segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Renault Nissan: expansão no PR e fábrica no RJ

Carlos Ghosn e a Presidente Dilma
Redação AB, com Agência Estado 
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Agora é oficial: o presidente mundial da Aliança Renault Nissan, Carlos Ghosn, confirmou à presidente da República, Dilma Rousseff, os novos investimentos bilionários que as empresas associadas farão no Brasil. Em encontro com Dilma no sábado, 1º, Ghosn adiantou detalhes dos anúncios que fará no decorrer desta semana. Na próxima quarta-feira, 5, ele divulgará detalhes da expansão do Complexo Ayrton Senna, em São José dos Pinhais (PR), e no dia seguinte irá para o Rio de Janeiro anunciar oficialmente a construção de uma fábrica da Nissan em Resende (RJ). Logo após o encontro com Dilma, o executivo concedeu uma rápida entrevista coletiva, quando confirmou os dois investimentos, mas sem revelar mais pormenores. “Hoje foi uma oportunidade para mostrar à presidenta nossa visão sobre o mercado automobilístico mundial e a importância do Brasil na estratégia da Aliança Renault Nissan, com nossa determinação em investir no País para contribuir mais com o desenvolvimento do mercado brasileiro, que nós consideramos significativo para os próximos anos”, disse Ghosn.

O presidente da Aliança reafirmou que a ambição das duas marcas é abocanhar 13% do mercado brasileiro até 2016, sendo cerca de 8% para a Renault e 5% para a Nissan – hoje a participação da marca francesa é de 5,5% e da japonesa de 1,65%. Levando-se em conta que muitos analistas apostam em um mercado de 5 milhões de veículos/ano no período citado por Ghosn, significa que, em números, a ambição é de vender aqui cerca de 650 mil unidades, 400 mil Renault e 250 mil Nissan.

Não por acaso, são justamente esses os números projetados para os dois investimentos: a fábrica paranaense da Renault investiria R$ 1,5 bilhão para aumentar sua capacidade de 250 mil unidades/ano para além das 300 mil, chegando gradualmente às 400 mil; e a nova fábrica fluminense da Nissan teria capacidade inicial de 200 mil veículos/ano, em um investimento estimado em US$ 1,5 bilhão que sugere o aumento rápido desse volume.

O Brasil atualmente é o terceiro maior mercado para a Renault no mundo, e pode chegar à segunda posição este ano, perdendo apenas para a França. Para a Nissan, porém, o País ainda figura apenas como um mercado em potencial. “O objetivo é manter o Brasil como mercado estratégico para Renault, mas também permitir que Nissan contribua mais para desenvolvimento do mercado brasileiro”, disse o executivo. 
Calos Ghosn, presidente da Aliança Renault Nissan, explica os planos de investimento na entrevista coletiva no Palácio do Planalto, em Brasília, logo após encontro com a presidente Dilma Roussef. Ao lado de Ghosn, o governador do Paraná, Beto Richa (à esq.), o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante (à dir.), e o governador do Rio, Sergio Cabral: interesses em comum. (foto José Cruz/ABr)

Além dos governadores Beto Richa (Paraná) e Sergio Cabral (Rio de Janeiro), também esteve presente, tanto no encontro com Dilma como na entrevista coletiva, o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante. Uma presença emblemática, já que Ghosn falou em investimento em tecnologia no País e, na semana passada, chegou a circular na imprensa a informação de que a Nissan talvez produzisse até carros elétricos na fábrica de Resende.

Durante a entrevista coletiva no Palácio do Planalto, Mercadante confirmou que a presidente Dilma pediu um estudo sobre a viabilidade da participação de carros elétricos na matriz de transporte brasileira. “Ainda não há decisão de governo”, disse. Renault e Nissan têm posição adianta em relação ao desenvolvimento de carros elétricos e ambas já têm modelos prontos para o mercado.

Ghosn confirmou que ambas as companhias pretendem aumentar o porcentual de conteúdo nacional tecnológico nos veículos das duas marcas. “Pretendemos investir no desenvolvimento tecnológico não só do flex fuel, mas também de carros elétricos e híbridos”, afirmou. “Nós consideramos o Brasil um dos mercados mais estratégicos não só em desenvolvimento de quantidade, mas também de tecnologia”, concluiu.

Segundo fontes do governo do Paraná, está prevista no plano de investimento da Renault no Estado a criação de um centro de engenharia e desenvolvimento completo dentro do complexo de São José dos Pinhais, onde as intenções de Ghosn poderão ser levadas adiante.

Mercadante avaliou que as duas companhias estão sintonizadas com o que deve ser a relação do Brasil com as montadoras automotivas. “Queremos aqueles que vêm para ficar. Para disputar o mercado, mas gerando desenvolvimento, emprego e tecnologia”, afirmou. “São investimentos de grande porte, que mostram o potencial do mercado brasileiro, que é hoje um dos principais da indústria automotiva internacional.”

Potencial e lucro

Mercadante sublinhou as afirmações de Ghosn: “O presidente da Renault Nissan disse que o Brasil tem hoje 250 veículos para cada mil habitantes. Na União Europeia, essa relação é de 580 por mil habitantes e, nos Estados Unidos, de 800”, comparou. “Olhando as condições macroeconômicas do País, a perspectiva de vendas de veículos é muito promissora”, acrescentou.

O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, destacou a posição do Brasil como quarto maior mercado consumidor de veículos do mundo, perdendo apenas para Estados Unidos, China e Japão. “Acredito que os investimentos são uma relação de valor recíproco: uma grande marca de um lado e do outro, a grande marca Brasil.” Para ficar com a fábrica da Nissan, que era disputada por pelo menos quatro Estados, o governo fluminense preparou um generoso pacote de incentivos fiscais, que inclui o deferimento do pagamento de parte significativa do ICMS e a transformação dessa dívida em títulos recebíveis que poderão ser comprados preferencialmente pela própria Nissan, com grande desconto.

Ghosn garantiu que a lucratividade das montadoras no Brasil não apresenta nenhum porcentual “excepcional” ante a média obtida pelo grupo nos demais países onde atua. Segundo ele, as margens da Nissan, inclusive, estão abaixo da média, enquanto as da Renault, um pouco acima, mas “nada significativo”. “O Brasil é um País atrativo para investimentos, mas não acho que nenhuma montadora está obtendo lucratividade muito alta em comparação com Rússia, China e Índia”, disse.

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