quarta-feira, 30 de outubro de 2013

CONVERSA DE PISTA por WAGNER GONZALEZ -


Do início da competição, quinta feira passada, as altitudes variam bastante: do nível do mar em Veracruz - principal porto marítimo - a Morelia, cidade que impressiona pela preservada arquitetura de seus palácios, igrejas e edifícios se subiu a mais de 2500 metros. A atitude dos competidores, porém, varia pouco ou quase nada: a cada final de jornada a confraternização entre os concorrentes e destes com o público local supera o ontem e após sete dias de evento faz esperar um amanhã ainda mais festivo. Sem dúvida existe o grupo dos que lutam pela vitória na classificação geral, mas a grande maioria das duplas quer mesmo é socializar e discutir propostas para garantir a continuidade do evento, que acontece este ano pela vigésima-sexta vez.

Graças a uma combinação de aerodinâmica superior e o motor V-8 o Studebaker Commander é o bicho papão da "Pana". Verdade que os carros de ponta, como os pilotados pelas duplas Gabriel Pérez e Ignácio Rodríguez - que liderava a competição na chegada a Morélia e Hilaire Damiron e Liz Tejada (construído especialmente do zero para a prova deste ano), tem pouco dos originais modelos de 1954. Os motores V8 usam mecânica Nascar, inclusive os famosos carburadores Quadrijet, que tanto sucesso fez nas pistas brasileiras nos bons tempos da Divisão 1, quando Mavericks e Opalas brigavam pelas vitórias.

O dia foi de muito trabalho e novas paisagens: superar a região de Mil Cumbres exigiu trabalho braçal dos pilotos e boa saúde dos navegadores. Esta estrada sinuosa e em subida, daí o nome de mil picos, cobrou também saúde e resistência de carros que por melhor preparados que estivessem não foram construídos para aproveitar as vantagens de um pavimento liso e bom, sem falar na altitude que lembrava motores aspirados das consequências do oxigênio rarefeito. Não é o raro os hotéis locais oferecerem serviços de oxigenação a seus hóspedes...

Como que a lembrar que estamos em terras onde à mesa se servem molhos picantes onde o mais "blandito" faz baiano soltar fogo pelas ventas, as dificuldades aumentaram ainda mais pois a chuva deu novamente o ar e a umidade de sua graça e forçou o cancelamento da última etapa. Só quando a maioria dos carros estacionaram em frente ao Palácio do Governo do Estado de Michoacán,cuja capital é Morélia, as torneiras celestes se fecharam por um"rato".

Nessa altura dos acontecimentos os pilotos e navegadores já confraternizavam nas mesas dos bares e restaurantes instalados sob uma calçada de arcos, arcos que reforçavam a idade desta região que no século XVII já tinha usava um aqueduto, mantido e conservado até hoje. Aliás, impressiona a conservação dos prédios e calçamento locais. Entre "vasos" de água de Jamaica, Orchata, até mesmo uma ou outra margherita e a onipresente tequila, falava-se de como foi o dia "en la ruta" e como garantir que a Carrera Panamericana continue existindo. Muitos já dão sua colaboração como Douglas Hampson (Volvo) e Gustavo Robles (Ford), que competem com seus filhos ou Manuel Montemayor, que corre navega para seu irmão Sérgio a bordo de um Porsche 912 e não vê a hora de participar da "Pana" com um dos seus três filhos,todos eles ainda "bien chiquititos". 

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