Imagens: Ivan Carneiro |
Velocidade. Potência.
Desempenho. Dodge Dart 1970. Acelere. A potência do motor vai se manifestar
logo. Facilidade em arranque. Segurança nas curvas. Direção suave e firme.
Freios fortes, para proteger tôda essa beleza. Essa beleza de linhas retas, de
curvas harmoniosas. De côres modernas. Dodge Dart. Um estilo nôvo de automóvel.
Os muitos anos de experiência da Chrysler. O carro de luxo brasileiro mais
moderno que existe. Dodge Dart 1970.”
Assim começava o texto do catálogo do Dart, o primeiro
automóvel da Dodge produzido no Brasil – a acentuação segue a norma de então da
língua. O lançamento aconteceu há exatamente 50 anos, em outubro de 1969. O
belo sedã de quatro portas que saía da linha de montagem da Chrysler do Brasil
S.A., em São Bernardo do Campo (SP), estava alinhado com o que era fabricado e
vendido nos Estados Unidos, algo então raro e que continuaria sendo na
indústria pelas três décadas seguintes, pelo menos.
Além de ser o maior em deslocamento volumétrico, com
exatos 5.212 cm³ ou 318 polegadas cúbicas, o motor V8 do Dodge Dart era o mais
forte do país, gerando potência de 198 cv a 4.400 rpm e torque de 41,5 kgfm a
2.400 rpm – números de medições brutas, padrão na época. Batizado de Magnum, é
até hoje o recordista em cilindrada para um motor fabricado no Brasil para
carro de passeio. Inicialmente, o câmbio era manual de três marchas. A alavanca
ficava na coluna de direção, dando espaço para um banco inteiriço na frente,
para três pessoas, totalizando seis ocupantes.
Apesar de ser considerado simples nos EUA, o Dart era
requintado para o nosso mercado e um veículo moderno que se destacava em vários
aspectos à parte do design atual e da mecânica poderosa, que o fazia ir de 0 a
100 km/h em 12 segundos, melhor marca para o segmento de luxo. Outros pontos
altos do Dodge eram o conforto e a segurança proporcionados pelo chassi
monobloco e pela suspensão – independente na dianteira.
Alguns itens do Dodge Dart 1970 mostravam requinte
incomum nos carros brasileiros contemporâneos, como o quadro de instrumentos
completo, incluindo hodômetros total e parcial, relógio elétrico e indicadores
de pressão do óleo, carga da bateria, nível do combustível e temperatura do
motor. Também impressionavam detalhes a exemplo de uma luz que acendia em volta
do miolo da ignição por 20 segundos após a abertura da porta, para ajudar o
motorista a inserir a chave no escuro, e as luzes de cortesia no porta-luvas,
porta-malas e compartimento do motor.
Até 1981, o Dodge Dart não apenas foi evoluindo como
gerou modelos derivados, que somaram 93.008 unidades produzidas. Os últimos
exemplares feitos no ABC paulista foram também os últimos no mundo dessa
geração, pois a produção nos EUA e México havia sido encerrada em 1976. Abaixo,
alguns marcos importantes na linha do tempo brasileira do “Dodjão”, como foi
carinhosamente apelidado:
1969 – Em outubro, chega ao mercado o Dodge Dart, já como
modelo 1970, apenas com carroceria de quatro portas. Motor era o V8 de 5,2
litros, o único que impulsionou o Dart em toda sua trajetória no país.
1970 – Lançamento em outubro da versão Coupé, de duas
portas e estilo mais arrojado, sem as colunas centrais e com as colunas
traseiras mais inclinadas.
1971 – A carroceria do Dart Coupé foi a base para os
esportivos Charger LS e R/T, ambos com versões mais fortes do V8, de até 215
cv. A direção hidráulica e o câmbio automático passam a ser oferecidos como
opcionais.
1973 – Com mais de 18 mil unidades vendidas, esse foi o
melhor ano do Dart no mercado nacional. As mudanças feitas na linha 1973 foram
as maiores até o momento, com nova grade dianteira, quadro de instrumentos
redesenhado e o surgimento de duas versões mais refinadas: Gran Coupé e Gran
Sedan.
1978 – Ao final do ano, a linha 1979 trouxe as maiores
modificações na história do modelo. O Dart recebeu dianteira e traseira iguais
às usadas nos últimos anos de produção nos EUA. Já as versões de topo como
Magnum (duas portas), Le Baron (quatro portas) e Charger ganharam uma frente
inteiramente nova, desenvolvida no Brasil pelo designer Celso Lamas. O
Charger trazia as primeiras rodas de alumínio de um automóvel brasileiro de
série, enquanto o Magnum tinha como opcional outra novidade no país: teto solar
com comando elétrico.
1981 – São montados os últimos modelos da linha Dodge no
Brasil – complementada pelo médio Polara e por picapes e caminhões. A
Chrysler do Brasil havia sido comprada dois anos antes pela Volkswagen AG, que
decidiu encerrar as atividades da Dodge, apesar de haver prometido o contrário
logo após a aquisição. A fábrica de São Bernardo foi usada pela marca alemã
para iniciar a operação da VW Caminhões.
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