Há 75 anos, em 17 de julho de 1945, nascia o primeiro
veículo civil da Jeep, o CJ-2A. O modelo também foi o primeiro a exibir grade
dianteira com sete fendas, marca registrada dos veículos da marca até hoje. O
CJ-2A não teve uma vida tão longa: sua produção durou quatro anos e terminou em
1949. No entanto sua importância histórica é enorme e ele acabou dando origem à
família CJ (abreviação de civilian jeep –
Jeep civil) que seguiu até a década de 1980 e cuja tradição continua viva até
hoje no Wrangler e na Gladiator.
Com 215 mil unidades fabricadas, o CJ-2A se parecia muito
com o Jeep pioneiro, o Willys MB. No entanto, certas características o
distinguiam: a porta traseira que, por sua vez, jogou o estepe para a lateral,
os faróis maiores e a grade com sete fendas, duas a menos que no MB. Ele também
contava com tampa de combustível externa, além de outros itens não incluídos no
antecessor militar. A transmissão T-90 substituiu a T-84 do MB, mas o motor
"Go-Devil" foi mantido. Vários recursos do CJ-2A, como o sistema propulsor,
a caixa de transferência Spicer 18 e os eixos flutuantes (Dana 25 na frente e
Dana 23-2 atrás) foram encontrados em diversos veículos Jeep nos anos
seguintes.
Os anúncios da Willys da época divulgavam o modelo como
um veículo de trabalho para agricultores e trabalhadores da construção. O CJ-2A
podia ser equipado com assentos extras (de passageiro na frente e traseiros),
tomadas de força para implementos agrícolas, guincho, removedor de neve e
outras ferramentas. Outras opções ainda eram espelho retrovisor central, capota
de lona, guincho, elevador hidráulico traseiro, cortador de grama, limpadores
de para-brisa duplos a vácuo, lanternas traseiras duplas, aquecedor, degraus
laterais e protetor da escova do radiador.
O CJ-2A ainda tem mais um destaque em seu currículo. Ele
deu origem à extensa família CJ, veículos off-road de carroceria compacta,
construídos e vendidos por várias gerações sucessivas da Jeep por mais de 40
anos (de 1945 a 1986). Em 1949 foi introduzido o segundo membro da linhagem, o
CJ-3A, que passou a ter para-brisas de peça única e eixo traseiro mais forte,
mantendo o motor original, de quatro cilindros com cabeçote em L.
O modelo foi atualizado em 1953, tornando-se o CJ-3B. Um
ano depois, começou a ser montado em São Bernardo do Campo (SP) pela
Willys-Overland do Brasil. Tinha grade frontal e capô mais altos que o
antecessor militar, a fim de acomodar o novo motor de quatro cilindros
Hurricane. O CJ-3B permaneceu em produção até 1968 e um total de 155.494
unidades foram fabricadas nos Estados Unidos.
Em 1953, a Willys-Overland foi vendida para Henry J.
Kaiser por US$ 60 milhões. A Kaiser Company iniciou um extenso programa de
pesquisa e desenvolvimento que ampliaria a gama de produtos Jeep. Dois anos
depois, a companhia introduziu o CJ-5, baseado no M-38A1 de 1951, usado na
Guerra da Coreia. Em relação ao CJ-3B tinha distância entre eixos e comprimento
total maiores.
Além disso, melhorias no motor, eixos, transmissões e
conforto fizeram do CJ-5 um veículo ideal para o crescente interesse do público
em veículos off-road. As linhas de estilo eram mais suaves, incluindo contornos
arredondados da carroceria. Mais de 600 mil unidades foram contabilizadas até o
final da produção em 1983, um dos maiores sucessos da marca Jeep. No Brasil, o
CJ-5 foi fabricado de 1957 a 1982. Houve também o CJ-6, com entre eixos
alongado (2,56 m), introduzido em 1956 e produzido até 1975. Quase idêntico ao
CJ-5, ele podia ter quatro portas e entre os brasileiros, ganhou o apelido de
“Bernardão”, em referência à cidade paulista onde era fabricado.
Nos 16 anos de propriedade da Kaiser, fábricas foram
estabelecidas em 30 países e veículos Jeep foram comercializados em mais de 150
nações. Em 1965, o novo motor V6 Dauntless foi introduzido como opção tanto para
o CJ-5 quanto para o CJ-6. Com 155 cv, quase dobrou a potência do propulsor
padrão, de quatro cilindros. Foi a primeira vez que um Jeep CJ pôde ser
equipado com um V6.
Em 1970, a Kaiser Jeep foi adquirida pela American Motors
Corporation (AMC). Os veículos com tração 4x4 estavam mais populares do que
nunca. Em 1978, a produção total de veículos Jeep chegaria a 600 veículos por
dia – mais de três vezes a produção no início da década. A partir de 1973,
todos os CJs tinham motor V8 da AMC, de 5 litros ou 5,9 litros. O CJ-5 e o CJ-6
receberam ainda eixos mais robustos, freios maiores e bitola mais larga.
A primeira grande mudança no design da Jeep em 20 anos
veio em 1976, com o CJ-7. A distância entre eixos era 25 cm maior que o CJ-5 a
fim de permitir espaço para uma transmissão automática. Pela primeira vez, o
CJ-7 ofereceu teto de plástico moldado e portas de aço como opcionais. O CJ-7
com entre eixos de 2,37 m e o CJ-5 com 2,12 m foram produzidos até 1983, quando
a demanda pelo modelo maior deixou a AMC sem escolha a não ser descontinuar o
CJ-5, após 30 anos de produção.
O Scrambler, introduzido em 1981, era semelhante ao
CJ-7, mas com maior distância entre eixos. Conhecido internacionalmente como
CJ-8, estava disponível nas versões com teto removível ou com capota. Menos de
30 mil Scramblers foram fabricados até 1985, tornando-os extremamente populares
entre colecionadores.
O Jeep CJ-7 foi substituído em 1986 pelo Jeep Wrangler, que trouxe mais tecnologia preservando o estilo tradicional, para seguir na mesma trilha. O modelo segue evoluindo no mercado até hoje,
estando na quarta geração. Vale lembrar ainda que o CJ-8 tem na nova picape Gladiator uma digna herdeira, desde 2018.
O Jeep CJ-7 foi substituído em 1986 pelo Jeep Wrangler, que trouxe mais tecnologia preservando o estilo tradicional, para seguir na mesma trilha. O modelo segue evoluindo no mercado até hoje,
estando na quarta geração. Vale lembrar ainda que o CJ-8 tem na nova picape Gladiator uma digna herdeira, desde 2018.
No total, foram produzidos mais de 1,5 milhão de veículos
CJ, mantendo não apenas o estilo básico de carroceria por 40 anos desde que
apareceu pela primeira vez, como também a capacidade off-road e o espírito de
liberdade.
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