domingo, 14 de agosto de 2011

Após três vitórias, Pietro Fittipaldi é bom mesmo?

Fonte: World of Motorsports


Pietro Fittipaldi ganhou na noite deste sábado, dia 13, a terceira corrida da carreira na Nascar, no autódromo de Hickory, na Carolina do Norte.
Voltando ao Pietro, essa terceira conquista o deixou 18 pontos na liderança do campeonato, faltando apenas quatro corridas para o final da temporada e 200 pontos em jogo. Cada posição na pista vale dois pontos, portanto o neto de Emerson pode terminar as próximas corridas oito posições atrás do adversário mais próximo, Tyler Church, e ainda assim levantar a taça.
É muito legal ver que ele pode ser campeão nesse primeiro ano nos Estados Unidos, mas mais do que isso, acho que o grande questionamento aqui é se Pietro Fittipaldi é mesmo bom piloto. Não falo bom para ganhar um campeonato contra 12 meninos e meninas em Hickory, pergunto isso pensando no futuro na Nascar.
Claro que hoje é impossível responder essa pergunta. Se houvesse algum método – de certa forma mágico – que identificasse em um piloto de 15 anos um gene de campeão, certamente as grandes equipes gastariam muito dinheiro para conseguir fazer isso. Apesar de não existir nada assim, há algumas pistas quem levam a uma conclusão.
Na primeira vitória, passou desapercebido que Pietro Fittipaldi é um novato no campeonato em que corre. Isso não tem muita importância, afinal quanto mais na base uma categoria se encontra maior a chance de os pilotos que competem lá não terem grande experiência. Só que entre a dúzia de adversários, só há mais dois novatos além do brasileiro. Se ele está se saindo tão bem contra gente mais experiente ruim não é.
Outra pista é a equipe para qual ele corre: a Lee Faulk Racing. Esse é um time relativamente novo na Carolina do Norte que tem como objetivo se tornar o maior descobridor de talentos da Costa Leste dos Estados Unidos. Parece algo ambicioso, mas eles apostam alto nisso. Para isso, eles possuem regras bem claras no trabalho com os pilotos.
Por exemplo, se você pagar para correr em uma determinada etapa, além de um treino extra na véspera da corrida, tudo o que depender de corrida eles trazem. Ou seja, você vai chegar à pista e vai ver um carro preparado, com uma equipe completa disponível, pneus, combustível, além de um spotter e de um coach. Por outro lado, o seu voo, a hospedagem, macacão, luvas, Hans e etc são sua responsabilidade. Parece óbvio tratar as coisas assim, mas vale lembrar que na Nascar East, no ano passado, a mulher do Miguel Paludo precisou ser spotter dele em uma etapa, porque a equipe não tinha levado funcionários suficientes.







Outro ponto legal da Lee Faulk é a parceria com a equipe Venturini, da ARCA. Embora muita gente ignore essa categoria, ela é interessante porque é a única nos Estados Unidos que permite a um jovem piloto correr em pistas grandes, como Pocono, Daytona, Talladega, Kansas e Michigan. A Venturini é uma equipe de ponta, que geralmente aluga os carros para revelações tanto vindas da base, como Pietro, como as que já têm certo destaque. Não é por acaso que nos últimos anos gente como Joey Logano, Brian Scott e Miguel Paludo, entre muitos outros, pilotaram para eles.
Juntando tudo, Pietro é um novato, que está liderando a temporada de uma categoria pequena de Hickory, correndo por uma equipe grande – e com planos de ser ainda maior – e, além disso, carrega o nome Fittipaldi. Com tudo isso, ainda é impossível dizer se ele realmente é bom.
Por outro lado, é possível chegar a uma conclusão importante: ele está bem encaminhado na carreira. Como ninguém pode responder se um garoto de 15 tem capacidade para ser campeão da Nascar, as equipes resolveram investir em uma coisa chamada desenvolvimento de pilotos. Que não é nada mais que um aumento quantitativo na chance de descobrir um novo talento. Se você investe em três garotos, por exemplo, você tem três vezes mais chances de descobrir um jovem promissor em relação a alguém que apoia só um. É claro que essa é uma explicação muito resumida, mas não é tão mentirosa.





Pietro parece relativamente bem encaminhado nesse processo. Ainda que esteja longe dos olhos dos programas para jovens talentos das principais equipes da Nascar, o garoto parece estar no caminho correto. Em 2012, ele planeja seguir correndo de Late Models, mas agora em toda região Sul dos Estados Unidos, ao mesmo tempo em que se prepara para correr na Nascar East, onde quer ingressar aos 16 anos. O que é o caminho natural para qualquer garoto.
Por fim, há um último indício de que Pietro pode ter mesmo sucesso. É uma comparação com Chase Elliott, piloto de 15 anos da Hendrick na Nascar East. Chase é o motivo de a categoria ter admitido pilotos com menos de 16 anos em 2011. Não que ele seja um novo fenômeno – lembre-se, é impossível avaliar isso ainda –, mas porque o americano é filho de Bill Elliott, campeão da Nascar em 1989 cuja popularidade na época se igualava a de Dale Jr, hoje. Chase tem um currículo excepcional para um garoto de 15 anos assim como Pietro. Da mesma forma que o brasileiro, sempre teve equipamento de ponta por conta do nome da família (embora antes da Hendrick corresse pelo time do próprio pai). A exemplo do brasileiro, tudo o que o americano fizer vai ser alvo de críticas de que ele só consegue devido ao apoio da família e que se fosse um João-ninguém em uma equipe pequena, não teria chances. A resposta de Chase vem na pista. Aos 15 anos, ele é o décimo colocado na Nascar East, com 2 TOP 5 e 5 TOP 10 em nove corridas. Cabe a Pietro, responder da mesma forma. Voltando à pergunta do título, não é possível dizer que Pietro é bom, mas ele está no caminho certo de qualquer estrela do esporte.

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