Alta Roda nº 954/304 – 17 /08 /2017
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Fernando Calmon |
Continua difícil prever o que acontecerá neste
segundo semestre em termos de recuperação do mercado interno de veículos
(automóveis e comerciais leves representam 95% do total). Depois da boa reação
de junho, julho voltou a mostrar desaceleração no ritmo de vendas diárias.
Ainda assim, é provável que no balanço final do ano o crescimento supere os 4%
sobre os 12 meses de 2016, previstos pela Anfavea. São números descolados do
aumento do PIB (soma de tudo o que se produz no País) estimados em apenas 0,5%
em relação ao ano passado.
Há algumas razões para isso. A primeira é o recuo de preços puxado pela baixa
inflação, que deverá atingir apenas 3,5%, abaixo da meta de 4,5%. No caso da
indústria automobilística isso ocorre de modo sutil. Além de realinhamentos de
preços nominais, equipamentos agregam-se aos produtos sem mudanças nos preços
sugeridos ou com acréscimos inferiores ao custo. Em termos reais, o comprador
ganha, mas não é captado pelos institutos de pesquisa.
Recuo da inadimplência, em parte consequência da liberação de contas inativas
do FGTS recém-concluída, refletirá em liberação de créditos para financiar
automóveis neste segundo semestre. A taxa básica de juros (Selic) deverá
recuar, no fim do ano, para o nível mais baixo de sua história sem artificialismo.
Ajudará a baixar juros do crédito ao consumidor.
Até o aumento de vendas diretas (frotistas, locadoras e outros) tem aspecto
positivo. Mais pessoas procuram automóveis para trabalhar por meio de
aplicativos de mobilidade urbana. Pode ocorrer um efeito negativo nas grandes
cidades pela diminuição de interessados em manter carro próprio, porém nas de
menor porte esse fenômeno deve demorar a surgir.
Um exemplo de que o setor automobilístico começa a se reerguer foi o 27º
Congresso da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição dos Veículos
Automotores) realizado semana passada, em São Paulo. Além do presidente da
República, nomes presidenciáveis para 2018 compareceram. Aos discursos de
otimismo moderado com a recuperação econômica, apesar de incertezas da crise
política, somaram-se anúncios de suportes à comercialização.
Um exemplo é a chegada ao Brasil da Kelley Blue Book, plataforma importante em
cotações e informações on-line sobre automóveis dos EUA, aqui em parceria com o
site de compra e vendas iCarros. Por sua vez, o Itaú Unibanco anunciou ter
desenvolvido uma ferramenta que “exige apenas três cliques para finalizar a
simulação de compra e liberar o voucher de crédito”. Todo o processo pode
demorar apenas 15 minutos. Segundo Rodnei Bernardino, diretor do banco, os
preenchimentos de fichas cadastrais exigiam respostas a até 70 perguntas. Haja
vontade de comprar um automóvel...
Já o Santander, dono do portal Webmotors, decidiu simplificar a compra e venda
entre proprietários de veículos usados. Ampliação desse mercado facilitará a
recuperação das vendas de carros novos aos primeiros sinais de volta da
confiança e, por consequência, dos empregos. A longa série de lançamentos de
modelos mais modernos e econômicos pode ser a centelha decisiva para o motor
voltar a pegar depois do inverno.
RODA VIVA
ESTE COLUNISTA completa 50 anos de jornalismo
sobre automóveis em 19 de agosto. Tudo começou em 1967 no programa “Grand
Prix”, da TV Tupi, Rio de Janeiro, às 12h30. No banco ao lado, o parceiro
Álvaro Costa Filho. Meio século de aprendizado contínuo que permanecerá
enquanto leitores, ouvintes e atores desse setor assim desejarem. Obrigado a
todos.
ATIVA por 60 anos em São Bernardo do Campo (SP), a
unidade industrial de onde saía a Volkswagen Kombi abrigará produção do novo
Polo. Foi totalmente modernizada com 373 robôs. Em cerimônia na fábrica, alguns
Polo (só em outubro nas lojas) tinham capas na frente e na traseira. Volkswagen
queria esconder pequenas mudanças estilísticas em relação ao modelo
alemão.
CAPTUR com câmbio automático CVT supre uma lacuna
com motor de 1,6 litro. Respostas ao acelerador do Renault estão mais rápidas
graças à redução adicional na polia de saída e possibilidade de seleção manual
de 6 marchas virtuais. Ao pisar fundo no acelerador as rotações do motor se
elevam bastante e a velocidade aumenta de forma lenta. Mas vai bem em
acelerações progressivas.
COMBOIO de caminhões em estrada tende a se
transformar na primeira aplicação em grande escala de condução semiautônoma. A
previsão é de Reynaldo Contrera, da Wabco América do Sul, fabricante de
sistemas de controle veicular. Ganhos econômicos e, em especial, de segurança
rodoviária vão estimular sua adoção relativamente rápida, inclusive no
Brasil.
RESSALVA: cinco anos de garantia e três primeiras
revisões gratuitas no Kwid valeram como pacote promocional de pré-venda por
cerca de 50 dias (até 2 de agosto). Agora garantia é de três anos e apenas
primeira revisão, grátis. Quem financiar pelo Banco Renault ganha os três primeiros
serviços de manutenção gratuitos. A fábrica não marcou o fim dessa segunda
promoção.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista
especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter:
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