segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Magneti Marelli já pensa até em exportar de Goiana

Paulo Ricardo Braga, AB
www.automotivebusiness.com.br

“Estaremos no site da Fiat em Goiana ou próximo dele, como for melhor”, assegura Flávio Gussoni (foto), diretor comercial da Magneti Marelli na área corporativa, que ainda avalia as linhas de componentes que poderão ser produzidas em Pernambuco ou enviadas por unidades de outras partes do Sudeste. “O volume de encomendas para a produção dos carros será atrativo e podemos pensar, também, em exportar peças a partir de lá”, explicou.

Para o diretor, a expansão do complexo automotivo não será rápida nem linear, já que a região tem carências importantes na área de insumos, pessoal e tecnologias. “Outros polos padecem do mesmo problema até hoje. Nem mesmo o processo de mineirização terminou”, avalia.

A Marelli teve papel estratégico na caminhada da Fiat para o Nordeste, com a aquisição da TCA, fabricante de chicotes no Brasil e Argentina, que abriu a possibilidade de contar com as benesses fiscais na implantação do polo de Pernambuco. A empresa, segundo Gussoni, é um dos cinco maiores parceiros comerciais da Fiat na região e compra de 36% a 38% da produção nas áreas de injeção eletrônica, amortecedores, faróis, painéis de instrumentos e escapamentos, telemática, navegadores GPS, lanternas, camisas de cilindro, sistemas de suspensão, pedaleiras e módulos e componentes plásticos.

A Magneti Marelli chegou ao Brasil como Weber, fabricante de carburadores do Grupo Fiat, que em 1978 adquiriu uma participação na DFV e iniciou as operações com o nome Wecarbras. Na época a legislação não permitia que empresas com capital 100% estrangeiro se instalassem no Brasil. Mais tarde, na década de 90, adquiriu a tradicional fabricante de amortecedores Cofap – marca que mantém até hoje. Atualmente a Magneti Marelli tem cerca de 8 mil trabalhadores em nove fábricas em Contagem, Itaúna e Lavras, em Minas Gerais; e Amparo, Mauá, Santo André, São Bernardo do Campo e Hortolândia, em São Paulo.

Brasil Maior

Para a Magneti Marelli, que depende em grande parte de tecnologias avançadas na área de eletrônica, o Plano Brasil Maior traz iniciativas importantes, como a fundação da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), proposta por Aloizio Mercadante, ministro da Ciência e Tecnologia. A iniciativa pode ser uma das respostas à necessidade crescente de inovação na indústria automobilística. Gussoni, no entanto, entende que o grande desafio a equacionar é a formação de pessoal para atender os novos programas que vão surgir.

“Pessoas e tecnologias serão essenciais no processo de inovação que deve levar a indústria automobilística brasileira a novos patamares de competitividade. A universidade desempenhará papel importante nos novos ciclos de desenvolvimento, na formação de profissionais e na criação de tecnologia de ponta, possivelmente ao lado de empresas e instituições de pesquisa”, analisa. Ele pondera que as atuais parcerias são “fracas”.

“Sozinhas as empresas da cadeia de suprimentos automotivos não terão condições de avançar em tecnologias sensíveis, que demandam grande volume de recursos e pessoal especializado. Será necessário compartilhar essa experiência”, define.

“Os recém-formados estão longe de atender nossas necessidades na área de engenharia e projeto. São necessários cinco anos para um profissional estar capacitado para atuar em programas importantes”, assegura. Para ele, o setor deve evitar uma guerra na disputa por especialistas.

Embrapii

O ministro Mercadante e o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, assinaram na quarta-feira, 3, acordo para a fundação da Embrapii, inspirada no Instituto Fraunhofer, da Alemanha. O objetivo é que a empresa firme parcerias e credencie instituições de pesquisa e tecnologia.

Os centros credenciados deverão trabalhar principalmente com pequenas e médias empresas para desenvolver projetos de inovação. A instituição terá gestão privada e funcionará com recursos do governo, de centros de pesquisa e de companhias. O acordo entre o MCT e a CNI prevê que um grupo de trabalho faça o projeto piloto da Embrapii.

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