Alta Roda nº 963/313 – 19 /10 /2017
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A utilização de recursos eletrônicos nos automóveis
modernos levou à crescente disponibilidade de medidores de consumo de
combustível. No começo a precisão não era grande, mas agora os resultados
permitem ao motorista avaliar consumo médio e instantâneo em várias condições
de utilização. Tornou-se dispositivo relativamente barato, presente em
computadores de bordo até de modelos compactos.
Em tempos de preços altos e preocupações com emissões de CO2, é um dispositivo
bastante útil. Afinal, a única forma de combater o efeito estufa provocado por
esse gás é economizar combustível. Filtros ou catalisadores não servem, no
caso. Ao final, um monitoramento que traz vantagens pecuniárias.
Hoje, os controles de consumo e emissões para homologação são feitos em testes
padronizados em laboratórios, a fim de garantir repetibilidade. Esse cenário
começa a mudar na Europa com obrigação, em breve, de certificação nas ruas e
estradas em condições reais de uso, o que trará mais credibilidade aos
números.
O Grupo PSA (Peugeot, Citroën, DS e agora Opel) se adiantou. No fim de 2015
começou a desenvolver um protocolo de aferição em colaboração com duas ONGs e o
Bureau Veritas. Frota de 60 veículos rodou mais de 40.000 quilômetros, numa
iniciativa inédita no setor automobilístico, e tornou possível agora
estimativas com respeitabilidade para mais de mil versões de modelos das três
marcas.
Trabalho semelhante foi anunciado semana passada no Brasil pelo Instituto Mauá
de Tecnologia, de São Caetano do Sul (SP), porém com intuito específico de
comparar consumo de gasolina e etanol em motores flex. Foram escolhidos quatro
modelos: Fiat Uno 1,0 manual, Hyundai HB20 1,6 automático, Renault Duster 2,0
automático e Toyota Corolla 1,8 automático. Depois de instalados medidores de
combustível, percorreram 15 vezes o mesmo trajeto, em cidade e igual número, em
estrada.
O resultado demonstrou que, na média, o consumo de etanol ficou entre 70,7% e
75,4% do observado com gasolina. As referências do Programa Brasileiro de
Etiquetagem estão entre 66,7% e 72,1%, porém com gasolina padrão que contém 22%
de etanol anidro. Nos postos de serviço está autorizado até 27% de etanol
anidro, o que aumenta um pouco o consumo de gasolina. Daí a utilidade da
medição do computador de bordo para aferir o gasto em cada modelo e não deixar
de economizar ao abastecer. Outra forma seria fazer cálculos entre
abastecimentos ou usar aplicativos com essa função.
No entanto, deve-se observar que a adição de etanol à gasolina não aumenta o
consumo de forma absolutamente direta à diferença de poder calorífico
(energético) entre os dois combustíveis. Etanol proporciona melhores
rendimentos térmico e volumétrico ao motor. Este pode aproveitar melhor as
diferenças, se bem projetado.
Testes recentes feitos na Alemanha pela Clariant em três modelos Mercedes-Benz,
por 12 meses, indicaram que se o volume adicionado de 10% de etanol de cana ou
celulose à gasolina alemã subisse para 20%, o consumo seria exatamente o mesmo.
E ainda ajudaria na redução de CO2 no ciclo de vida do combustível. Nesse
aspecto específico (CO2), rivalizaria com um motor a diesel.
RODA VIVA
COMO se esperava, novo programa de diretrizes de
longo prazo à indústria automobilística vai atrasar. Batizado de Rota 2030,
esperado para 1º de janeiro próximo, cria estímulos para melhorar segurança e
economia dos produtos. Renúncia fiscal seria de apenas 0,5% do que recebe o
conjunto do setor industrial. Ainda assim, ministérios envolvidos não se
entendem.
DOS recentes boatos nos bastidores do setor, um é
particularmente curioso. O Grupo Caoa, que tem instalações industriais
completas e corpo próprio de engenharia, aproveitaria incentivos da Rota 2030
para fabricar em Anápolis (GO), além dos atuais produtos Hyundai, um automóvel
elétrico de projeto próprio. A empresa nega, mas sem tanta ênfase.
AUDI Q7 tem dimensões generosas (cinco e sete
lugares), mas se comporta com agilidade de um SUV menor. A começar pelo
diâmetro ideal do volante, posição de guiar e respostas vigorosas do silencioso
motor a diesel com torque de nada menos que 61,2 kgfm. Há modo de condução semiautônoma,
nível 2, sujeito a limitações de nossas ruas: faixas estreitas e mal
sinalizadas.
AINDA falta aprovação em plenário da Câmara dos
Deputados, mas o projeto de efeito suspensivo de multas de trânsito até última
instância, ou seja, depois de julgada pela Junta Administrativa de Recursos de
Infração, merece total apoio. Hoje o Código de Trânsito Brasileiro estimula o
motorista a não recorrer, ao firmar prazos inviáveis, burocracia e até oferecer
descontos.
ENTRE aplicações mais ousadas de inteligência
artificial, uma vem sendo desenvolvida pela japonesa Sumitomo, dona das marcas
Dunlop e Falken. Trata-se do sensoriamento das atividades dos pneus em
movimento para um futuro não tão distante. É um algoritmo planejado para medir
o desempenho em tempo real, a partir de vibração e rotação geradas.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista
especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter:
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