Alta Roda nº 690/50 – 12/07/2012 |
Fernando Calmon |
No ano passado, o grupo produziu quase sete milhões de unidades de automóveis e veículos comerciais, atrás apenas de GM, Toyota e Volkswagen.O país asiático de 50 milhões de habitantes é o exemplo de como investimentos maciços na educação transformaram uma nação dividida e pobre em desenvolvida ao longo de menos de 50 anos. E continua a crescer, haja vista estradas e conjuntos de edifícios em construção ao redor da capital Seul.Fundada em 1967, começou montando carros da Ford e depois fabricou produtos baseados em mecânica Mitsubishi. Seu primeiro modelo próprio, o compacto Pony, é de 1974 e o primeiro motor, de 1991. São nada modestos ao comentar que suas referências atuais em qualidade transferiram-se das marcas japonesas para as principais europeias.
A expansão internacional da Hyundai impressiona. Cerca de 60% de sua capacidade produtiva total situa-se fora da Coreia, incluindo China e EUA. No Brasil, a fábrica de Piracicaba (SP) está dimensionada para 150.000 unidades em dois turnos, onde começa a produzir em outubro. O acordo de importação com o Grupo CAOA continua, além da produção em Anápolis (GO) do SUV Tucson e dos caminhões leves HR/HD. No entanto, a nomeação de novas concessionárias será de responsabilidade dos coreanos. Lojas próprias da CAOA respondem, hoje, por 70% das vendas atuais da marca.O foco da empresa é o mercado brasileiro, sem preocupação inicial em exportar para os países vizinhos. Tanto que produz na Índia dois modelos pequenos, i10 e Eon, e ainda assim decidiu desenhar um carro específico para o Brasil, com nome a ser anunciado em breve.No centro de desenvolvimento de Namyang, a 60 km de Seul, alguns jornalistas puderam ver o carro pronto, faltando apenas pormenores como a superfície do volante de direção. Embora nada comentassem sobre arquitetura e dados técnicos do carro, sua origem é o Kia Picanto/i10, um subcompacto de dimensões internas e externas próximas às de um Gol, por exemplo. Distância entre eixos e comprimento do Picanto (2,38 m/3,60m e 2,46 m/3,90 m, respectivamente) são inferiores, mas não chegam a comprometer o espaço para joelhos e cabeça atrás. Volume do porta-malas é bom (225 litros), porém não igual ao de um compacto como o Uno (280 litros).
O estilo do Hyundai brasileiro é bastante atual e difere tanto do Picanto como do i10. Internamente, painel e quadro de instrumentos são específicos, de desenho agradável, além de um bom porta-luvas. A versão mostrada foi a de topo e inclui recursos como regulagens de altura e distância do volante, além do assento do motorista, e bom apoio para o pé esquerdo.Haverá dois motores, ambos flex: 1,0 l, 3 cilindros (Picanto) e o 1,6 l, 4 cilindros (Cerato/Soul). Em curta avaliação, o motor de três cilindros demonstrou disposição para acelerar, sonoridade agradável, mas não tão suave como um quatro-cilindros. Direção e suspensões ficam dentro dos melhores padrões do segmento. O preço, obviamente, continua em segredo até o lançamento. Com certeza estará abaixo de R$ 29 mil. O sedã vem no começo de 2013, seguido por versão “aventureira” do tipo CrossFox. O SUV ou crossover derivado ainda está por definir.
RODA VIVA
APESAR de ter acontecido o melhor junho da história – 353.200 unidades vendidas entre carros e veículos comerciais – ainda não dá para saber como será o segundo semestre. Parte do bom resultado se deve a unidades que não puderam ser emplacadas no fim de maio logo depois da redução do IPI. Fenabrave (concessionárias) acha que, no máximo, haverá empate com 2011 e Anfavea prefere esperar para revisar sua previsão de crescimento.
EXISTE consenso entre analistas de que condições atuais de imposto menor precisam ir além de 31 de agosto. Isso para que o segundo semestre alcance média de pelo menos 330.000 unidades mensais e o fechamento de 2012 empate com o ano passado. Em junho estoques totais caíram de 43 para 29 dias e índice de inadimplência deu sinais de queda. Assim, o ano não parece perdido, apesar dos tropeços até agora.
COMPRA dos restantes 50,1% das ações da Porsche Holding pela Volkswagen muda pouca coisa na prática. Fusão das duas empresas já havia acontecido na prática, mas não de direito. Ocorre que a Porsche SE, nível acima na estrutura acionária e de propriedade das duas famílias que controlavam diretamente a marca de carros esporte, continua com 50,7% do novo grupo.
CÂMBIO manual automatizado, agora disponível no CrossFox I-Motion, trouxe o conforto de uso no dia a dia do trânsito que faltava na versão aventureira do Fox. Demora em tornar disponível a opção deveu-se a testes para o uso leve no fora de estrada. Em qualquer das duas situações o comportamento do câmbio é muito bom e tende a ter mais aceitação pela relação preço-comodidade.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter: www.twitter.com/fernandocalmon
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