Alta Roda nº 1040/340– 11/04/2019
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Fernando Calmon |
Compartilhar é para valer?
A maior parte do mundo corre para diminuir emissões de gás carbônico (CO2) no intuito de limitar o aquecimento da atmosfera e consequentes mudanças climáticas. Ritmo e intensidade não são os mesmos em todos os países. Automóveis respondem por até 20% do efeito estufa, da produção primária do combustível ao que sai pelos escapamentos. Países europeus querem impor solução elétrica a um custo demasiadamente alto e cercado de incertezas.
Há, porém, soluções racionais e a preço menor. Uma delas é carona solidária preconizada pela empresa francesa BlaBlaCar, atuante também no Brasil. Ela apresentou um estudo sobre o potencial de parte dos carros trafegar com quatro pessoas a bordo. Apenas 1,6% a mais de automóveis na estrada permite transportar três vezes mais passageiros com 26% menos emissões de CO2.
Outra possibilidade é ampliar serviços de carona paga, por aplicativos de transporte. Podem ajudar a retirar veículos das ruas, mas como rodam um bom tempo vazios desconfia-se que ajudariam pouco a diminuir o consumo de combustível e, por consequência, o principal gás de efeito estufa.
Também existe a possibilidade de trocar a propriedade de um veículo por uso compartilhado e há dezenas de empresas no mundo oferecendo tais serviços. Deixando, agora, o aspecto ambiental de lado para focar na mudança de hábitos. Será que existe mesmo esse desejo latente e ardente de olhar para um carro que é seu, mas fica até 80% do tempo parado, e trocá-lo simplesmente por um serviço de transporte em que cada vez se dirige um carro diferente?
Europeus simpatizam com a ideia, porém americanos bem menos, como ficou demonstrado em matéria de capa da revista Dealer, da Fenabrave. No Brasil, para cada veículo novo vendem-se entre 4 e 4,5 usados. Isso gera grande receita para portais e sites especializados em anúncios on-line. Seria o compartilhamento uma ameaça para concessionárias, lojistas e comércio eletrônico? Veja a opinião de quatro executivos deste último setor:
Caio Ribeiro (Mercado Livre) – “Hoje o carro é o meio de transporte preferido pelos brasileiros e esse cenário deve se manter por muitos anos. Há interesse, ainda que limitado, por aluguel de automóveis por curtos períodos, inclusive via compartilhamento. E estamos preparados para essa demanda.”
Eduardo Jurcevic (Webmotors, do Santander) – “Pessoas podem continuar a ter carro e ainda usar diferentes modais de mobilidade. Isso varia de cidade para cidade. Tentar dar mais acesso é o nosso papel e investiremos nisso. A experiência de compartilhamento pode despertar também o desejo de compra.”
Giselle Tachinardi (OLX Brazil) – “Permanecemos atentos às oportunidades em veículos compartilhados, mas o amadurecimento da ideia será demorado aqui. Na cidade de São Paulo pode vir mais forte. Estive nos Estados Unidos e vi que também lá os cenários não apontam para guinadas.”
Ricardo Bonzo (iCarros, do Itaú Unibanco) – “Enxergamos os movimentos de mudança no que se refere à mobilidade, mas temos convicção de que concessionárias continuarão sendo parte fundamental. Uma opção seria locação de carros usados em seus estoques ou mesmo assinaturas para uso em diferentes prazos.”
ALTA RODA
PRIMEIRO trimestre fechou com alta de 11,4% nas vendas de veículos leves e
pesados sobre o mesmo período de 2018. Queda de 42% nas exportações (impactadas
pela colossal retração do mercado argentino) levou a 1% de declínio na produção
e 1.000 empregos a menos. Estoques totais de 41 dias estão cerca de 20% acima
do normal (35 dias), mas devem melhorar em abril.
SEGUNDO dados do Banco Central, a
indústria automobilística respondeu no ano passado por 25% de todo o modesto
crescimento de 1,1% do PIB (Produto Interno Bruto, soma de tudo gerado pela
economia brasileira). Em 2018, as vendas totais subiram 14,5% sobre 2017. Em 2019,
Anfavea prevê 11,4% acima do ano passado. Fenabrave mantém previsão
semelhante.
FORD ainda não decidiu se oferecerá,
opcionalmente, pneus que rodam vazios (run flat) para outras versões do
EcoSport além da topo de linha Titanium. Visual fica mais limpo na parte
traseira sem estepe pendurado. Pequenos ajustes nas suspensões mantiveram conforto
de rodagem no dia a dia, apesar dos flancos dos pneus mais rígidos que resistem
bem aos buracos.
TANTO Jeep quanto Mitsubishi não
deixaram passar em branco o dia 4/4 (4 de abril), tornado símbolo da tração
total (4x4) ao redor do mundo. Marca americana lançou série especial Compass S,
com teto preto e pintura grafite nas rodas, por R$ 187.990. Curso básico de
4x4, na Fazenda Coronel Jacinto, São Paulo, foi relembrado pela marca
japonesa.
SEMPRE bom insistir sobre a
eficácia dos cintos de segurança para preservar vidas. Dados do Cesvi, a partir
de estatísticas de órgãos de segurança viária dos Estados Unidos, apontam as
chances de sobrevivência em acidentes potencialmente fatais: somente airbags,
12%; somente cintos de segurança, 45%; proteção combinada cinto de
segurança-airbags, 51%.
PERFIL
Fernando
Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista
especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do
twitter: www.twitter.com/fernandocalmofernando@calmon.jor.br e www.facebook.com/fernando.calmon2
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