Wagner Gonzalez |
Acima de males e intempéries
País
com fartura de cores, costumes e pimentas, a etapa do México válida para o
Campeonato Mundial de Fórmula 1 mostrou porque Lewis Hamilton (foto de
abertura/Mercedes) é o melhor piloto da atualidade. Indiferente aos efeitos do
Mal de Montezuma (que, mais uma vez, atacou boa parte do pessoal que trabalha
na categoria) e às consequências da instabilidade meteorológica que marcou os
dois dias de treinos, o piloto inglês demonstrou o completo domínio da situação
e deu-se ao luxo de blefar com os adversários ao emitir mensagens que muitos
interpretaram como verídicas.
Tal como ele queria, não faltou quem acreditasse
que seus pneus estavam desgastados a ponto de ele prever uma segunda parada.
Seu estilo de pilotagem limpo ajudou a evitar esse novo pit stop e a dose de
sorte que acompanha os campeões completaram o cenário de um final feliz.
Se
Hamilton se consolida como o melhor da década, os nomes de seus possíveis
sucessores receberam nova demão de acabamento, alguns para melhor outros nem
tanto. O anglo-tailandês Alex Albon segue na toada de bater Max Verstappen em
resultados, desempenho que coloca questões sobre o que acontece com o holandês.
Charles Leclerc deu mostras que segue aprendendo e sabe enxergar o que pode
melhorar enquanto equipes como a Alfa Romeo, Haas e, principalmente a Williams,
parecem viver o que a Rainha Elizabeth definiu tempos atrás como “annus
horribilis”.
Indiferente
às consequências que a água e a comida mexicanas causam a organismos mais
delicados, Hamilton foi ainda mais forte ao explorar as consequências de dois
de treinos onde a dinâmica de avaliação do desgaste de pneus foi pouco usual.
Não é comum que a chuva impeça a borracha dos pneus da categoria fixar no
asfalto, como aconteceu no fim de semana. Mesmo sem o engenheiro que o
acompanha há sete anos, o inglês soube explorar os compostos mais duros do
final de semana e deixar claro o valor da dobradinha que faz com uma equipe
comandada brilhantemente por Toto Wolff. Aparte do inglês, o australiano Daniel
Ricciardo também apostou nos compostos mais duros e explorou isso a seu favor:
largou em décimo-terceiro e terminou em oitavo
Já
Sebastian Vettel, Charles Leclerc e Valtteri Bottas não exploraram a situação
com a mesma eficiência. O alemão ainda conseguiu chegar em segundo,
distanciou-se de Max Verstappen e se aproximou de Charles Leclerc na tabela de
pontos. Leclerc admitiu que precisa impor sua opinião frente aos estrategistas
da Ferrari (que seguem merecedores de aulas de aperfeiçoamento) enquanto Bottas
conseguiu o mínimo desejado: adiar a decisão do título para, no mínimo o
próximo final de semana. O sonho do primeiro título só chegará vivo a
Interlagos se a diferença para seu companheiro de equipe, atualmente 74 pontos,
diminuir, no mínimo, em 22 pontos. Algo
pouco provável.
Comparado
ao calvário de Max Verstappen na segunda fase da temporada, o finlandês está
bem: é o virtual vice-campeão e segue subindo ao pódio. Desde o GP da Bélgica,
quando Alex Albon assumiu o papel de seu escudeiro, o holandês marcou 39
pontos, contra 58 do anglo-tailandês e ele vem amargando dissabores de forma
consecutiva.
No
último fim de semana tinha a pole position garantida, saiu para melhorar e
ignorou conscientemente uma bandeira amarela no final da prova de
classificação. Foi demovido para o quarto no grid, se enroscou com Lewis
Hamilton na primeira curva, caiu para último e, apesar de uma bela recuperação
que o levou ao sexto lugar (atrás de Albon...), seus erros frequentes maculam o
amadurecimento que se esperava dele. Uma fase de azar ou a postura que visa
romper o contrato com a Red Bull são as explicações mais fáceis para explicar
essa fase.
Nem
por isso a manutenção de Alex Albon na equipe é dada como fato consumado: o
alto comando da equipe emite comentários contraditórios sobre a decisão sobre
seus dois pilotos para 2020, disputa que também inclui o francês Pierre Gasly.
Dado o fato que Charles
Leclerc está em seu segundo ano na categoria o
anglo-tailandês pode ser considerado como a revelação da temporada: um
resultado com direito a pódio é a conquista que lhe falta para consagrar-se
acima da média dos nomes mais jovens na F-1 atual: Lando Norris, Antonio
Giovinazzi, George Russell, Gasly, Leclerc e, por que não, Lance Stroll.
O
resultado completo do GP do México e as posições no campeonato você encontra aqui.
Katja Heim (1960-2019)
Triste descobrir pelo site do Circuito das Américas o
falecimento da alemã Katja Heim. Empresária e Relações Públicas das mais
capazes, Katja era uma das principais executivas do circuito norte-americano e
liderava a KHP Consulting, empresa com escritórios em Abu Dhabi (EAU) Austin
(EUA) e Londres (Inglaterra). Seu sorriso e sua generosidade, suas marcas
registradas nos autódromos e circuitos do mundo inteiro, farão falta
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