Foi no dia 22 de abril de 1979, no autódromo de Tarumã,
no Rio Grande do Sul, que começou, pelas mãos de pilotos abnegados e
apaixonados, a história da Stock Car. Hoje, a principal categoria do
automobilismo brasileiro completa 40 anos de existência, sendo a mais longeva
do país e também da América do Sul.
Durante seus primeiros 15 anos, o personagem da competição foi o Chevrolet
Opala, carro que até hoje desperta suspiros nos apaixonados por veículos e por
competição. Mecânica simples, carro potente. Uma configuração que atraiu
pilotos, preparadores e patrocinadores no início de uma história de evolução
que chega aos dias de hoje, com carros bem diferentes – e ainda mais potentes -
daqueles que largaram em Tarumã há exatos 40 anos.
Muitos daqueles preparadores permanecem hoje na Stock Car, como Rosinei Campos
(o Meinha), Andreas Mattheis, Mauro Vogel e Amadeu Rodrigues. “Eu tinha equipe
no antigo Brasileiro de Marcas, equipe oficial de fábrica, e quando o
campeonato acabou eu passei a fazer a preparação de alguns carros na Stock Car
e também disputei algumas corridas no meio dos anos 1990, quando a categoria já
corria com o Omega. Depois, em 2001, quando o regulamento mudou, os carros
mudaram e foram adotados os motores V8, foi o momento de entrar como equipe”,
lembra Amadeu Rodrigues, da Hot Car Competições, que tem 40 anos de história no
automobilismo e 18 na Stock.
“No começo apanhamos bastante na adaptação, pois o carro era muito diferente do
qual corríamos no Marcas. Então, foi um longo aprendizado. Ter sido uma equipe
de fábrica antes foi muito valioso, nos ensinou a ser uma equipe realmente
profissional. Diferente dos pilotos, que vêm e vão, os chefes de equipe
continuam, felizmente. Claro, há uma nova geração muito boa chegando, com
equipes boas, mas nós continuamos com a nossa força e trabalhando
incessantemente”, declara Amadeu.
Amadeu, Mauro, Andreas, Rosinei... Nomes que acumulam centenas de corridas da
categoria no currículo, e viram uma mudança significativa de status. Antes
considerada uma categoria para pilotos que “se aposentavam”, hoje ela é o sonho
de muita criança começando no kart. “Tivemos, e ainda temos, vários pilotos que
depois de deixarem a Fórmula 1, ou a Indy, ou outras categorias top do
automobilismo internacional, desembarcaram na Stock Car. Mas é um quadro que já
está mudando: temos muitos pilotos jovens”, diz Rodrigues.
O que Amadeu levanta é, na verdade, um dado real. Um terço do grid atual de 28
pilotos tem menos de 26 anos de idade e vários nomes promissores, como Pedro
Cardoso, da própria Hot Car, com 20 anos recém completados.
Além de estar em uma competição de altíssimo nível, uma equipe como a Hot Car
dentro de uma categoria do calibre da Stock Car significa muito mais,
principalmente para os 23 funcionários do time que trabalham todos os dias na
sede da equipe, um galpão de 1.300 metros quadrados localizado em Cajamar, a
poucos quilômetros de São Paulo. “Hoje a gente nem fala mais que é ‘oficina’;
nos profissionalizamos, e o trabalho de todos mantém várias famílias graças ao
esporte. Tudo o que ganhei na minha vida foi com o automobilismo, pilotando ou
fazendo carros. Posso dizer que tenho uma vida tranquila e o time conta com um
alicerce forte”, ressalta.
Uma diferença que se reflete na vida dos colaboradores do time. “Faz três anos
que a Stock Car entrou na minha vida, e entrou de maneira surpreendente. E
fez
uma grande revolução na minha vida, ao agregar conhecimento sobre este esporte
e colocou pessoas maravilhosas no meu caminho”, confidenciou o motorista da Hot
Car, Zaqueu Moreira dos Santos.
“A Stock Car me proporcionou uma vida diferente, que eu não imaginava, e por
algum motivo passei a trabalhar aqui. Só quem vive este mundo da categoria sabe
como é, e não pretendo deixar isso nunca mais”, emociona-se o auxiliar de box
Anderson Moreira Pinto.
“Tudo o que conquistei na minha vida foi graças à Stock Car. Tudo o que faço é
porque eu amo. Corrida a gente ganha, a gente perde, mas continuamos aqui
trabalhando com muita paixão, vontade e determinação”, aponta o mecânico Renato
Ferreira da Silva, dentro da categoria desde 1992.
Na temporada 2019, a do marco histórico dos 40 anos, a Hot Car conta com os
pilotos Rafael Suzuki, de 31 anos, e com o estreante Pedro Cardoso, de 20.
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