Wagner Gonzalez |
O francês Jean Todt, presidente da Federação Internacional
do Automóvel, não se cansa de semear propostas peculiares de padronização no
automobilismo mundial. Se em algumas categorias de base tal proposta pode ter
cores de sensatez, a recente declaração do dirigente em propor a adoção de um
motor que possa ser usado tanto na F-1 quanto em outras modalidades é no mínimo
curiosa. Fatores que vão desde o posicionamento de mercado até as diferentes
demandas de cada categoria podem sucumbir com a possível pasteurização de um
universo que luta para ser a referência em tecnologia de ponta contra fatores
puramente frios e calculistas.
O atual regulamento da F-1 é obra de Todt e demonstra sua
atração pela padronização: desde sua introdução em 2014 é cada vez mais
limitado o número de mudanças no projeto homologado a cada ano. O fato de serem
usados menos motores por carro a cada temporada não reduziu os custos de
produção e desenvolvimento, tampouco tornou a categoria mais equilibrada. A
imposição de um teto de gastos também é outro ponto muito debatido e com poucos
resultados positivos comprováveis.
A ideia de explorar a trilha da economia de escala no que
diz respeito aos motores da F-1 não é nova e, de fato, há exemplos de
padronização, o mais comum deles o que diz respeito ao fornecimento de pneus.
A história mostra que a adoção do motor 3 litros aspirado
criou uma fórmula básica que poderia justificar a proposta de Todt, os
chamados kit cars, proposta que permitiu o surgimento de várias
equipes e corroborou para o crescimento da F-1 no período entre 1967/1990.
Isso
foi alcançado graças à combinação do motor Ford Cosworth, câmbio Hewland,
amortecedores Koni e freios Girling, situação onde os motores Ferrari, Matra e
Weslake e a genialidade de engenheiros como Colin Chapman, Gordon Murray, Mauro
Forghieri, Patrick Head e pilotos como Jack Brabham e Bruce McLaren foram
basilares para evitar a unanimidade que Nelson Rodrigues e ditadores de plantão
atestam como algo burro.
Mais recentemente, no início dos anos 2000, voltou-se a
fecundar a proposta de um motor único e a empresa inglesa de engenharia Ricardo
chegou a ser consultada sobre a possibilidade de fornecer um equipamento padrão
para a categoria. Felizmente a ideia não prosperou: por mais que seja possível
enxergar um viés de racionalidade na defesa dessa proposta, não resta dúvida
que tal caminho seria um atalho para desmistificar ainda mais a aura já
bastante desgastada e marcada por uma restauração de quinta categoria.
Padronizar o coração de um carro de F-1 soa como aproxima-la perigosamente em
uma versão efetivamente internacional da F-Indy.
Em categorias menores justifica-se a adoção de técnicas
de reserva de mercado: longe vão os dias em que as fórmulas 2 e 3 eram
disputadas por marcas de origens e filosofias diversas: quem não se lembra das
disputas entre Ralt e Reynard, Tecno e Matra, Alfa Romeo, BMW, Mercedes,
Renault, Toyota e VW nos grids que ainda tinham espaço para propostas tão
peculiares como o chassi de madeira de um Protos? Atualmente pode-se ver a
homologação de chassis e motores únicos em inúmeras categorias internacionais,
com variações pontuais de acordo com o mercado em questão. Na F-4, por exemplo,
são impostos limites até mesmo nos preços de peças de reposição e revisões
mecânicas.
Por mais que o mundo tenha mudado e a indústria
automobilística adote cada vez mais a adoção de soluções planetárias para
determinados sistemas como caixas de câmbio, airbags e sistemas de
injeção a manutenção do fator “livre mercado” ainda é vital para evitar o mal
do monopólio, doença que acaba com neurônios saudáveis e alimenta o mal maior
destes tempos, o politicamente correto. Salvemos o autoentusiasmo.
Calendário de 2019 pronto para ser anunciado
A Liberty Media já divulgou a relação das 19 datas da
temporada de 2019, que inicia dia 17 de março, com o GP da Austrália e termina
dia 1o de dezembro com a etapa de Abu Dhabi. A relação a seguir deverá ser
homologada no início de outubro pela FIA.
17/03 – Melbourne, Austrália
31/03 – Sakhir, Bahrain
14/04 – Shangai, China
28/04 – Baku, Azerbaijão
12/05 – Barcelona, Espanha
26/05 – Monte Carlo, Mônaco
09/06 – Montreal, Canadá
23/06 – Paul Ricard, França
30/06 – Spielberg, Áustria
14/07 – Silverstone, Inglaterra
28/07 – Hockenheim, Alemanha
04/08 – Budapeste, Hungria
01/09 – Spa-Francorchamps, Bélgica
08/09 – Monza, Itália
22/09 – Marina Bay, Cingapura
29/09 – Sochi, Rússia
13/10 – Suzuka, Japão
27/10 – Cidade do México, México
03/11 – Austin, EUA
17/11 – São Paulo, Brasil
01/12 – Yas Marina, Abu Dhabi
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