Fabricante brasileira está sob pressão para vender seus E-jets
Clarissa Mangueira e Beth Moreira, Agência Estado
A Embraer, a quarta maior fabricante de aviões do mundo, anunciou nesta segunda-feira, 20, durante abertura da Paris Air Show, na França, que três companhias aéreas e duas de leasing encomendaram 39 jatos regionais, totalizando cerca de US$ 1,7 bilhão. Os pedidos incluem ainda opção de compra de outras 22 aeronaves.
A Embraer, sob pressão para vender seus E-jets, à medida que emergem outros competidores, assinou carta de intenções com a Kenya Airways para 10 encomendas firmes do modelo 190 e opções de compra de outras 10 aeronaves. A companhia espera alcançar um acordo definitivo nas próximas semanas, afirmou o presidente de aviação comercial da Embraer, Paulo César de Souza e Silva.
A Air Astana, do Casaquistão, também encomendou dois jatos regionais da Embraer modelo 190 e opções de compra para outras duas aeronaves. O valor total da encomenda pelo preço de lista é de US$ 85,6 milhões.
A GE Capital Aviation Services (Gecas), empresa de leasing e financiamento de aeronaves da General Electric, encomendou dois E-jets, enquanto a Air Lease Corp. pediu cinco aeronaves, o que leva o número total de aeronaves encomendadas desde o ano passado pela companhia para 30.
A Sriwijaya Air, da Indonésia, encomendou 20 aviões modelo 190 e opções de compra para outros 10. O valor total do negócio a preço de lista é de US$ 856 milhões e pode alcançar US$ 1,28 bilhão se todos os direitos de compra forem exercidos.
Demanda mundial
A Embraer estima que a demanda mundial de transporte aéreo, medida em passageiro-quilômetro transportado (RPK), crescerá a uma taxa média anual de 5,2% até 2030, quando o volume de tráfego atingirá 13 trilhões de RPK. A projeção faz parte do relatório sobre perspectivas para a demanda de aeronaves comerciais com capacidade de 30 a 120 assentos para o período 2011-2030 divulgado nesta segunda-feira.
Segundo a empresa, enquanto a indústria continua se recuperando da crise financeira de 2008, algumas regiões estão liderando a retomada do crescimento e devem emergir como grandes forças econômicas. "A desaceleração foi forte, mas a recuperação está sendo mais rápida do que o esperado", afirma a companhia.
A previsão é de que nos próximos 20 anos, o mercado chinês registrará o maior crescimento, com uma taxa anual média de 7,5%, seguido pela América Latina (7,2%), Oriente Médio (6,9%), Ásia Pacífico (6,1%), Comunidade dos Estados Independentes CEI (5,9%) e África (5,4%). "Em regiões com economias mais desenvolvidas, como América do Norte e Europa, a demanda será menor (3,5% e 4,4%, respectivamente), devido à maturidade destes mercados e a uma recuperação econômica mais lenta", explica.
Novos jatos
A Embraer prevê demanda mundial de 7.225 novas entregas de jatos no segmento com capacidade de 30 a 120 assentos para os próximos 20 anos. Estima-se que o valor de mercado equivalente seja de US$ 320 bilhões. Deste total, 3.125 jatos deverão ser entregues entre 2011 e 2020 e outros 4.100 entre 2021 e 2030.
A companhia detalha que o segmento de aviões de 50 assentos está sendo pressionado pelos preços do combustível e pelas tarifas aéreas reduzidas. No entanto, ressalta, estas aeronaves ainda são essenciais para a alimentação dos principais aeroportos nos Estados Unidos e auxiliarão progressivamente o desenvolvimento da aviação regional em locais como CEI, África e América Latina.
O segmento de 61 a 120 assentos, segundo a Embraer, tem oferecido flexibilidade e melhoria de eficiência às empresas aéreas, por meio do ajuste da oferta de assentos de jatos maiores, substituição de aviões mais antigos, desenvolvimento de novos mercados e crescimento da oferta de assentos nos mercados de jatos regionais.
A fabricante brasileira estima ainda que a frota mundial de jatos com capacidade de 30 a 120 assentos aumentará de 4.225 aviões em 2010 para 8.060 em 2030. "Durante este período, 53% das novas entregas (3.835 jatos) serão introduzidas para sustentar o crescimento do mercado, enquanto 47% (3.390 jatos) substituirão aviões mais antigos", afirma. A empresa estima que em 2030, 835 jatos da frota atual (20%) ainda estarão operando. As informações são da Dow Jones.
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