Alta Roda nº 989/339 – 19 /04 /2018
Fernando Calmon |
Fenômeno de
expansão dos veículos utilitários esporte, mais conhecidos pelas três letras
“mágicas” SUV (da sigla, em inglês, Sport Utility Vehicle), tem atingido a
maioria dos mercados importantes do mundo. Nos Estados Unidos, cerca de 40%, na
Europa perto de 30%, na China ao redor de 15% e no Brasil, em torno de 20%. No
Japão, por características locais, a participação é baixa.
Há também modelos comuns com vestimenta “aventureira” – pseudo-SUV – que o
marketing dos fabricantes deseja enquadrar nesse segmento, mas não passam de
licença poética. Projeções para os SUVs autênticos apontam 30% do mercado
brasileiro em quatro anos. Esse porcentual dependerá de aumento dos
financiamentos e recuperação do poder aquisitivo. Os mesmos fatores, no
entanto, podem trazer mais compradores de modelos de menor custo não
enquadrados como SUVs.
Porém, nenhuma marca deseja ficar de fora. Apenas a Fiat, entre as de maior
volume, ainda está por definir planos. Por outro lado, a VW estabeleceu que
cinco de seus 20 lançamentos até 2020 (com os quais pretende recuperar a
liderança mantida entre 1960 e 2001) serão SUVs.
O primeiro a chegar é o mexicano Tiguan Allspace, seguido pelo T-Cross (mesmo
entre-eixos do Virtus), a ser produzido no Paraná, no início de 2019, para
concorrer na faixa de Honda HR-V, Nissan Kicks, Jeep Renegade e Hyundai Creta,
entre outros. O argentino Tarek, no fim de 2019, deverá ter o entre-eixos do
novo VW Jetta e enfrentará Jeep Compass, Honda CR-V, Toyota RAV4, Hyundai
Tucson e outros. Os dois restantes seriam o SUV grande Atlas, produzido nos
Estados Unidos, e talvez o Touareg, a ser importado apenas sob encomenda da
Alemanha. Pode estar nos planos também um SUV com entre-eixos do Polo. Todos
produzidos com arquitetura modular MQB.
O Tiguan Allspace tem distância entre eixos maior em relação à versão vendida
apenas na Europa. É oferecido com opção de cinco lugares (de entrada) e de sete
(intermediária e topo de linha). As duas primeiras utilizam motor turboflex
produzido no Brasil (1,4 L/150 cv) e a R-Line com acabamento esportivo dispõe
de um turbo a gasolina 2 L/220 cv.
Distância entre eixos generosa de 2,79 m (7 cm superior ao Equinox, por
exemplo) garante amplo espaço, em especial no banco traseiro. Porta-malas invejável
de nada menos que 710 litros, mas limitado a 216 litros com as três fileiras de
bancos. O acesso à terceira fileira, no entanto, é particularmente difícil se
comparado a concorrentes como o Peugeot 5008. Acabamento é correto e o painel
segue os padrões estéticos e eficientes da marca.
Impressiona mais o desempenho, sentido logo na primeira acelerada forte.
Segundo a VW, a versão superior, com detalhes esportivos na carroceria,
registra 0 a 100 km/h em apenas 6,8 s com câmbio automatizado de sete marchas e
tração 4x4.
Como referência, o hatch Golf GTI tem mesmo motor, câmbio de seis marchas, mas
acelera nas mesmas condições em 7,2 s, embora pese 468 kg a menos. O Chevrolet
Equinox tem 262 cv (42 cv a mais que o Tiguan), pesa quase 100 kg a menos
(tração 4x2), menos uma marcha no câmbio e vai de 0 a 100 km/h em 7,6 s. É
preciso promover um tira-teima...
Preços do Tiguan vão de R$ 124.900 a 179.900.
RODA
VIVA
|
CIVIC Si é um típico carro de imagem que a
Honda não abre mão de oferecer ao mercado. Cupê canadense é bastante impactado
por imposto de importação e preço de R$ 159.900 limita aspirações de vendas. O
estilo próprio, sem exageros, agrada a todos os olhos. Esportividade é marcada
pelo escapamento central (verdadeiro), pelas rodas de 18 polegadas de diâmetro
e pneus 235/40 (Goodyear).
MOTOR turbo de 1,5 L/208 cv do Si tem boas
respostas, porém concorrentes mais baratos entregam potência maior. Direção de
resposta direta, volante de ótima pegada, suspensões muito bem calibradas e
freios potentes formam conjunto de primeira linha. Câmbio manual e ótima
alavanca, hoje, são para saudosistas (Porsche e Ferrari, automáticos), porém
coerentes com a proposta.
LEXUS LS 500h é topo de linha da marca de luxo da
Toyota, mas só estará disponível no último trimestre por R$ 760 mil. Trata-se
de híbrido de tração traseira com motor V-6 (300 cv), mais dois elétricos nas
rodas dianteiras: potência total de 359 cv. Interior muito espaçoso com bancos
individuais traseiros. Fora a grade exagerada, o estilo geral é bastante razoável.
JAC T40 agora está disponível com câmbio
automático. Marca chinesa também oferece (só nessa versão) novo motor de 1,6 L
com ótimos 138 cv e 17,1 kgfm. Desempenho agrada, apesar das limitações de todo
câmbio CVT e de seu efeito chiclete (motor sobe de giro e a velocidade, nem
tanto). Suspensões também foram recalibradas. Versão única e bem equipada sair
por R$ 69.900.
POLÍCIA Rodoviária Federal tomou a boa iniciativa
de oferecer um site para registro de roubo ou furto de veículos. Todos os
policiais dentro do raio de 100 km da ocorrência irão receber a mensagem em
seus celulares. Probabilidade de recuperação de um veículo é maior nas
primeiras horas após a ocorrência. URL é https://www.prf.gov.br/sinal .
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em
assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua
coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma
rede nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no
Brasil do site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter:
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