quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Coluna do FERNANDO CALMON


Fernando Calmon
Livre concorrência para placas padrão Mercosul

Um dos maiores imbróglios de todos os tempos envolvendo a frota brasileira de veículos foi a implantação da nova Placa de Identificação Veicular (PIV) no padrão Mercosul. O assunto remonta a 1994, mas só em 2014 os quatro países fundadores do bloco – Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai – constataram que as combinações alfanuméricas possíveis estavam se esgotando.


Nunca se entendeu muito bem como se criou aqui, décadas atrás, a combinação de três letras e quatro dígitos. Afinal, são apenas 10 dígitos e 26 letras (incluídas K, W e Y). Se houvesse a lógica combinação de quatro letras e três dígitos, como é agora e em vários países, o problema não aconteceria, pois permite 450 milhões de combinações. A frota brasileira circulante atual está estimada em cerca de 45 milhões de veículos (incluídos caminhões e ônibus) e 15 milhões de motocicletas e motonetas (scooters). Outros 40 milhões viraram sucata ou foram desmanchados.

Em 2016, os carros novos emplacados nos países de língua espanhola começaram a implantar a nova PIV, mas apenas para veículos zero-quilômetro, e assim se mantêm até hoje. O Brasil quis acrescentar nomes dos municípios e brasões de Estados e cidades. Isso elevaria o preço porque, em vez de uma simples plaqueta, o proprietário seria obrigado a trocar a placa inteira toda vez que mudasse de cidade. Felizmente, essa aberração foi descartada. Só que voltou, em parte...

Em 2018, com dois anos de atraso, o Rio de Janeiro começou com o novo padrão Mercosul, seguido por outros dez Estados; a partir do dia 31 deste mês, todos os demais. Mas, ao se mudar de município a PIV antiga terá de ser trocada. Porém, isso ocorrerá apenas uma vez, enquanto na proposta anterior, cada troca de município exigiria novas placas.

Outra polêmica se formou quando o Governo Federal, quase em cima do prazo fatal, dispensou dois elementos de segurança das placas Mercosul: ondas sinusoidais e efeito difrativo, que é o brilho no acabamento das letras e números quando iluminados. O governo alegou que encareceriam o produto pelo pagamento de direitos aos detentores da tecnologia.

A Associação Nacional dos Fabricantes de Placas de Identificação Veicular, que representa mais de 3 mil pequenas e médias empresas, distribuiu no último dia 23 um comunicado assinado pelo seu presidente, Cláudio Roberto Gaiewski Martins. Ele garante que “nenhuma empresa nacional pagou royalties sobre os itens excluídos, que causariam sobrepreço nas placas veiculares”.

“Com relação à prática de preços mais altos ao consumidor, especificações previstas anteriormente não alteravam em nada o custo das placas veiculares. O que se observou foi um aumento no custo final aos consumidores pela admissão de diversos atravessadores na cadeia produtiva e de comercialização, com acréscimo de até 350% do valor da placa quando sai da fábrica. Por essa razão, a placa ora implementada tornou-se muito mais cara que a do padrão Mercosul inicialmente previsto”, a nota acrescenta.

Se, de fato, as novas especificações nada teriam acrescentado aos custos anteriores, estes 350% podem cair rapidamente com a livre concorrência que os governos estaduais estão obrigados a implantar.


ALTA RODA

MOTOR 1,4 turbo de 150 cv e 25,5 kgfm garantem ao Volkswagen Polo GTS grande agilidade. Suspensões estão bem acertadas e interior foi cuidado em detalhes. Eletrônica de bordo com itens importados e caros, além do câmbio automático, ajudam a subir o preço para salgados R$ 99.470 (com opcionais, R$ 103.440). Em geral, tais configurações representam só 3% das vendas.


DEPOIS de quatro anos, o Kia Rio estreia aqui por R$ 69.990 a 78.990. Motor 1,6 de 130 cv é o mesmo do HB20, mas o “primo” mexicano é mais espaçoso internamente (um de seus pontos altos), tem ótimo porta-malas de 325 litros e transmite sensação de solidez. Todo o conjunto é silencioso, mas volante não tem regulagem de distância. Acabamento é correto, porém simples.

NOVO Chevrolet Onix hatch Premier impressiona pelos equipamentos oferecidos. De assistência ao estacionar ao carregamento de celular por indução e roteador para internet. Depois de ajustes no motor, após o caso do incêndio, resposta ao acelerador ficou ligeiramente mais lenta. Ganhou espaço interno, mas o tanque e o porta-malas diminuíram: 10 e 14 litros, respectivamente.

KBB, site especializado em precificação de carros, apontou fato incomum no ranking de depreciação de modelos com um ano de uso em 2019. Toyota Hilux foi o único a valorizar: 0,55%. Depois, Peugeot 3008 (-1,49%) e VW Golf (-3,41%). Entre os mais desvalorizados, dois fora de linha: Ford Focus hatch (-28,1%) e Fiat Weekend (-27,8%).

DELPHI, que acaba de ser adquirida pela BorgWarner, anunciou para 2022 um novo sistema de injeção direta para motores a gasolina com nada menos de 500 bares de pressão. É 100 vezes maior que na injeção indireta, ainda a mais comum na frota circulante mundial. A maior vantagem é reduzir a praticamente zero a emissão de material particulado.


PERFIL

Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).
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