Novas pesquisas continuam a direcionar para o trânsito sem
acidentes. Um dos estudos mais recentes foi divulgado pelo Departamento de Infraestrutura
e Transporte da Austrália, em parceria com o estado de Queensland. As
tecnologias para evitar colisões, que monitoram usuários de ruas e estradas e
intervêm quando um acidente é iminente, mostram grande potencial.
Mesmo admitindo um grau moderado de confiabilidade, até 30%
de mortes e 40% de feridos podem ser evitados em veículos equipados com sistemas
anticolisão. Essa previsão baseia-se em uma série de 104 ocorrências
documentadas em programas de investigações profundas de acidentes e em análises
de padrões típicos de choques entre veículos, na Austrália.
Redução da velocidade na hora da batida amplia os benefícios,
inclusive do risco de ferimentos e mortes entre ocupantes dos veículos.
Portanto, torna-se necessário a divulgação ampla dessas tecnologias, de acordo
com o ministério australiano.
Foram simulados vários tipos de soluções, variando alcance, zona
de detecção e respostas. O melhor resultado combinou longo alcance (baseado em
controle adaptativo de velocidade de cruzeiro, por exemplo) ao baixo alcance e
ângulo largo de detecção (para monitorar a presença de pedestres em ambiente
urbano).
Entretanto, mesmo os de curto alcance e ângulo estreito, mas
com alto grau de resposta atingiram bons resultados. O tipo de tecnologia
também determina a complexidade da lógica requerida para avaliar se objetos,
pedestres e veículos na zona de detecção constituem ameaças de acidente. Se
houver muitos falsos positivos, o motorista pode ser levado a desligar o
equipamento. Nesse caso, seria interessante tentar reduzir a zona de detecção.
Os métodos estudados permitiram um equilíbrio entre área de
abrangência, respostas e efetividade, visando o sistema mais confiável. Um
obstáculo potencial para aprovação e introdução em larga escala mais uma vez
esbarra no preço, em especial ao considerar que veículos caros e baratos
convivem no trânsito diário. Essa dificuldade desaparece no caso de veículos
pesados, em geral de alto preço, mas que em caso de acidente causam grandes
estragos materiais e humanos. A relação custo-benefício é indubitavelmente
positiva nesse caso.
Por outro lado, alguns dispositivos do naipe do controle
adaptativo de velocidade de cruzeiro ou de alerta de aproximação de carros em
ultrapassagem aumentam não apenas a segurança, mas o conforto ao dirigir. Já
existe neles o potencial de evitar acidentes. Sob a premissa, o refinamento e
maior abrangência desses recursos para evitar acidentes significariam um custo
quase marginal para ampliar as possibilidades de impedir colisões simples ou
múltiplas, segundo pensam os pesquisadores da Austrália.
O problema é que o custo estimado, no relatório, situou-se em
torno de US$ 800 (R$ 1.680) a US$ 2.000 (R$ 4.200). Se em países de maior poder
aquisitivo não se trata exatamente de uma pechincha, em outros foge bastante do
alcance das pessoas. A proposta para atrair fabricantes e motoristas é um
dispositivo de curto alcance, porém com forte possibilidade de intervenção em
cruzamentos, o que já significaria benefícios substanciais.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter:
www.twitter.com/fernandocalmon
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