sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Bahia quer 10% da produção de veículos leves



Estado traça plano para atrair montadoras e fornecedores

O governador baiano Jaques Wagner está empenhado em surfar na atual onda de investimentos do setor automotivo no Brasil. O objetivo é trazer para o Estado ao menos um décimo da produção de veículos leves até 2016, o que significa fabricar de 450 mil a 500 mil carros por ano – hoje o Estado responde por quase 6% do total de automóveis produzidos no País. "Os investimentos previstos para o setor nos próximos cinco anos beiram a casa de US$ 2,5 bilhões, incluindo-se nessa conta a ampliação e instalação de montadoras de automóveis, motocicletas e fabricantes de componentes", comemora Wagner, que na última quarta-feira, 16, deu mais um passo nesse sentido, ao assinar o protocolo de intenções para a instalação da fábrica da JAC em Camaçari, em um investimento de R$ 900 milhões bancado em 80% pelo empresário Sergio Habib, do Grupo SHC, hoje importador da marca no Brasil (leia aqui).

A fábrica da Ford, já há dez anos em Camaçari, atualmente passa por um plano de expansão que deverá ampliar sua capacidade de 250 mil para 350 mil unidades/ano. Assim não deverá ser difícil para a Bahia atingir os 10% da produção nacional até 2014, pois a unidade da JAC/SHC abrirá as portas em 2014 com potencial inicial de 100 mil veículos/ano em dois turnos, com bastante espaço para crescer – tanto em mais um turno de trabalho como em terreno, pois a planta terá 150 mil metros quadrados em uma área de 5 milhões de metros quadrados. 

Embora Wagner ainda não confirme, a intenção é ir além dos 10% da produção nacional caso suas gestões sejam bem-sucedidas. A fábrica da JAC veio sem os mesmos generosos incentivos tributários concedidos à Ford, mas o governador vem se reunindo frequentemente com integrantes do governo e já pediu à presidente Dilma Rousseff (leia aqui) a reabertura do regime que, entre outros benefícios, praticamente garante a isenção total de IPI para fábricas que quiserem se instalar no Nordeste. 

Além dos incentivos, o governador também conta com o próprio crescimento do mercado nordestino e especialmente do baiano para atrair mais montadoras ao Estado, que hoje responde por um terço da atividade econômica do Nordeste. Habib calcula que somente a capital baiana, Salvador, em breve se tornará o terceiro maior mercado de veículos do País. "Hoje são vendidos 6,5 mil carros por mês na cidade, mas nos próximos anos esse número deverá subir para 14 mil, o mesmo volume do Rio de Janeiro e à frente de Belo Horizonte", projeta o empresário. 

O governo baiano também já dá como certo o anúncio, no próximo mês de dezembro, de um plano de flexibilização da nacionalização de peças e redução do IPI de carros importados para as montadoras que já se decidiram por investimentos em plantas no País. Segundo comunicado distribuído a jornalistas durante a cerimônia que confirmou a fábrica da JAC em Camaçari, "o esboço do regime automotivo já foi apresentado à presidente Dilma Rousseff pelo ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento), que obteve sua aprovação". A ideia, de acordo com fontes próximas às negociações, é adotar prazos para o cumprimento de metas pré-estabelecidas para instalação de fábricas, operações industriais e nacionalização de componentes. Quem cumprir todos os objetivos receberia de volta o IPI recolhido a mais sobre veículos importados de fora do Mercosul e México. 

Mais fornecedores a caminho da Bahia

De olho no movimento de expansão acelerada do setor automotivo na Bahia, alguns fornecedores de componentes e insumos já anunciaram investimentos no Estado. O governo baiano informa os seguintes investimentos: 

● A gigante canadense Magna irá investir US$ 35 milhões para instalar em Camaçari uma planta da divisão Cosma, que produz sistemas de carroceria e chassis automotivos. A fábrica terá 21 mil m² e deve empregar 300 pessoas diretamente. 

● A multinacional alemã Basf investirá US$ 800 milhões em uma planta no Polo Industrial de Camaçari para a produção em escala mundial de ácido acrílico, acrilato de butila e polímeros superabsorventes (SAP). Diversos desses insumos são utilizados pela indústria automotiva em resinas para plásticos de engenharia, tintas, ceras, polimentos, adesivos, revestimentos de cabos e fios e tubos para proteção de eletroeletrônicos, entre outros. 

● A DurolineTec vai instalar na Bahia a primeira fábrica de fibra de carbono do Hemisfério Sul, ocupando área de 270 mil m2, com investimento de US$ 150 milhões no Polo Industrial de Camaçari para a produção de 17 mil toneladas/ano e mais 1,2 mil toneladas/ano de tecidos impregnados. 

● O grupo Ítalo Lanfredi anunciou este ano investimentos de US$ 70 milhões para produzir peças fundidas e usinadas para a indústria automotiva em Camaçari. Será a primeira grande fundição voltada para o setor na Bahia, com capacidade para produzir 48 mil toneladas/ano a partir de 2013, quando entrar em operação. 

Polo de pneus

Se ainda falta trazer mais fornecedores de diversos componentes para tornar a Bahia, de fato, um polo automotivo completo, ao menos o fornecimento de pneus parece garantido. Segundo o governo baiano, desde a instalação da Ford, o segmento já atraiu mais de US$ 900 milhões em investimentos, transformando a Bahia no maior produtor de pneus do País, com 40% dos volumes produzidos. 

Em Camaçari estão localizadas grandes e modernas fábricas da Continental e Bridgestone/Firestone, inauguradas em 2006 e 2007, respectivamente. Já a Pirelli está desde 1986 em Feira de Santana. Por causa das três fábricas, a Columbian Chemicals, fornecedora da matéria-prima básica para a produção de pneus, também se instalou no Estado, em 2007, com investimento de US$ 75 milhões.


   

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