Wagner Gonzalez |
A febre dos Japoneses
fãs japoneses da F-1, os mais espontâneos e fervorosos
que a categoria possui ao redor do mundo, têm na volta de um piloto local,
ainda que em apenas uma sessão de treinos, um motivo enorme para produzir um
colorido extra nas arquibancadas de Suzuka. Em nenhum lugar do mundo vendem-se
tantos suvenires da categoria, incluindo o icônico boné azul, com o logotipo do
Banco Nacional usado por Ayrton Senna. Nas tendas locais do circuito situado
380 quilômetros da capital Tóquio pode-se comprar até macacões usados pelos
pilotos,
indumentária que muitos não hesitam em desfilar com ela pelo
autódromo.
A maior responsável por essa febre é a Honda e o seu
programa de competição iniciado na segunda metade dos anos 1980 e que chegou a
movimentar mais de 20 publicações regulares voltadas à categoria ou com
conteúdo majoritariamente
voltado a ela. Não foi a primeira investida da marca
na F-1, mas sem dúvida foi a mais impactante. Eu mesmo dediquei boa parte de
minha passagem pela F-1 a escrever para publicacões nipônicas como as revistas
GPS e Sokuho e jornais como o Sports Nippon e o IPC, este último voltado à
colônia brasileira que naquela época preenchia milhares de vagas em fábricas
variadas.
O programa esportivo da Honda sempre foi igualmente
intenso no Japão, onde a marca participa ativamente do automobilismo local
enfrentando marcas variadas em campeonatos de diversas categorias. A mais
importante nos anos 1990 era a F-Nippon, uma derivação da F-3000 que graças ao
envolvimento dos fabricantes de pneus Brigdestone e Yokohama permitia que os
carros mais rápidos marcassem tempos que garantiriam um lugar destacado no grid
do GP do Japão. A disputa era tão intensa que vários estrangeiros eram
contratados a peso de ouro para competir nos campeonatos mais importantes como
forma de amadurecer para vôos mais altos. Maurizio Sala e Paulo Carcasci, que
em 1991 venceu quatro corridas e sagrou-se campeão da F-3 local, são dois nomes
que
brilharam por lá. Posso afirmar que a recusa de Tarso Marques em aceitar
uma proposta de Flávio Briatore para correr um ano na terra dos samurais
atrapalhou seus planos de consolidar sua carreira na F-1
Nesse processo nunca faltou apoio a pilotos locais e
Satoru Nakajima foi o primeiro a disputar uma temporada inteira na F-1,
estreando pela pela equipe Lotus, em 1987, ao lado de Ayrton Senna, e
acumulando 74 largadas até 1991. Seu filho Kazuki seguiu os passos do pai e disputou
graças à associação da Toyota com a equipe Williams participou de 36 corridas
entre 2007 e 2009.
Apesar dos resultados esparsos e pouco destacados, as
empresas locais continuam apoiando pilotos da casa e o exemplo mais recente é
Naoki Yamamoto, que tem 31 anos e atualmente compete nos campeonatos Super GT e
Super Formula, esta última sucessora da F-Nippon. Atual campeão de ambas, este
ano Yamamoto está em oitavo na primeira e lidera a segunda, resultados que o
colocam mais perto da F-1 que seu compatriota Nobuharu Matsuhita, este ano em
sua terceira temporada na F-2 (cujos carros são a base da Super Formula), mas
ainda não obteve o mesmo destaque.
Matsushita e Yamamoto são apoiados pela Honda, que
fornece motores às duas equipes da Red Bull, mas o último foi é que foi
escolhido para disputar a primeira sessão de treinos livres, sexta-feira pela
manhã. A notícia certamente não é boa para o francês Pierre Gasly, que vai
ceder o carro para o japonês, cujos resultados de 2018 já lhe garantem 50
pontos no sistema de graduação da FIA, cinco a mais que os 40 necessários
para
poder solicitar a super-licença. O piloto francês começou este ano como
companheiro de equipe de Max Verstappen, foi rebaixado para a Toro Rosso e viu
seu substituto Alexander Albon conseguir resultados bem mais expressivos pela
Red Bull. Como ter um piloto japonês na equipe significa pagar menos pelos
motores Honda tal ingrediente significa que Gasly poderá acabar disputando a
segunda vaga da equipe contra o russo Daniil Kvyat
Pelo horário de Brasília os treinos para o GP do Japão
começam na noite desta quinta-feira e seguem o seguinte cronograma:
10/10 – Quinta-feira – Treino Livre 1 – 22:00-23:30
11/10 – Sexta-feira – Treino Livre 2 – 02:00-03:30
12/10 – Sábado – Treino Livre 3 – 00:00-01:00
12/10 – Sábado – Classificação – 03:00-04:00
13/10 – Domingo – Corrida – Largada 02:10
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