria vencido”.
4-) A primeira em Mônaco e a promessa – Mônaco (1987)
Quando começaram os testes para a temporada de 1987, Ayrton sacou que a Lotus, mesmo com os potentes motores Honda, não conseguiria competir de igual com as Williams. De acordo com o livro Ayrton – O herói revelado, de Ernesto Rodrigues, o brasileiro falou para Yoshitoshi Sakurai, chefão da empresa japonesa, que seria impossível vencer o título, mas que poderia ganhar as corridas de rua – Detroit e Mônaco.
Com uma exibição segura, Senna conseguiu o que quase fez três anos antes e venceu pela primeira vez nas ruas do principado mais famoso do mundo – depois dessa vieram outras cinco vitórias, superando o recorde do inglês Graham Hill.
Para completar, Ayrton cumpriu a promessa feita para Sakurai. Na corrida seguinte, ganhou o GP dos Estados Unidos, disputado em Detroit.
5-) A recuperação para o título – Japão (1988)
Como o regulamento da época previa o descarte dos cinco piores resultados de cada piloto fossem descartados, Senna e Prost, agora companheiros de McLaren, disputaram ponto a ponto o título da temporada. Caso a pontuação fosse como é atualmente, sem descartes, o francês teria se sagrado campeão sem grandes dificuldades.
Desta forma, Ayrton chegou ao GP do Japão, o penúltimo da temporada, precisando de uma vitória para conseguir o tão sonhado título mundial. Mas a corrida começou mal para o brasileiro, que errou na largada, e viu 14 carros o ultrapassarem. Agressivo como nunca, em apenas 11 voltas já estava em terceiro, porém ainda longe de Prost.
Como lembrou Reginaldo Leme em seu depoimento para o filme Senna, uma fina garoa caiu sob Suzuka, o que foi suficiente para que o brasileiro diminuísse drasticamente a vantagem do francês até o ultrapassá-lo, no giro 28, garantido o resultado que lhe sagrou campeão do mundo pela primeira vez.
6-) O começo – de verdade – da rivalidade com Prost – San Marino (1989)
Apesar de Senna ter ficado com o título em 1988, o que poderia gerar ciumeira com Prost, a rivalidade entre os dois pilotos só surgiu, de fato,  no Grande Prêmio de San Marino do ano seguinte.
Para evitar problemas, os dois pilotos da McLaren fizeram um pacto: não se atacariam nas voltas iniciais de uma corrida e a primeira vez que isso seria colocado em prática seria em Ímola. Na largada, Senna, que saiu na pole position, manteve a primeira posição, com Prost, em segundo. Mas na terceira volta, Gerrard Berger, da Ferrari, bateu forte na Tamburello – a mesma que mataria Ayrton anos depois – o que forçou a paralisação da prova.
Na relargada, Prost levou a melhor e assumiu a liderança, mas na curva Tosa – a primeira com características para ultrapassagens do autódromo – aproveitou a freada, recuperou a liderança, quebrando o “pacto de não-agressão”. A partir daquele momento, os dois nunca mais se bicaram, a o francês deixaria a McLaren – como campeão – no final da temporada.
7-) A vingança – Japão (1990)
Senna devolveu em 90, a batida de Prost do ano anterior
Senna devolveu em 90, a batida de Prost do ano anterior
Em 1989, no GP do Japão, Prost jogou o seu carro propositalmente no de Senna, já que se nenhum dos dois terminasse a prova, o francês ficaria com o título. Apesar do brasileiro ter conseguido voltar para a pista e de ter cruzado em primeiro lugar, foi desclassificado e viu o seu rival ser tricampeão.
No ano seguinte, a situação era bem semelhante, mas com uma grande diferença – Senna seria o beneficiado em caso de abandono duplo.
Como de costume, Senna era o pole, enquanto Prost, agora na Ferrari, sairia em segundo. Durante o final de semana, o piloto da McLaren reclamou bastante da posição do grid, que segundo ele, prejudicava o primeiro colocado, que não tinha preferência na curva – era a senha do que aconteceria.
Beneficiado, o francês largou melhor e assumiu a dianteira, mas Ayrton não fez muita questão de tirar o pé. Resultado: pancada feia dos dois, que pararam na brita e bicampeonato do brasileiro. Após a manobra, a caminho dos boxes, Senna respondeu apenas o seguinte: “eu avisei sobre a posição de largada”.
Apesar de boa parte do circo ter condenado tal atitude, algumas pessoas importante também culparam Prost pelo acidente. James Hunt, campeão mundial de 1976, na época comentarista da BBC, argumentou que o francês deveria ter previsto a ação de Senna, uma vez que somente ele (Prost) tinha o que perder.
8) Sem marcha, mas com a vitória- Brasil – 1991
A primeira vitória no Brasil foi sofrida
A primeira vitória no Brasil foi sofrida
Bicampeão mundial, já considerado um dos melhores pilotos da história, só faltava uma coisa na carreira: vencer diante da torcida brasileira. E a primeira vitória em um Grande Prêmio do Brasil veio com um enredo digno de um romance, somando arrojo, talento e muita determinação.
Senna saiu na pole e rapidamente abriu grande distância para Riccardo Patrese até que na 65ª volta, a terceira e quarta marcha da McLaren não engataram. Pouco tempo, foi a vez da quinta falhar. Assim, o que seria um triunfo tranquilo, ganhou ares de drama, com o italiano da Williams se aproximando.
Mesmo assim, o brasileiro, com um esforço acima da média, conseguiu cruzar a linha de chegada em primeiro. O cansaço era tamanho, que ele sequer conseguiu dar a “volta da vitória”, estacionando o seu carro logo depois de receber a bandeirada.
No livro Ayrton – O herói revelado, Nuno Cobra, preparador físico do brasileiro, creditou a vitória ao condicionamento físico dele. “O Ayrton tinha condição para ficar cansado. Essa era a diferença. O cara que não tem condição, alivia o pé do acelerador e termina a corrida inteirão”, disse.
9) – Com um Leão no cangote – Mônaco – 1992
A histórica disputa com Mansell em Monte Carlo Foto: Reprodução/Youtube
A histórica disputa com Mansell em Monte Carlo Foto: Reprodução/Youtube
A temporada de 1992 foi um verdadeiro suplício para Senna. Sem condições de brigar com as Williams, chamadas por ele mesmo de “carros de outro planeta”, o brasileiro, que ainda teve de conviver com o surgimento de Michael Schumacher, foi apenas um coadjuvante de luxo do título de Nigel Mansell.
Mas os ‘Deuses da gasolina’ tinham preparado um duelo – mano a mano – entre os dois e foi em um lugar onde Senna se sentia em casa: as ruas traiçoeiras do principado de Mônaco.
Com o lendário FW 13, Mansell largou na pole e disparou na frente, mas restando apenas sete voltas para o término da corrida, teve de ir para os boxes, porque um dos pneus estava perdendo pressão. Foi a sorte do tricampeão, uma vez que o inglês voltou do pit stop justamente atrás dele.
Após uma caçada impressionante, Ayrton conseguiu segurar o ímpeto do piloto da Williams, que tentou até a última curva. Gerrard Berger, companheiro de McLaren, resumiu o sentimento de todos ao final do GP: “Ninguém, a não ser Senna, poderia ter vencido naquelas condições. Qualquer um teria cometido um erro”.
10) – A melhor primeira volta da história – Donington (1993)
Apesar de não ter se sido campeão naquele ano, 1993 é considerado por muitos a melhor temporada da carreira de Senna. “Ele guiou muito em 93, teve verdadeiros momento de pura genialidade”, fala Reginaldo Leme no documentário Senna, de 2010.
Com a amada chuva como aliada, Ayrton largou apenas em quarto e antes da primeira curva, viu o austríaco  Karl Wendlinger, da Sauber, lhe tomar a posição. Sem desespero, o McLaren número oito, que parecia estar em outra dimensão, passou seguidamente todos os rivais e terminou a primeira volta já na liderança.
Em entrevista ao programa Top Gear, da BBC, o inglês Martin Brundle, principal rival do brasileiro na Fórmula 3, disse o seguinte: “Se você quer 40 segundos do que era Ayrton Senna como piloto e suas qualidades, basta ver o que ele fez em Donington”
Ao final da corrida, após dar uma volta em todos os rivais, menos Damon Hill, o segundo colocado, Senna, que arriscou ao usar durante boa parte da corrida pneus para a pista seca,  declarou: “Guiar nesse tipo de condição é como apostar, é tomar as melhores decisões e acho que fomos bem nessa aposta”.
Reveses
Como todo piloto, por mais genial que fosse, Ayrton Senna teve sua cota de reveses, seja uma ultrapassagem acachapante de um rival, ou até mesmo um erro grosseiro.
A ultrapassagem genial – Hungria (1986)
Ayrton Senna e Nelson Piquet disputaram o Grande Prêmio da Hungria volta a volta, lutando por cada milímetro do travado circuito de Budapeste. Depois de muito tentar, Piquet conseguiu ultrapassar o piloto da Lotus em uma manobra fantástica, por fora na curva 1, com o seu Williams deslizando em um movimento típico das corridas de rali.
"Foi como um looping em um Boeing 767", definou Jackie Stewart Foto: Reprodução
“Foi como um looping em um Boeing 767″, definou Jackie Stewart Foto: Reprodução
Para Reginaldo Leme, aquele momento marcou a carreira do então jovem Ayrton.“Ninguém jamais parou Senna como Piquet fez naquele dia”, afirmou o jornalista da TV Globo.
O tricampeão mundial Jackie Stewart foi um dos que mais elogiou a manobra de Nelson.“Foi como fazer um looping, em um Boeing 767″, admirou o escocês.
O erro sozinho – Mônaco (1988)
Ayrton Senna sempre será lembrado como o Mr. Mônaco, pelas seis vitórias que teve nas ruas de Monte Carlo, mas poderiam ser sete o números de triunfos.
Em 1988, ano do seu primeiro título mundial, o brasileiro liderava com folga e vinha fazendo volta mais rápida em cima de volta mais rápida, quando na curva que antecede o túnel, errou sozinho e jogou o seu Mclaren no guard-rail.
O troco do Leão – Espanha (1991)
Nigel Mansell sempre foi reconhecido como um dos pilotos mais rápidos de sua geração. Porém, também era um dos mais inconstantes, que lhe rendeu a seguinte definição do seu ex-companheiro de equipe, Nelson Piquet: “ele é um idiota veloz”.
Desta forma, não era raro ver o Leão cometer erros grosseiros em disputas por posição. Entretanto, no Grande Prêmio da Espanha de 1991, ele foi perfeito contra Ayrton Senna. Depois de várias voltas de aproximação, o inglês fez uma ultrapassagem fantástica, ao final da reta principal.
A ultrapassagem de Mansell em Barcelona entrou para a história
A ultrapassagem de Mansell em Barcelona entrou para a história
Esta imagem é uma das mais emblemáticas da temporada de 1991 e praticamente uma prévia do que a Williams iria fazer no ano seguinte.
Resumo da carreira
Nome: Ayrton Senna da Silva
Nascimento: 21/03/1960
Morte: 1/5/1994
GPs – 161
Vitórias – 41
Poles – 65
Melhores voltas – 19
Pódios – 80
Títulos: 3 (1988, 1990 e 1991)
Vice-campeonatos: 2 (1989 e 1993)
Terceiros lugares: 1 (1987)
Quarto lugares: 3 (1985, 1986 e 1992)
Equipes: Toleman (1984), Lotus (1985-1987), Mclaren (1988-1993) e Williams (1994)
Ayrton Senna e Caio Costa

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