Wagner Gonzalez |
F-1 chega à Rússia em clima de guerra fria
A transferência de Kimi Räikkönen para a Sauber no final
da temporada ainda não foi completamente digerida pelos fãs de Sebastian Vettel
e, pior, segue provocando comentários sobre o clima dominante na Ferrari. Nesse
clima de guerra fria Lewis Hamilton é quem tira o maior proveito e,
provavelmente, nem acompanha o surpreendente progresso de Mick Schumacher,
filho do hepta-campeão mundial, que de um momento para o outro foi convertido
na próxima grande promessa a desembarcar na F-1, categoria onde Ross Brawn quer
ver a padronização do sistema de transmissão.
Ainda não foi negado, nem confirmado, que a transferência de Kimi Räikkönen para liderar a segunda fase do renascimento da equipe Alfa Romeo Sauber signifique que a contratação do finlandês tenha incluído a compra de parte do time de Hinwill. O máximo que Frédéric Vasseur, o diretor-executivo da escuderia suíça e arquiteto desse plano, admite é que a vinda de Räikkönen não tem nada a ver com o fornecimento de motores Ferrari e que a negociação para fechar o contrato durou apenas quatro dias.
No fim de semana Vasseur também adiantou que a vaga de segundo seria disputada entre o sueco Marcus Ericsson e o italiano Antonio Giovinazzi, que esta manhå foi confirmado para a temporada de 2019 e em Sochi participará da primeira sessão de treinos livres pilotando o carro de...Ericsson. Lando Norris, já confirmado para substituir o belga Stoffel Vandoorne, terá agenda dupla: também participa desse treino livre e disputa a penúltima etapa da F-2, onde está 22 pontos atrás do líder George Russell, nome cotado para pilotar um dos carros da Williams em 2019.
Líder do campeonato, Lewis Hamilton desembarca em Sochi
com 291 pontos, contra 241 de Sebastian Vettel, outro tetra-campeão mundial em
busca do quinto título. Ainda que muitos discutam sobre qual papel Kimi
Räikkönen vai interpretar na fase final do campeonato, é pouco provável que ele
dificulte a vida do alemão, ele próprio um dos seus maiores adversários nas
últimas provas graças a erros de pilotagem e também pelas estratégias
equivocadas da Ferrari. Uma nova atuação desastrada de Vettel e de Maurizio
Arrivabene seriam componentes ideais para uma nova crise típica de Maranello
onde pilotos campeões mundiais deixaram o cockpit vazio antes do final da
temporada, casos de John Surtees (1966) e Alain Prost (1991).
O alemão Mick Schumacher é a bola da vez entre os
herdeiros de campeões mundiais da F-1. Sua trajetória pelo kart e pelas
fórmulas de base jamais deram indícios de que suas habilidades estavam acima da
média, muito menos próximo da habilidade do pai, o recordista de títulos
mundiais: 1994, 1995, 2000, 2001, 2002, 2003 e 2004. Em 2017 Mick decidiu
disputar o Campeonato Europeu de F-3, terminando em 12olugar. Este ano repetiu
a dose e nas primeiras quatro rodadas seus melhores resultados foram dois
terceiros lugares.
A primeira vitória na categoria veio na rodada de Spa e
desde então o alemão de 19 anos voltou a vencer sete vezes em 12 corridas,
sequência que provocou comentários ácidos até mesmo do seu maior rival, o
inglês Daniel Ticktum:
“Eu admiro e respeito muito o Mick pelo que ele tem
passado nos últimos nos. Infelizmente eu estou lutando uma batalha perdida já
que meu sobrenome não é Schumacher.”
Batalha ainda longe do fim é a que Ross Brawn vem
alimentando nas últimas semanas em torno do futuro regulamento da F-1. Tal qual
esta coluna abordou na semana passada, a proposta que ganhou espaço esta semana
na imprensa especializada inglesa é uma ideia existe há tempos: a padronização
de equipamentos, no caso atual o sistema de transmissão, nicho onde a Hewland dominou
em cerca de 90% por décadas no século passado. Segundo Brown, o custo de
desenvolver câmbio e diferencial para a F-1 “gira em torno de US$ 5 milhões e
US$ 10 milhões por ano e ninguém nota”.
Padronizar equipamento é uma prática consagrada na
indústria automobilística: no mercado nacional Audi e VW têm várias peças em
comum, assim como modelos da Renault e Nissan; a japonesa Aisin fornece caixas
de câmbio para inúmeras marcas. A adoção de uma transmissão comum certamente
vai beneficiar as equipes menores, mas cabe refletir se aquelas ligadas ou
mantidas por grandes marcas não têm interesse em fabricar seu equipamento com
um olho no desenvolvimento de sistemas que poderão, num futuro breve, migra
para suas linhas de produção.
Stock Car muda calendário novamente
O desenvolvimento e o crescimento do automobilismo estão
diretamente ligados às oportunidades comerciais que ele cria, que seus
promotores saibam explorar e que seus nobres dirigentes saibam conduzir com
seriedade e objetivos claros. Categoria mais importante do País, a Stock Car
brasileira vive uma de suas temporadas mais conturbadas sob a ótica de
organização e profissionalismo: o calendário lançado tardiamente e com locais
em aberto já foi alterado algumas vezes e problemas de segurança nos autódromos
surgem inesperadamente apesar da Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA)
ter um departamento voltado para vistoriar e aprovar as condições de cada
pista.
Pode parecer a maneira mais fácil de tratar o problema
apontar o dedo a um ou outro, mas quando os imbróglios se tornam recorrentes
fica claro que há uma crise de planejamento e gestão que envolve as partes
responsáveis pela promoção e supervisão do campeonato. Há de se reconhecer
algumas tentativas de criar um clima de festa são testadas, como no último
domingo, quando integrantes das equipes foram chamados para formar uma espécie
de corredor polonês para saudar os pilotos que se dirigiam ao pódio. O efeito
funcionou para quem acompanhou pela TV, mas que seria legal se essas
manifestações fossem feitas pelo público que vai aos autódromos, ah, isso
seria.
Ocorre que o público não está sendo respeitado pelos
responsáveis pelo show. O calendário muda ao sabor de decisões inesperadas e
propostas que têm se mostrado mais difíceis de serem assimiladas por quem gosta
do automobilismo de competição não vingam – caso de retornar a etapa da Bahia. Dois
exemplos recentes são a preparação incompleta do autódromo de Goiânia para a
Corrida do Milhão – a prova mais importante da temporada, onde não faltou nem
mesmo um acidente no pit lane durante uma prova preliminar -, e a inesperada
transferência da etapa de Tarumã (pista onde a Stock Car iniciou sua história)
para Londrina.
O motivo alegado para a mudança foi a segurança do
circuito gaúcho, algo que vem sendo discutido há tempos e que parece jamais
terminar. Mais: não falta quem pergunte porque a corrida não foi transferida
para outra pista gaúcha, Santa Cruz do Sul, solução que atenuaria prejuízos dos
profissionais que acompanham a Stock Car pelo Brasil.
Cabe à CBA honrar as taxas que cobra de pilotos e
promotores para conceder carteirinhas e a licença de campeonatos brasileiros e
aplicar normas e procedimentos que sejam praticados e respeitados por todos os
envolvidos. Entre outras coisas serviria para esclarecer porque carros da
categoria Endurance podem correr em Tarumã e os Stock Car, mais lentos, não. Da
Vicar, promotora da Stock Car, devem vir calendários e planejamento mais
consistentes com os valores investidos pelas equipes e patrocinadores. Não
custa nada lembrar que a definição do calendário da categoria implica
diretamente na definição das temporadas regionais, onde seus clientes
potenciais iniciam a carreira esportiva.
Hellmeister se recupera na Itália
O paulista Alan Hellmeister permanece internado na
unidade de terapia intensiva do hospital San Gerardo, em Monza, região
metropolitana de Milão, após o acidente que sofreu ao final da etapa do
Endurance GT disputada domingo no tradicional autódromo italiano. O paulista
sofreu fratura do fêmur e tíbia direitos e tornozelo esquerdo, além de uma
lesão pulmonar menor; seu estado de saúde é considerado estável e não há risco
de vida ou de sequelas. Ainda não foi divulgada a causa do acidente ocorrido na
reta de chegada do autódromo italiano e sabe-se que os organizadores do
campeonato, a equipe responsável pela preparação do Mercedes GT3 da equipe Blau
e comissários da FIA estão investigando o ocorrido: o carro do brasileiro
subitamente foi lançado para o lado direito da pista, chocando-se contra o
guard rail - quando o motor de desprendeu do chassi - e em seguida voltou
rodando para o lado oposto. Ainda não há previsão do traslado de Hellmeister
para o Brasil.
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