sexta-feira, 16 de março de 2012

Padovan assume Abeiva na era do IPI maior



Pedro Kutney, AB
www.automotivebusiness.com.br
Flávio Padovan
Flavio Padovan (foto), presidente da Jaguar Land Rover para América Latina e Caribe, assumiu formalmente nesta quinta-feira, 15, a presidência da Abeiva, a associação dos importadores de veículos sem fábrica no Brasil. Neste início de sua gestão, que se estenderá no biênio 2012/2013, a principal preocupação é exatamente a mesma de seu antecessor, José Luiz Gandini: negociar com o governo uma fórmula para manter o setor competitivo depois que o IPI dos modelos importados de fora do Mercosul e México foi majorado em 30 pontos porcentuais. “É preciso reduzir o IPI para manter o setor vivo, com suas marcas e redes de concessionárias, até para justificar o investimento em uma fábrica”, afirmou Padovan.

“A porta de entrada para uma fábrica é a importação e a rede de concessionários”, completou Gandini, que não quis concorrer à reeleição na Abeiva e agora ficará exclusivamente à frente dos negócios da Kia do Brasil. “O que pedimos ao governo até agora foi para nos deixar vivos ao menos por algum tempo, até que nossas matrizes decidam se querem ou não construir fábricas aqui”, disse.

Para Padovan, a falta de definição clara do governo sobre o regime automotivo retarda e inviabiliza os planos de quem pretendia montar fábrica no Brasil – como é o caso da própria Land Rover que ele dirige, que em setembro passado estava com entendimentos avançados para definir a localização de uma planta de montagem em CKD, “mas aí veio o decreto (com o aumento de imposto) e precisamos esperar”, disse Padovan. “Não esperávamos que coisas desse tipo voltassem a acontecer no País. Depois disso muitas empresas que planejavam fazer fábricas aqui estão repensando.”

PROPOSTA DE COTAS DE IMPORTAÇÃO

Os importadores levaram ao governo a proposta de fixar uma cota de importação isenta do IPI maior, em torno de 200 mil unidades – equivalente ao volume do ano passado. “Acho incoerente fixar cota para o México (segundo indica a renegociação do acordo automotivo com aquele país) e não ter nada para importadores que estão aqui há tanto tempo”, disse.

A seu favor os importadores alegam que os carros mexicanos estão preenchendo o espaço deixado pelos modelos agora sobretaxados, e assim o aumento do IPI não estaria trazendo o efeito desejado pelo governo de reduzir importações e atrair fábricas. Segundo números contabilizados pela Abeiva, no primeiro bimestre de 2012 a participação dos associados da entidade nas vendas de importados foi de 17%, e de 4,5% sobre o mercado total, contra 5,6% antes do IPI maior. Já as compras do México corresponderam a 17% das importações de veículos e 6,5% de todos os emplacamentos nos primeiros dois meses do ano, em comparação a 2,8% antes da sobretaxação.

O novo dirigente da Abeiva prevê que a majoração do imposto será repassada aos preços finais em doses diferentes, dependendo da estratégia e das margens de cada importador, mas “só a partir de abril teremos a verdade nua e crua”, destacou, alegando que nem todos fizeram reajustes, pois algumas marcas ainda têm estoques de modelos importados antes da subida do IPI, em 15 de dezembro passado, e todos ainda aguardam pelas definições do governo no novo regime automotivo. “Só com o fim dos estoques e o aguardado novo decreto será possível refazer a estratégia de preços. Aí poderemos desenhar o cenário deste ano, mas é certo que deveremos ter queda de vendas”, avaliou.

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