quarta-feira, 24 de abril de 2019

Dos preparadores à era da tecnologia, como os "garagistas" contribuíram com a profissionalização da Stock Car


Foi no dia 22 de abril de 1979, no autódromo de Tarumã, no Rio Grande do Sul, que começou, pelas mãos de pilotos abnegados e apaixonados, a história da Stock Car. Hoje, a principal categoria do automobilismo brasileiro completa 40 anos de existência, sendo a mais longeva do país e também da América do Sul.

Durante seus primeiros 15 anos, o personagem da competição foi o Chevrolet Opala, carro que até hoje desperta suspiros nos apaixonados por veículos e por competição. Mecânica simples, carro potente. Uma configuração que atraiu pilotos, preparadores e patrocinadores no início de uma história de evolução que chega aos dias de hoje, com carros bem diferentes – e ainda mais potentes - daqueles que largaram em Tarumã há exatos 40 anos.

Muitos daqueles preparadores permanecem hoje na Stock Car, como Rosinei Campos (o Meinha), Andreas Mattheis, Mauro Vogel e Amadeu Rodrigues. “Eu tinha equipe no antigo Brasileiro de Marcas, equipe oficial de fábrica, e quando o campeonato acabou eu passei a fazer a preparação de alguns carros na Stock Car e também disputei algumas corridas no meio dos anos 1990, quando a categoria já corria com o Omega. Depois, em 2001, quando o regulamento mudou, os carros mudaram e foram adotados os motores V8, foi o momento de entrar como equipe”, lembra Amadeu Rodrigues, da Hot Car Competições, que tem 40 anos de história no automobilismo e 18 na Stock.

“No começo apanhamos bastante na adaptação, pois o carro era muito diferente do qual corríamos no Marcas. Então, foi um longo aprendizado. Ter sido uma equipe de fábrica antes foi muito valioso, nos ensinou a ser uma equipe realmente profissional. Diferente dos pilotos, que vêm e vão, os chefes de equipe continuam, felizmente. Claro, há uma nova geração muito boa chegando, com equipes boas, mas nós continuamos com a nossa força e trabalhando incessantemente”, declara Amadeu.

Amadeu, Mauro, Andreas, Rosinei... Nomes que acumulam centenas de corridas da categoria no currículo, e viram uma mudança significativa de status. Antes considerada uma categoria para pilotos que “se aposentavam”, hoje ela é o sonho de muita criança começando no kart. “Tivemos, e ainda temos, vários pilotos que depois de deixarem a Fórmula 1, ou a Indy, ou outras categorias top do automobilismo internacional, desembarcaram na Stock Car. Mas é um quadro que já está mudando: temos muitos pilotos jovens”, diz Rodrigues.

O que Amadeu levanta é, na verdade, um dado real. Um terço do grid atual de 28 pilotos tem menos de 26 anos de idade e vários nomes promissores, como Pedro Cardoso, da própria Hot Car, com 20 anos recém completados.

Além de estar em uma competição de altíssimo nível, uma equipe como a Hot Car dentro de uma categoria do calibre da Stock Car significa muito mais, principalmente para os 23 funcionários do time que trabalham todos os dias na sede da equipe, um galpão de 1.300 metros quadrados localizado em Cajamar, a poucos quilômetros de São Paulo. “Hoje a gente nem fala mais que é ‘oficina’; nos profissionalizamos, e o trabalho de todos mantém várias famílias graças ao esporte. Tudo o que ganhei na minha vida foi com o automobilismo, pilotando ou fazendo carros. Posso dizer que tenho uma vida tranquila e o time conta com um alicerce forte”, ressalta.

Uma diferença que se reflete na vida dos colaboradores do time. “Faz três anos que a Stock Car entrou na minha vida, e entrou de maneira surpreendente. E
fez uma grande revolução na minha vida, ao agregar conhecimento sobre este esporte e colocou pessoas maravilhosas no meu caminho”, confidenciou o motorista da Hot Car, Zaqueu Moreira dos Santos.

“A Stock Car me proporcionou uma vida diferente, que eu não imaginava, e por algum motivo passei a trabalhar aqui. Só quem vive este mundo da categoria sabe como é, e não pretendo deixar isso nunca mais”, emociona-se o auxiliar de box Anderson Moreira Pinto.

“Tudo o que conquistei na minha vida foi graças à Stock Car. Tudo o que faço é porque eu amo. Corrida a gente ganha, a gente perde, mas continuamos aqui trabalhando com muita paixão, vontade e determinação”, aponta o mecânico Renato Ferreira da Silva, dentro da categoria desde 1992.

Na temporada 2019, a do marco histórico dos 40 anos, a Hot Car conta com os pilotos Rafael Suzuki, de 31 anos, e com o estreante Pedro Cardoso, de 20.

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