quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Brasil usa acordo automotivo para pressionar México


Fonte: AGENCIA AUTODATA
Via: Abrac Online




O governo brasileiro decidiu usar o acordo bilateral automotivo para negociar com o México um possível avanço das relações comerciais dos dois países, especialmente em outros segmentos como o do agronegócio. A análise é de fonte a par das negociações ouvida pela Agência AutoData na quarta-feira, 1o.
A informação de que o comércio automotivo Brasil-México – hoje livre de impostos de importação nos dois lados da fronteira – estaria ameaçado foi publicada na coluna Direto da Fonte, da jornalista Sônia Racy, do jornal O Estado de S. Paulo. Nota veiculada na noite da terça-feira, 31, afirma que o Brasil estaria prestes a romper, unilateralmente, o acordo automotivo com o México.
A fonte consultada pela Agência AutoData confirma que o Brasil usou o acordo automotivo como argumento junto ao governo mexicano para alavancar negócios em outros setores, pois em seu entender apenas este segmento está envolvido no comércio bilateral e, hoje, é vantajoso apenas para o México. Mas a fonte acredita que a situação dificilmente chegará ao ponto extremo de fim do acordo automotivo – e também crê que esta informação foi divulgada apenas como tática para pressionar o parceiro.
Para romper seu acordo automotivo com o México o Brasil possivelmente precisaria do apoio dos sócios do Mercosul, o que traria outras implicações. Isso porque hoje o acordo automotivo do México é muito mais com o bloco comercial do que apenas com o País isoladamente – e foi renegociado em conjunto em setembro do ano passado em reunião na sede da Aladi, a Associação Latino-americana de Integração, sediada em Montevidéu, Uruguai, onde se chegou a comum acordo com todos os sócios.
Segundo a publicação mexicana Milênio, as queixas brasileiras foram apresentadas aos representantes mexicanos no último Fórum Econômico Mundial, em Davos, Suíça, encerrado na última sexta-feira, 27 de janeiro. O Itamaraty confirmou reunião do ministro brasileiro das Relações Exteriores com autoridades mexicanas na ocasião.
As queixas brasileiras, segundo o Milênio, teriam sido encaminhadas pela embaixadora mexicana no País diretamente ao presidente mexicano. A resposta do México à ameaça brasileira de cancelamento do acordo automotivo teria sido, de acordo com a publicação, uma possível "divulgação de subsídios ilegais praticados pelo Brasil" no próprio Fórum.
Os ânimos, entretanto, teriam arrefecido por intermédio de chanceler mexicano. Os países teriam acordado retomar negociações em março e estabelecer rapidamente agenda para realização da 3º Comissão Binacional México-Brasil, criada em 2007, em data a ser definida. O último encontro aconteceu em 2009.
A fonte ouvida pela Agência AutoData afirmou que 2008 foi o último ano em que a balança comercial automotiva bilateral foi favorável ao Brasil. Nos últimos três anos o déficit para o lado brasileiro cresceu, devido especialmente à desvalorização do peso mexicano ante o dólar, que inviabiliza exportações de veículos brasileiros para aquele país.
De acordo com o Banco Central brasileiro a taxa de conversão em 31 de janeiro apontava US$ 1 equivalente a 13 pesos mexicanos. E R$ 1 valia 7,5 pesos na mesma data, enquanto no Brasil US$ 1 equivalia a R$ 1,74.
Levantamento da Anfavea indica que o México foi o terceiro maior destino das exportações de veículos brasileiros em 2010, com 74 mil unidades ou 9,6% do total embarcado. Os dados de 2011 não estão disponíveis.
Ampla gama de veículos hoje disponível no mercado interno brasileiro provém do México, isenta de impostos de importação. Os mais recentes são os Nissan March e Versa, que complementam gama da fabricante também composta por Tiida e Sentra. A GM traz o Captiva, a Fiat 500 e Freemont, a Ford New Fiesta e Fusion, a VW o Jetta e a Honda o CR-V.
   

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