A Ford Motor Company acaba de anunciar grandes prejuízos no mercado europeu, no 2º trimestre deste ano, fruto, segundo a empresa, do aprofundamento da crise econômica no velho continente. A estimativa é alcançar, naquele mercado, até o final do ano, um prejuízo da ordem de um bilhão de dólares.O resultado financeiro global da companhia, no mesmo período mencionado, também recuou 57%, para U$ 1,04 bilhão em relação ao lucro líquido de 2,40 bilhões de dólares registrado em 2011.
A Ford também perdeu dinheiro na região Ásia-Pacífico-África, área onde a empresa esta investindo fortemente, na expectativa de crescimento futuro. Na América do Sul, a marca do oval azul teve um tímido lucro de U$ 5 milhões, bem abaixo dos 267 milhões de dólares, no mesmo período de 2011.
Quem salvou a marca foi o mercado norte-americano que propiciou um lucro de U$ 2 bilhões, antes dos impostos, um pouco acima do 1,9 bilhão de dólares obtido em 2011.
A empresa reconhece a gravidade da situação na Europa, e encara os desafios que a indústria enfrenta como problema mais estrutural do que cíclico na natureza. Enquanto a Ford é afetada significativamente, por causa de sua forte presença na região, a empresa entende que é necessário, para alcançar a lucratividade, gerar um retorno adequado dos investimentos.
EXCESSO DE CAPACIDADE
O excesso de capacidade de produção em suas fábricas na Europa, é apontado, por analistas internacionais, como um dos fatores que alimentou o expressivo prejuízo anunciado. Além disso, é necessário considerar a crise que assola o continente desde 2008, com consequências ainda não definidas em relação à zona do Euro.
PIBs que não crescem, alguns negativos, desemprego acentuado, desequilíbrio financeiro em vários países, arrocho de salários, aumento de impostos, pressão de sindicatos, expectativa de fechamento de fábricas de diversas marcas, são os ingredientes de uma inevitável crise no setor automobilístico europeu.
A Ford tomou algumas medidas para tentar resolver o problema de capacidade ociosa, como a redução da carga diária de trabalho, redução na velocidade de produção e dispensa de empregados temporários. Além disso, deu início a cortes na publicidade e de patrocínios. Um analista da Morgan Stanley, estima que a Ford está usando apenas 63% da sua capacidade de produção na Europa.
A maior parte dos veículos Ford, produzidos na Europa, tem origem em quatro linhas de montagem: Genk, Bélgica (Mondeo, S-Max e Galaxy); Colônia, Alemanha (Fiesta e Mondeo - o Fusion versão europeia); Saarlouis, Alemanha (Focus, C-Max e Kuga ), e Valência, Espanha (Fiesta e Focus).
A POSSIBILIDADE DE FECHAR UMA FÁBRICA
A última vez que a Ford descontinuou uma fábrica na Europa foi em 2002, quando fechou a unidade de Dagenham, na Inglaterra que, todavia, continua como principal centro da empresa para a produção de motores Diesel. Ainda na Inglaterra, a Ford mantém uma fábrica em Southampton, onde produz uma versão da Transit van.
No histórico da companhia, a Ford já fechou fábricas nos Estados Unidos e no Canadá, como parte da reestruturação do plano One Ford, que teve sucesso em relação a lucros na América do Norte. Na Europa, no entanto, o processo de demissões e fechamento de fábricas é mais difícil.
Quando assumiu a Ford, Mulally se desfez de importantes fábricas como a Jaguar, Aston Martin, Volvo e Land Rover, na Europa e fechou a linha Mercury nos Estados Unidos, o que significou uma importante reestruturação na companhia.
A GM e o grupo PSA/Peugeot-Citroen, há algumas semanas, anunciaram planos para encolher na Europa. O presidente da França reclamou que fechar fábrica francesa é inaceitável. Essa estratégia poderá amenizar o caminho para a Ford proceder da mesma forma, com especulações sobre as plantas de Southampton e Genk se tornando mais vulneráveis a esse movimento.
Apesar dos problemas, a Ford pretende dar novo impulso nas operações europeias com o lançamento de novos veículos, incluindo um Mondeo redesenhado, que estreia neste outono. O Mondeo é idêntico ao Fusion 2013 da América do Norte, mas será oferecido em versões hatchback, sedan e wagon.
Alan Mulally, CEO e presidente da Ford, disse que a empresa continuará a trabalhar em ações para fortalecer a competitividade neste ambiente de mudanças, olhando para todas as áreas do negócio para melhorar os resultados operacionais. Essas ações incluem alavancar o plano One Ford, com a introdução de uma linha totalmente nova de produtos globais ao longo dos próximos dois anos, começando com o lançamento da completamente nova Ranger, já no mercado internacional, o EcoSport e novo Fusion, ambos para o segundo semestre deste ano.
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