Wagner Gonzalez |
Motores
Mercedes confirmaram potência e resistência enquanto a Ferrari aparece como
maior rival do exército alemão. Mundial de F-1 começa dia 16 na Austrália e
Porsche vaza foto do modelo 919 de Endurance
Verdade
que a imagem que mostra as forças da temporada 2014 da F-1 só ficará nítida após
duas ou três etapas, isto é, depois que os novos carros superarem o primeiro
grande teste no circuito de Melbourne, o calor e a umidade da Malásia e,
novamente, o clima seco que caracteriza a pista árabe onde domingo terminou a
terceira e última sessão de testes para este ano. Mesmo assim não é demais
enxergar que Felipe Massa tem nas mãos um carro capaz de colocá-lo como
protagonista de um campeonato onde Nico Rosberg e Lewis Hamilton despontam como
favoritos, a Ferrari surge como força a ser olhada com respeito enquanto Force
Índia e McLaren podem surpreender.
Mais rápido no Bahrein, Massa mostra otimismo contido |
Durante
as três sessões de testes pré-temporada – uma em Jerez, Espanha, e duas no
Bahrein –, o brasileiro esteve sempre entre os mais rápidos e os que mais
treinaram. Com base no desempenho que obteve em seis dos 12 dias que a F-1 usou
para testar os novos carros de 2014 Massa mostrou que tem condições de conseguir
bons resultados na temporada que inicia no circuito de Albert Park, em
Melbourne, na semana que vem:
“A
gente nunca pode ter certeza que está tudo perfeito para a abertura da
temporada, mas eu sinto que esses dias de teste foram suficientes para concluir
que temos um carro que é resistente e tem uma bom desempenho.”
Pode-se
analisar os oito dias de testes do Bahrain sob a ótica do tempo absoluto, da
quilometragem percorrida, do progresso obtido a cada dia, da regularidade e das
quebras. Sob todos estes aspectos o “Geschwader” de Stuttgart sai bem na
foto: na banda de um segundo a partir do melhor tempo do brasileiro (1:33.258),
apareceram Hamilton (1:33.278), Rosberg (1:33.282), Bottas (1:33.987) e Alonso
(1:34.280). Detalhe: todos marcaram esse tempo com pneus supermacios e Massa foi
o que completou a menor quilometragem, consequência de uma pane no segundo dia
de treinos da primeira fase dos testes. Na média de distância percorrida por dia
para os cinco primeiros Bottas (551 km), Rosberg (495), Alonso (483), Hamilton
(406) e Massa (361), novamente a Mercedes foi a mais regular, a Williams
apareceu nos extremos e a Ferrari marcou presença. Um acidente com Räikkönen
(1:35.426) atrapalhou a agenda da Scuderia e encerrou prematuramente uma
simulação de corrida.
Há
tempos que a equipe de Grove não aparecia tão bem na fita, resultado de uma
reorganização profunda, contratação de muitos técnicos de outras equipes e,
obviamente, da unidade de potência alemã. Sim, unidade de potência, porque um
F-1 já não anda apenas com a potência do motor posto que os sistemas de
recuperação de energia garantem aceleração importante a cada volta. Se os
pilotos ganham tempo na pista graças a eles, também é verdade que quando
acontece alguma pane a complicação para montar e desmontar esse conjunto faz
muita gente lembrar com saudades do período 1967/77. Naquela época bastava um
motor Cosworth DFV V8, uma caixa de câmbio Hewland e quatro amortecedores Koni
para instalar em um chassi feito na oficina. As dúvidas praticamente se resumiam
entre as marcas de pneus e pastilhas de freio…
De
volta ao futuro próximo, a abertura do campeonato, o poderio econômico da
Mercedes poderá fazer a diferença nessa disputa com a Williams enquanto a
Ferrari já deixou claro, nas palavras de Stefano Domenicali, que nada será como
antes após a corrida de Melbourne:
Stefano Domenicali |
“Creio
que veremos muitas mudanças entre a primeira e a segunda corridas da temporada”,
declarou o italiano ao analisar o resultado dos testes na pista barenita, antes
de completar lembrando que “confiabilidade é a palavra chave dessa fase inicial
e o ponto nevrálgico é a integração entre o motor e os sistemas de recuperação
de energia. Diria que estamos logo atrás da Williams e da Mercedes e que estou
confiante: os resultados apontados no nosso simulador foram confirmados na
pista, e isso é muito bom.”
Confiabilidade
é o que parece faltar na McLaren, quase tanto quanto uma pequena dose de
velocidade: Magnussen (1:34.910) e Button (11:34.957), ficaram distantes dos
tempos do grupo enfocado acima, sendo que o dinamarquês andou com pneus
supermacios, algo que o inglês não pode fazer em consequência de
problemas elétricos. Não será surpresa para ninguém se o time agora liderado por
Eric Boullier (ex-Lotus), sob o olhar
atento de Ron Dennis, for visto disputando posições intermediárias com a Force
India; afinal a equipe já tem contrato assinado com a Honda para o ano que vem e
Kevin Magnussen, embora rápido, pode provocar um revival do pesadelo que
Jenson Button viveu em 2013, cortesia de Sérgio Pérez.
O mexicano, que agora defende a operação de Vijay Mallya, poderá ser um eisbein duro de roer para o companheiro Nico Hulkenberg; o resultado da dupla dependerá mais dos destinos da equipe do braço de ambos. O império de Mallya (o conglomerado UB, que opera a cervejaria United Breweries, a empresa aérea Kingfischer e os times de futebol East Bengal e Mohun Bagan, entre outros negócios) enfrenta sérias dificuldades no mercado indiano; pior, a Sahara, grupo de entretenimento, finanças e que também patrocina da seleção de críquete da Índia, sofreu um revés dia 28 de fevereiro quando Subroto Roy,seu presidente e sócio de Mallya, teve um mandado de prisão expedido contra ele por faltar a uma audiência junto à Suprema Corte do país.
O mexicano, que agora defende a operação de Vijay Mallya, poderá ser um eisbein duro de roer para o companheiro Nico Hulkenberg; o resultado da dupla dependerá mais dos destinos da equipe do braço de ambos. O império de Mallya (o conglomerado UB, que opera a cervejaria United Breweries, a empresa aérea Kingfischer e os times de futebol East Bengal e Mohun Bagan, entre outros negócios) enfrenta sérias dificuldades no mercado indiano; pior, a Sahara, grupo de entretenimento, finanças e que também patrocina da seleção de críquete da Índia, sofreu um revés dia 28 de fevereiro quando Subroto Roy,seu presidente e sócio de Mallya, teve um mandado de prisão expedido contra ele por faltar a uma audiência junto à Suprema Corte do país.
Ainda
não é bem o caso mas a julgar pelo temperamento de Carlos Ghosn – o autoritário
e muquirânico chefão da Renault -, o clima de Suprema Corte (ou seria
melhor mencionar Corte Marcial?...) -, também poderá ser notado pelos lados de
Viry-Chatillon e nas equipes que usam a motorização francesa. Toro Rosso, Red
Bull, Caterham e Lotus, nesta ordem, amargaram resultados que, à exceção da
primeira, foram pouco ou nada animadores. O fato da Marussia, agora usando
mecânica Ferrari, ter colocado seus pilotos Max Chilton e Jules Bianchi à frente
de oito adversários (seis se descontarmos as performances de Felipe Nasr e
Robert Frijns), é uma boa descrição deste quadro.
Tudo
indica que no caso da Renault a chave do problema esteja diretamente ligada ao
software e à refrigeração das interfaces entre o motor e os sistemas de
recuperação de energia. Para Sebastian Vettel e Daniel Ricciardo a esperança
está na igualdade, fraternidade e liberdade que a ligação entre Red Bull e Toro
Rosso possa proporcionar.
Afinal
foi a equipe júnior do império energético que melhor resolveu a instalação do
motor francês, cujas equipes andaram em média 224 km por dia por carro, menos da
metade do grupo dos cinco mais rápidos. Se excluirmos o desempenho igualmente
pífio dos dois Caterham CT05 de Kamui Kobayashi e Marcus Ericsson esse índice
cai para 182 km. Mesmo a alta quilometragem percorrida pelo japonês (1.082 km) e
pelo sueco (1.482 km), anula as considerações do simpático Koba San, para quem
“nosso carro é mais lento um GP2…”
Finalmente
a Sauber: perdida no meio do pelotão intermediário, por enquanto nada indica que
a temporada de 2014 será muito melhor que o sofrido ano de 2013.
Resultados
dos treinos no Bahrain após duas sessões de testes
1) Felipe Massa, Williams FW36-Mercedes, 1:33.258
2) Lewis Hamilton, Mercedes AMG W05, 1:33.278
3)
Nico Rosberg, Mercedes AMG W05, 1:33.283
4) Valtteri Bottas, Williams FW36-Mercedes, 1:33.987
5)
Fernando Alonso, Ferrari F14 T,1:34.280
6) Kevin Magnussen, McLaren MP4-29-Mercedes,1:34.910
7) Jenson Button, McLaren MP4-29-Mercedes, 1:34.957
8) Sérgio Pérez, Force India VJM07-Mercedes,1:35.290
9) Kimi Räikkönen, F14 T, 1:35.426
10) Nico Hulkenberg, Force India VJM07-Mercedes,
1:35.577
11) Jean-Eric Vergne, Toro Rosso STR9-Renault,1:35.701
12) Daniel Ricciardo, Red Bull RBR10-Renault, 1:35.743
13) Daniil Kvyat, Toro Rosso STR9-Renault,1:36.113
14) Adrian Sutil, Sauber C33-Ferrari, 1:36.467
15) Max Chilton, Marussia MR03-Ferrari, 1:36.835
16) Jules Bianchi, Marussia MR03-Ferrari, 1:37.087
17) Estebán Gutiérrez, Sauber C33-Ferrari, 1:37.180
18) Sebastian Vettel, Red Bull RBR10-Renault, 1:37.468
19) Felipe Nasr Williams, FW36-Mercedes, 1:37.569
20) Kamui Kobayashi, Caterham CT05-Renault, 1:38.391
21) Marcus Ericsson, Caterham CT05-Renault, 1:38.083
22)
Pastor Maldonado, Lotus E22-Renault, 1:38.707
23)
Romain Grosjean, Lotus E22-Renault, 1:39.302
24)
Robert Frijns, Caterham CT05-Renault, 1:42.534
Ainda
não foi desta vez…
Esperada
para ser divulgada na semana passada, ainda não foi desta vez que a FIA
anunciou o vencedor da concorrência para preencher a décima-segunda vaga entre
as equipes que deverão disputar o Campeonato Mundial de F-1 de 2015. A atual
crise econômica – que já levou Tony Fernandes a anunciar que poderá fechar a
Caterham caso sua escuderia não marque pontos nesta temporada -, é apenas parte
do que pode explicar esse adiamento: também contam a chegada da Honda e o apoio
extra-oficial que a Ferrari e a Renault estariam dispostas a oferecer aos grupos
liderados pelo norte-americano Gene Hass e pelo romeno Ion Bazac,
respectivamente. Também há rumores que Jean Todt e Bernie Ecclestone também não
chegaram a uma escolha comum.
…
mas por outro lado…
Quando
foi criada, em 2008, a Fota parecia destinada a alterar substancialmente o
equilíbrio de forças na F-1, afinal reunia todas as equipes da categoria em
torno da defesa dos interesses da classe. Pode-se dizer que alguns objetivos
foram conseguidos, mas quando Bernie Ecclestone optou por negociar com cada
equipe separadamente o modelo de negócios deixou de ser eficiente. No final de
2011 a Ferrari decidiu abandonar o barco e levou com ela a Sauber (que usa seus
motores), a Red Bull e seu satélite Toro Rosso; não demorou muito para que os
céticos de plantão vislumbrassem tempos difíceis para o futuro da Associação das
Equipes de F-1. Esta previsão ganhou corpo quando Martin Withmarsh perdeu, em
dezembro de 2013, poder, status e emprego como líder da McLaren: o inglês era o
mais entusiasmado em manter as escuderias unidas na luta por ideais de fundo
econômico e político. Dia 28 passado a Fota divulgou uma nota oficial onde
culpou as recentes mudanças políticas e comerciais da F-1 para deixar de
existir.
…
e lá pelas praias do Pacífico…
A prefeitura de Long Beach, cidade na área metropolitana de Los Angeles, abriu concorrência para um novo contrato para a realização do GP local, que já foi focado em categorias variadas, desde a antiga F-5000 (conhecida nos EUA como Fórmula A), F-Indy, GT, Drift e, obviamente F-1. Vale lembra que foi nesse circuito que Nelson Piquet conquistou sua primeira vitória na categoria, dia 30 de março de 1980, dividindo o pódio com Riccardo Patrese e Emerson Fittipaldi. Chris Pook, parceiro de Bernie Ecclestone desde muito tempo, representa o inglês nessa disputa, cujo resultado poderá ser conhecido ainda hoje, terça-feira, quatro de março.
A prefeitura de Long Beach, cidade na área metropolitana de Los Angeles, abriu concorrência para um novo contrato para a realização do GP local, que já foi focado em categorias variadas, desde a antiga F-5000 (conhecida nos EUA como Fórmula A), F-Indy, GT, Drift e, obviamente F-1. Vale lembra que foi nesse circuito que Nelson Piquet conquistou sua primeira vitória na categoria, dia 30 de março de 1980, dividindo o pódio com Riccardo Patrese e Emerson Fittipaldi. Chris Pook, parceiro de Bernie Ecclestone desde muito tempo, representa o inglês nessa disputa, cujo resultado poderá ser conhecido ainda hoje, terça-feira, quatro de março.
Homenagem
a Senna
Os
italianos preparam uma grande homenagem a Ayrton Senna para o próximo dia 1º de
maio, quando se completa 20 anos do acidente fatal com o brasileiro na disputa
do GP de San Marino de 1994. Nomes históricos da F-1, e uma missa na catedral de
Imola, em memória a Senna e ao austríaco Roland Ratzemberger estão incluídas na
agenda, que inclui ainda exposição de veículos, exibição do documentário Senna –
do diretor Asif Kapadia -, e uma parada de automóveis e motos pelo
autódromo.
Fotos
do Porsche 919 LMP-1 que disputará o Campeonato Mundial de Resistência (WEC),
vazaram na madrugada de ontem. O modelo marca a volta da fabricante alemã à
categoria que consolidou seu nome como símbolo de velocidade e resistência com
os belos 908, 917 e 956/962. Por enquanto, porém, não há planos para
comercializar o 919 para equipes particulares.
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