Alta Roda nº 934/284
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Fernando Calmon |
Mobilidade é um tema quase onipresente nos debates
sobre presente e futuro das cidades depois que o mundo acelerou a migração do
campo para as megaconcentrações urbanas e seu entorno. Entre as diversas
facetas discutidas, pelo menos duas têm chamado atenção. Uma em razão do
potencial de diminuir emissões de gases sob regulamentação e de efeito estufa e
a outra, por melhorar as condições de trânsito.
A primeira centra-se na eletrificação parcial (hibridização) ou total. Os
planos ousados divulgados pela maioria das marcas apontam 50% de todos os
carros novos classificados como híbridos e até 20% elétricos, à altura da
metade da próxima década. Essa previsão está mais próxima de modelos de preço
médio a alto, porém o equilíbrio do negócio ainda continua um pouco turvo.
Relatório recente da J.D. Power aponta proprietários de Tesla não tão
satisfeitos com a qualidade de seus carros. A badalada empresa californiana só
produz automóveis elétricos na faixa de US$ 80.000 a US$ 100.000 (com impostos
brasileiros algo em torno de R$ 600.000). Prepara-se para lançar em 2018
modelos de US$ 35.000 e a consultoria lembra que os donos de veículos nessa
faixa de preço poderiam ser menos indulgentes por terem suas casas menos
recheadas de carros à disposição.
Sistemas de condução autônoma também aparecem em destaque quando se almejam
racionalização do uso do automóvel e diminuição do número deles nas ruas. As
coisas, porém, não são tão fáceis. Google e Apple desistiram de planos velados
para produção de carros autônomos, preferindo se concentrar apenas na
tecnologia e parcerias. Na segunda-feira, 20, a Uber anunciou ter suspendido os
seus testes com um Volvo XC90 autônomo de sua frota em ruas do estado americano
do Arizona, depois de um abalroamento por carro que não respeitou uma parada
obrigatória. Antes a empresa tinha sido proibida de continuar seus testes em
vias públicas da Califórnia.
Solução mais simples e facilitada pela conectividade dos veículos chega até o
fim do ano em São Paulo. O aplicativo de rotas alternativas Waze, propriedade
do Google, oferecerá nova opção de um programa de caronas já testado em outros
países. Anunciado na semana passada, sem data exata de implantação, lança mão
de quatro milhões de usuários de roteiros adaptativos que tornaram a cidade de
maior adesão a esse recurso no mundo.
Pelo cruzamento de dados de origem e destino um algoritmo descobre pessoas que
poderiam estar num mesmo veículo e na mesma rota. A ideia é realmente oferecer
carona em troca de pagamento mínimo para partilhar despesas, mas não foram
anunciados pormenores de como se fará esse controle e como se enquadrará na
regulamentação desses serviços na capital paulista. Não se trataria, portanto,
de mais um concorrente aos serviços de transporte alternativo a exemplo de
Uber, Cabify e outros já presentes em várias cidades brasileiras.
O gigante da informática entende que o verdadeiro vilão é o trânsito e não os
carros. Tirar automóveis das ruas e ainda economizar dinheiro por meio de um
serviço confiável de caronas poderiam mitigar um dos principais problemas de
São Paulo e outras grandes cidades brasileiras. Que assim seja.
RODA VIVA
ENTRE os quatro modelos que a VW lançará com sua
arquitetura mais moderna (MQB), depois do Polo, do sedã derivado Virtus e do
SUV compacto, surgirá uma picape compacta. Esta será maior do que a atual
Saveiro, com quatro portas, próxima às dimensões da Renault Duster Oroch, porém
menor que a Fiat Toro e sua carga útil de uma tonelada.
ARGENTINA, aos poucos, conquista mais produtos. Além de
fabricar cinco das seis picapes médias da região (e mais duas em breve),
receberá investimentos de Renault e Grupo PSA. De 2018 em diante os furgões
(MPV) Kangoo e Peugeot Partner/Citroën Berlingo, respectivamente, todos de nova
geração. PSA tem planos ousados com nova arquitetura CMP de modelos compactos e
médios.
ACONTECEU o esperado. Jeep Compass está vendendo
mais que o Renegade por atributos superiores e diferença de preço pequena. O
primeiro, de maior porte, tem espaço interno e porta-malas convincentes, além
de melhor isolamento do conjunto motor-câmbio automático de 9 marchas (igual ao
do Renegade). Mas visibilidade traseira do Compass poderia ser melhor.
CARRO FÁCIL, da seguradora Porto Seguro, inova como
assinatura de veículos. Aposta na mudança do ´ter´ para o ‘usar’. Trata-se de
uma espécie de leasing agregado a serviços de negociação, documentação,
manutenção e o próprio seguro mediante uma mensalidade. Por enquanto apenas no
Estado de São Paulo e algumas regiões do Rio de Janeiro.
PREFERÊNCIA de passagem em rotatórias é sempre de
quem já a adentrou. Mas boa parte dos motoristas desconhece essa norma,
lembrando-se apenas da regra da via preferencial em cruzamentos. Esse erro,
além de irritante, pode causar acidentes. Por isso seria muito bom o Denatran
providenciar uma campanha nacional de esclarecimento em nome da segurança no
trânsito.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista
especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
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