quinta-feira, 26 de abril de 2018

Fernando Calmon - Alta Roda - Ineficiência será castigada

Alta Roda nº 990/340 30– 2614 023– 0oda nº852/0411508– 2oda nº851/2018
Fernando Calmon
Falta pouco, depois de muitas incertezas, para o início do programa Rota 2030. Trata-se de um conjunto de regulamentações técnicas – segurança, economia de combustível e emissões – em três períodos de cinco anos, que indicará caminhos para produzir e/ou importar veículos no mercado brasileiro.


É possível, depois de quatro adiamentos, que seja anunciado no próximo mês de maio. Na realidade, depois de mais 100 reuniões entre governo federal e representantes do setor em 2017, há consenso em todos os temas técnicos. A discussão continua sobre custo dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D). O Governo Federal alega que a situação fiscal do País dificulta qualquer incentivo no momento, embora a indústria alegue que desembolsos futuros sobre P&D podem ser redirecionados do Brasil para outros países. 



Durante o IX Fórum da Indústria Automobilística, realizado por Automotive Business, as peculiaridades do Rota 2030, sucessor do Inovar-Auto (2013-2017), tomaram boa parte das apresentações e debates. O novo programa exigirá investimentos de US$ 5 bilhões especificamente em P&D. 

“A contrapartida é que 30%, ou US$ 1,5 bilhão, possam ser compensados, a posteriori, com crédito de impostos diretos como IPI ou de importação”, lembrou Antônio Megale, presidente da Anfavea. O governo quer compensação no imposto de renda, mas as empresas alegam que precisam ter lucro e isso não acontecerá tão cedo depois de uma crise de vendas atroz nos últimos quatro anos. 

Mais provável é uma conta de chegar para destravar o impasse, possivelmente um nível de incentivo menor que o proposto. Dan Ioschpe, presidente do Sindipeças, afirmou que “o Rota 2030 não é panaceia, mas alinhamento com os avanços atuais no exterior e possibilidade de planejar em longo prazo”. Já o consultor Octavio de Barros, da Quantum4, parafraseou o dramaturgo Nélson Rodrigues, mas adaptou à situação econômica: “Toda ineficiência será castigada.” Para ele não há mais tempo a perder. 

Na segunda-feira, 23, o tema continuou quente em outro evento para o setor automobilístico. Pablo di Si, presidente da VW América do Sul e Caribe, enfatizou a necessidade de não ficar para trás. “Precisamos decidir se vamos apenas dobrar chapas metálicas ou avançar em direção à modernidade”, disparou. Ele acredita que Brasil e Argentina devem perseguir grau de integração ainda maior e continuar uma adaptação do nível de comércio até alcançar a livre troca de produtos. 

Um dos facilitadores é ter um “carro único” nos dois lados da fronteira, que possa ser produzido e vendido sem adaptações em um mercado ou outro. A GM Mercosul, segundo declarou seu presidente Carlos Zarlenga, está bem próxima disso. Ele não adiantou qual seria o primeiro modelo, mas a coluna apurou que se trata do Spin em sua evolução de meia vida, em meados deste ano. 

“Temos um plano muito robusto de evolução de todo o nosso portfólio nos dois países até 2021/22. Vamos anunciá-lo em breve”, afirmou. Por enquanto, não revela quantos produtos serão, estratégia diferente da VW, que pretende fazer 20 lançamentos até 2020: 13 produzidos aqui, dois na Argentina e cinco importados.


RODA VIVA

NOVO presidente da FCA para América Latina (menos México), Antonio Filosa, confirmou que a empresa deseja aumentar a presença de seu portfolio de marcas na região. Estuda a viabilidade de produzir no Brasil, sem especificar Betim ou Goiana, a picape americana Ram (antes conhecida como Dodge Ram). Decisão não ocorrerá em curto prazo, segundo fonte da coluna. 


ESTUDO dos mais confiáveis, executado pelo Sindipeças, sobre a frota brasileira de veículos (automóveis, comerciais leves e pesados) apontou crescimento de apenas 1,2% em 2017 sobre 2016. São 43,4 milhões de unidades que se somam a 13,2 milhões de motos, totalizando 57 milhões. Essa é a frota efetiva e não os 80 milhões do Denatran, que não controla o sucateamento. 



HONDA City 2018 recebeu pequenas alterações de estilo e acabamento, mas na essência não mudou muito. Atmosfera a bordo ficou melhor. Mecanicamente, tudo igual, inclusive o câmbio automático que, como em todo CVT, fica só um pouco menos “estranho” na posição S. Faróis de LED estão na versão superior, mas pelo preço deveria oferecer controle de estabilidade (ESC). 

CAIXA de registro de dados está incluída nos Tesla elétricos semiautônomos, mas são acessíveis apenas com colaboração do fabricante do carro. Autoridades de segurança de trânsito dos Estados Unidos não gostaram dessa “blindagem”, no curso de inquérito sobre acidente fatal com um Tesla X, na Califórnia. Ao contrário dos aviões, onde essas caixas permitem livre acesso aos investigadores. 

RESSALVA: Sistema híbrido do Lexus LS500h com motor convencional a combustão e mais dois elétricos utiliza tração puramente traseira. O par de motores elétricos ajuda no aumento de desempenho e redução de consumo de combustível, mas não se trata de tração 4x4 como em concorrentes Audi A8 e Mercedes-Benz Classe S. 

PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).
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