Alta Roda nº 1022/372 – 06/12/2018
Fernando Calmon |
Convergência tecnológica
A maneira de comprar carros vem mudando no mundo e
o Brasil acompanhará de perto esse cenário. Por isso, não foi surpresa duas
marcas iniciarem aqui, de forma quase simultânea, a introdução da assim chamada
concessionária digital. Fiat e Volkswagen protagonizaram entre o fim de
novembro e este começo de dezembro uma espécie de corrida tecnológica para
anunciar a primazia. No exterior, em particular na Europa, onde tudo começou há
mais de dois anos, esse modelo de negócio se consolidou.
A Fiat saiu na frente com a concessionária Amazonas, na capital paulista. O
ambiente foi especialmente projetado para incluir uma interação de forma
digitalizada por meio de telões de alta definição, totens e tabletes. Mesmo que
o comprador não seja especialista ou extremamente ligado em tecnologia, vai
apreciar todas as opções que o sistema oferece. Óculos de realidade virtual
complementam a nova experiência de compra ao simular a atmosfera interna do
veículo e noção de dimensões. Este recurso, em particular, já vinha sendo utilizado
aqui pela Audi em suas lojas.
Por outro lado, a Volkswagen atuará de forma mais ampla. Este mês o mesmo
sistema estará disponível em 10 concessionárias em todo o País e no primeiro
trimestre de 2019 até 30 outras serão abertas na América Latina. Mais do que
demonstração de tecnologia, esses recursos permitem grande ganho de tempo e de
qualidade de venda. As variedades de equipamentos e de acabamento podem se
comparar de forma mais eficiente, no ritmo e disponibilidade do
interessado.
Mesmo com a possibilidade de montar “ilhas” digitais em lojas já existentes, a
vantagem mais expressiva é a abertura de novos pontos de venda a partir de 90
m², com apenas um ou dois carros em exposição e aumento de eficiência no
atendimento. Nas grandes cidades ficou muito caro ou até mesmo impossível
encontrar áreas bem localizadas para abrigar um arranjo tradicional de
showroom.
A concessionária digital também se enquadra como complemento ideal ao chamado
comércio eletrônico que avança no País. Iniciativas mais aprofundadas hoje
existentes, da Renault e da Citroën, tendem a se expandir. É até possível um
cliente dessas duas marcas completar todo o processo de pesquisa e compra pela
internet e ter seu carro novo entregue em casa, mas são casos raros. O
interessado estar limitado ao tamanho e resolução de uma tela de celular ou de
computador agora deixa de existir. Ele poderá se integrar a uma loja física com
todos os recursos modernos.
Sites independentes de compra e venda de veículos usados pela internet também anunciam
a possibilidade de atender quem deseja comprar um zero-quilômetro a partir de
2019, encaminhando interessados às concessionárias. Esses clientes, digamos
mais “tecnológicos”, vão apreciar um ponto de venda convergente com suas
preferências.
ALTA RODA
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NISSAN prepara
uma surpresa para o SUV compacto Kicks. De olho no acirramento da concorrência
com a chegada do T-Cross, terá opção e-Power que tornou o Note o carro mais
vendido no Japão. Trata-se de versão elétrica de baixo custo: motor convencional
atua apenas como gerador para uma bateria pequena. Sem problemas de autonomia e
tempo de recarga.
SÃO onze os lançamentos anunciados para 2019 pela
GM. Quatro já revelados: Bolt, Equinox Midnight e os Camaro cupê e conversível.
Dos sete que faltam, probabilidades maiores são: novos Onix e Prisma, novos
motores de três cilindros para estes dois compactos, Cruze hatch e sedã
Midnight (ou versões esportivas RS) e estreia de internet 4G e Wi-Fi a bordo
(no Cruze).
RENAULT comemora 20 anos da fábrica paranaense com
meta de ampliar a participação no mercado de 8,7% para 10% até 2022. Ao
confirmar produção do SUV de teto baixo Arkana, o presidente da empresa Luiz
Pedrucci previu a necessidade de outro SUV no segmento C. Esse produto (porte
do Jeep Compass) ainda está sendo projetado. A Coluna estima lançamento em
2023.
DESTAQUES visuais do novo Camaro são frente,
lanternas traseiras e rodas de 20 polegadas. Há ainda controle de largada
(melhor combinação para aceleração máxima), “aquecimento de pneus traseiros”
(freia as rodas dianteiras e as traseiras patinam à vontade) e câmbio
automático de 10 marchas. Retrovisor interno por câmera, herdado do Bolt, é um
avanço notável.
FINALMENTE, o Governo Federal desistiu de
“enfeitar” as novas placas no padrão Mercosul com bandeiras dos 26 Estados e
brasões dos 5.570 municípios brasileiros. Esses penduricalhos obrigariam o
motorista a comprar outro par de placas ao adquirir um veículo registrado antes
em outra cidade. Haverá atraso na implantação do programa, mas no caso por boa
causa.
APÓS comemorar cinco milhões de turbocompressores
produzidos no Brasil, quase 80% para motores pesados a diesel, a BorgWarner
espera que a sua linha mais recente para motores leves flex poderá ser
impulsionada pelo programa Rota 2030, visando a diminuir o consumo de
combustível. Este é um dos objetivos centrais e exigirá grande esforço
adicional em pesquisa.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista
especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter:
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