Alta Roda nº 964/314 – 26 /10 /2017
Fernando Calmon |
A
participação dos SUVs no mercado brasileiro subiu de 6,8% em 2012 para nada
menos de 17,4% em 2017. Do alto desses números, nenhum fabricante pode deixar
de atacar com mais e mais produtos. Foi exatamente o que a GM fez. Para
defender sua liderança, fechou a lacuna existente entre o Tracker e o
Trailblazer ao decidir importar do México o médio Chevrolet Equinox em sua
versão de topo, a Premier.
Esse segmento inclui mais de 15 competidores, desde os nacionais Jeep Compass
(este o líder em vendas destacado), Hyundai ix35 e New Tucson e até modelos
mais caros da Volvo e Land Rover. No entanto, a marca americana mirou na faixa
central de preço médio ponderado por vendas, que representa 50% do
mercado.
A primeira surpresa é justamente o preço único de R$ 149.900. Substitui com
vantagem o descontinuado Captiva por oferecer nível de equipamentos bem
superior. Mesmo isento de imposto de importação, seu preço parece subsidiado
pelo fabricante. Para se ter ideia, o mesmo modelo, com todos os opcionais, é
vendido nos Estados Unidos por cerca de R$ 120.000 (em conversão direta). Com a
carga fiscal muito maior no Brasil, o preço sugerido deveria superar R$
160.000.
Seu estilo atrai, mesmo sem ousadias. A cabine tem acabamento similar ao do
Cruze, com o qual partilha arquitetura. Por isso, à exceção dos bancos de couro
mais requintados, há plásticos duros em excesso, porém a “pobreza” para por aí.
Oferece teto solar panorâmico com abertura até o banco de trás, controle de
ruído feito com cancelamento por ondas sonoras (mediante uso dos alto-falantes),
duas memórias de regulagem elétrica do banco do motorista, vedação tripla das
portas, central multimídia de oito polegadas com Android Auto e Apple Car Play,
além de carregamento de celulares (compatíveis) por indução. Tampa do
porta-malas pode ser aberta ao passar o pé por baixo do para-choque.
Apresenta um bom pacote de itens de segurança. Além de seis airbags e
assistência de frenagem de emergência, há alertas de colisão frontal, ponto
cego, esquecimento de pessoas ou objetos no banco traseiro e de tráfego
transversal ao dar ré. Interessante é o assoalho traseiro plano, apesar de vir
com tração integral. Esse sistema, acionado por botão, pode variar de zero a
100% a distribuição de torque não só entre os eixos como também entre os lados
direito e esquerdo.
Motor 2-litros turbo com injeção direta de gasolina entrega 262 cv, 37 kgfm e
se integra de forma perfeita a um câmbio automático de nove marchas do tipo de
dupla embreagem (primeiro desse tipo fabricado pela GM). Esse conjunto permite
acelerar de zero a 100 km/h em 7,6 segundos, mais rápido que a maioria dos
concorrentes. A potência flui de forma contínua, com troca de marchas pouco
perceptíveis. A 120 km/h o motor quase sussurra a apenas 1.600 rpm. Por isso, o
ótimo consumo anunciado de 10,1 km/l na estrada e 8,4 km/l na cidade.
Direção e suspensões muito bem calibradas conseguem lidar bem com 1.693 kg de
massa total e 4,65 m de comprimento. O Equinox, apesar de altura típica de um
SUV, tem dirigibilidade próxima à de um automóvel. Pena o freio de
estacionamento elétrico não ter acionamento automático nas paradas.
RODA VIVA
APESAR de nova rodada de pressões das concessionárias
Fiat para lançamento de um SUV de maior porte com base na picape Toro, está
difícil a marca italiana ceder. Alega que no Grupo FCA cabem à Jeep os
utilitários esporte e não haveria razão para dividir mercado com o Compass. Na
Itália, porém, Jeep Renegade e Fiat 500 X saem da mesma linha de
montagem.
DURANTE Fórum Brasil-Alemanha de Mobilidade Elétrica,
semana passada em São Paulo, afloraram novas dificuldades para implantação no
País: custo alto das estações de recarga rápida (R$ 200.000), legislação para
permitir “varejo” de abastecimento em eletropostos, falta de padronização dos
plugues de recarga e transição para veículos elétricos lenta demais.
DESTAQUE para o motor Booster Jet do Suzuki Vitara e
sua integração com câmbio automático tradicional de seis marchas. Trata-se de
um 1,4-L turbo de 146 cv e 23,5 kgfm que assegura grande agilidade ao garantir
relação peso-potência de 8 kg/cv. Pareamento de telefones por wi-fi é muito
prático, sem fios para atrapalhar e ótima tela multimídia central de 10
polegadas.
PRIMEIRO Congresso Brasileiro do Mecânico, organizado
pela Infini Mídia (revistas O Mecânico e Carro), em São Paulo, mostrou
público-alvo bastante interessado em novas tecnologias e de se aproximar do
corpo técnico dos fabricantes de autopeças. Palestrantes abordaram todo o setor
e houve até “desentendimentos” em certos aspectos mais polêmicos.
INAUGURADO em São Paulo o Museu da Imprensa
Automobilística (Miau), de responsabilidade do jornalista Marcos Rozen.
Ambiente aconchegante e de muito cuidado com detalhes, inclusive cafeteria
temática, promove verdadeira viagem no tempo sobre a história do setor pelo lado
da comunicação especializada. Entrada a R$ 15, por tempo limitado. Contato:
miau.museu@gmail.com.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista
especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter: www.twitter.com/fernandocalmo fernando@calmon.jor.br e www.facebook.com/fernando.calmon2
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