Alta Roda nº 712/72 – 20/12/2012 |
Fernando Calmon |
O
que se pode esperar de 2013 para o mercado automobilístico? Crescimento haverá,
sem dúvida, e as vendas alcançarão novo recorde – o sétimo consecutivo desde
2007. A incerteza está se a barreira mágica de quatro milhões de unidades
(inclui caminhões e ônibus) será beliscada, atingida ou até superada. Para o
resultado mais otimista as vendas teriam que subir 5% em relação ao projetado
para 2012.
Até
agora a maioria das apostas vai de 2% a 4%. A Anfavea espera algo entre 3,5% e
4,5% de elevação, o que significaria 3,98 milhões de unidades. Historicamente
há relação entre crescimento econômico (medido pelo PIB) e o mercado de
veículos. Mas as previsões frustradas do ministro da Fazenda ajudam pouco, embora
dessa vez ele “garanta” um PIB superior em 4% ao deste ano. Se acontecer, os
quatro milhões de veículos novos circularão em 2013.
Independentemente
do que acontecer com a economia, há fatores positivos e negativos. Entre os que
puxam para baixo as previsões aparece justamente o ano que finda. As vendas
cresceram bem acima da expansão econômica brasileira graças à redução
temporária do IPI, que no fundo significou antecipação de compras. Mesmo que no
fraco primeiro trimestre de 2013 ainda exista um rescaldo do IPI baixo, seja
por estoques remanescentes de 2012 ou alguma bondade de última hora do governo,
o estímulo fiscal vai se diluir.
Não
deverão ocorrer tantos lançamentos que atiçam a demanda: de cerca de 40 deste
ano (importados incluídos), umas 20 novidades estão previstas para 2013. O
maior problema, no entanto, reside nos preços. Ao contrário da voz corrente,
eles baixaram em cinco anos quase 15%: basta consultar as tabelas médias desde
2008.
O
valor real dos carros, por sua vez, caiu ainda mais, por que a inflação desse
período de cinco anos (2012 incluído) foi de 34% e os compradores, em geral,
acumularam renda superior à inflação. Os preços só se comportaram em função de
maior concorrência, inclusive com importados, e imposto menor em alguns períodos.
A
conjugação dos astros, porém, será infeliz no ano de final 13. Além da volta do
IPI, mais carros deverão ter custos aumentados por equipamentos importantes
como airbags e ABS. Para complicar o cenário, o discutível rastreador virá como
equipamento obrigatório, mesmo que o motorista não deseje habilitá-lo. Trata-se
de afronta ao bom senso e ao bolso do consumidor, em especial de quem vive
longe das grandes cidades.
O
impacto nos preços, porém, pode ser arrefecido por se tratar do primeiro ano
completo de novos atores no mercado, como Hyundai e Toyota com fábricas a
pleno, além de ampliações de instalações da Renault e da PSA Peugeot Citroën.
GM terá seu primeiro ano cheio de renovação quase total de linha (só ficaram
Celta e Classic) e, igualmente, a Ford (manterá Ka e Fiesta Rocam). Fiat e
Volkswagen provavelmente sentirão esse tranco, pois só terão produtos novos em
2014.
Ocupar
o máximo possível da capacidade instalada, enquanto fabricantes entrantes não
concluem outra leva de novos produtos, pode ajudar a manter preços alinhados à
inflação estimada em 5% em 2013. Os que forem além, repassando aumentos de
custos sem estratégia equilibrada em mente, terão motivos para sérias
preocupações.
O
bolo do mercado ficará redividido e as quatro marcas veteranas continuarão a
perder participação. A melhor defesa continua a ser o menor preço ou oferecer
mais por preço igual.
RODA VIVA
CASO a nova lei pegue,
também os automóveis terão a terrível cadeia de impostos exposta na nota fiscal.
Chegou o momento de as tabelas sem tributos serem exibidas nas concessionárias,
que sempre acenaram com essa providência, mas recuavam na hora agá. É assim nos
EUA: imposto às claras. Aí as comparações de preços ficarão mais bem ajustadas.
ASSOCIAÇÃO de importadores
sem fábricas no Brasil, Abeiva, espera um ano de 2013 com crescimento de 17%
sobre 2012. As 150.000 unidades previstas refletem as cotas que o governo criou
tanto para as marcas que só importam como as que anunciaram produção nacional.
A Kia permanece estacionada, pois o importador, Grupo Gandini, ficou, por
enquanto, sem opções viáveis que só a matriz na Coreia do Sul poderia resolver.
ONIX é compacto certo
(R$ 35.000 a R$ 42.000), na hora certa para a Chevrolet. Com motor adequado ao
seu porte, 1,4 l/106 cv (o de 1 litro é fraco), destaca-se pelo nível de ruído
mais baixo que a média do segmento e atmosfera interior bem agradável. Espaço
muito bom para pernas, cabeças e ombros. Dava para dispensar banco do motorista
tão alto e falha ergonômica dos puxadores de portas.
FABRICANTES de
turbocompressores estão otimistas com a evolução que as novas exigências de
menor consumo de combustível trarão para os motores aqui fabricados. “Antes não
cansávamos de bater à porta dos fabricantes. Agora eles também batem à nossa
porta”, revela Arnaldo Iezzi Jr., diretor-geral da BorgWarner, que vai
inaugurar nova fábrica em Itatiba (SP), em 2013.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter:
www.twitter.com/fernandocalmon
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