Wagner Gonzalez |
F-1: As mudanças canadenses
Meio na base da mineirice brasileira, dois grupos
canadenses estão provocando mudanças significativas no ambiente da F-1.
Mas
terminou a temporada de 2019 e a família Stroll parece disposta a seguir
movimentando os bastidores, desta vez alterando um processo até então dos mais
complicados, a mudança do nome de uma equipe.
Paralelamente o clã Latifi, que
tem base em Ontário, ocupa espaços outrora dominados pelos compatriotas da
região francesa do país. Tratam-se de duas das famílias mais ricas do Canadá:
uma dedicada ao ramo de confecção e outra na indústria alimentícia.
Lawrence Stroll é, entre outras
coisas, um colecionador
de Ferraris e sua paixão pelos carros de Maranello ajudou a posicionar seu
filho Lance (foto de abertura) no automobilismo esportivo. Sempre protegido por
estruturas supercapacitadas, o ex-companheiro de equipe de Felipe Massa acabou
ganhando uma fama que ofusca suas reais qualidades como piloto. Indiferente a
tudo isso, quando o acordo com a equipe Williams começou a naufragar, os Stroll
não tiveram dúvida em aproveitar a oportunidade que o indiano Vijay Mallya há
tempos vinha tentando postergar e lideraram um consórcio que assumiu a equipe
Force India no meio desta temporada.
Entre os GPs da Hungria (29/7) e da Bélgica (26/8) a
Force India finalmente trocou de donos e passou a ser controlada por um
consórcio liderado por Lawrence Stroll e completado por Andre Desmarais
(Power Corporation, serviços financeiros e Performance Sports Group), Jonathan
Dudman (Arena Wealth e Cattella Financial Office), John Idol (Michael Kors
Holding, grifes de moda), John McCaw Jr. (Telecomunicações), Michael de
Picciotto (Engel & Volkers, mercado imobiliário de alto luxo) e Silas Chou
(Moda). O primeiro passo do grupo foi renomear o novo empreendimento para
Racing Point with Force India, nomenclatura que dias atrás a Federação
Internacional do Automóvel deixou vazar que seria simplificada para apenas
Racing Point em 2019. Já não é bem assim: o romeno Otmar Szafnauer, diretor
esportivo do time, já admite que poderá ser alterado brevemente. Não deixa de
ser curioso já que até então essa alteração demandava concordância de todas as
equipes e, invariavelmente, acordos pouco claros entre seus dirigentes.
Ainda durante a temporada deste ano o presidente da
Sofina Foods, equivalente canadense a grupos de poder econômico como a JBS ou
BR Foods (comparação apenas de faturamento, nenhuma alusão à práticas
comerciais) adquiriu 10% das ações do Grupo McLaren. Demorou muito pouco para
que o investimento de Michael Latifi, canadense de origem iraniana, gerasse
especulações sobre a possível incorporação do seu filho Nicholas, que já foi
ligado à equipe Renault, como piloto de provas da equipe McLaren. Tal
possibilidade foi desmentida e refutada, o que não causou surpresa, ao
contrário da notícia anunciada ontem pela equipe Williams: Nicholas Latifi será
o piloto de testes da equipe para 2019. Cabe lembrar que nesta temporada ele
foi piloto de testes da equipe Force India (chegou a participar do primeiro
livre para o GP do Brasil), a equipe que pertence a um consórcio liderado por
Lawrence Stroll...
Após dois anos de aprendizado na Williams, Lance Stroll
deixa o time de Grove para assumir a vaga que era de Estebán Ocón na Racing
Force Force India, a mesma onde Latifi foi piloto de testes em 2019.
Ironicamente, Latifi estará ao volante de um dos carros de Grove – cidade onde
fica baseada a Williams -, em seis sessões de treinos livres de GPs – e em
algumas sessões de testes de pneus e de novatos durante a temporada. Caso o
polonês Robert Kubica não corresponda às expectativas em seu retorno à
categoria, não será surpresa se latifi acabe ocupando a vaga no meio da
temporada. A carreira de Kubica foi interrompida precocemente no início de 2011
em consequência de um acidente em um rally disputado na Itália: após chocar-se
contra o guard-rail o braço direito do polonês foi severamente afetado e,
apesar de resultados razoáveis conseguidos em treinos livres, ainda há dúvidas
quanto à sua real competitividade.
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