Wagner Gonzalez |
F-1 2017 começa no fim de semana
GP da Austrália marca nova era na categoria
Liberty Media quer apagar Era Eccclestone
Temporada terá 20 Grandes Prêmios
O Albert Park é um dos circuitos mais tradicionais da Austrália. Doug Whiteford (embaixo, à direita) venceu a primeira prova nesse traçado, em 1953, com um Lago-Talbot (Primotipo) |
Categoria mais importante do automobilismo internacional,
a F-1 inicia para valer sua temporada 2017 neste fim de semana, quando será
disputado o GP da Austrália, em Melbourne.
Após mais de quatro décadas sob o
comando de Bernie Ecclestone, o grupo norte-americano Liberty Media adquiriu o
controle da modalidade, agora explorada sob o guarda chuva de empresas liderado
pela empresa Formula One Administration, sediada em Londres. O calendário deste
ano terá 20 etapas, incluindo o Brasil, e a cada um deles será possível notar
as consequências práticas dessa mudança operacional e o melhor desempenho dos
carros agora equipados com asas e pneus maiores. Na coluna de hoje Conversa de
Pista enfoca a a primeira de uma série de textos sobre a nova realidade da
categoria e traz o calendário desta temporada. Nos próximos dias falaremos das
equipes, dos pilotos e das novidades técnicas.
Da direita para a esquerda, as primeiras quatro provas do Campeonato Mundial de F-1 de 2017: Austrália (26/3), China (9/4). Bahrein (16/4) e Russia (30/4). |
Após o grupo Liberty Media investir mais de US$ 8 bilhões
para adquirir o controle da F-1 as mudanças para dissociar os novos tempos da
era Bernie Ecclestone começaram a acontecer em ritmo acelerado. O próprio
Bernie foi substituído por três executivos (Chase Carey, presidente, e Ross
Brawn e Sean Bratches, diretores-gerentes para as áreas esportiva e comercial,
respectivamente) e ganhou o título de presidente emérito, nome pomposo para um
cargo que não tem nenhum poder executivo ou mesmo político.
A temporada européia inicia com o GP da Espanha (14/5), Mônaco (28/5). O GP do Canadá (11/6) interrompe a série que prossegue com o circuito de rua do Azerbaijão (25/6). |
As provas da Áustria (9/7), Grã-Bretanha (16/7), Hungria (30/7) e Bélgica (27/8) acontecem no alto verão europeu. Hungaroring é, disparado, o mais lento destes quatro traçados. |
As equipes, em particular as cinco menores, enxergam a
possibilidade de equilibrar a distribuição de lucros e, consequentemente,
construir carros mais competitivos; os patrocinadores pensam novas formas de
explorar o investimento nas escuderias e nos circuitos e os promotores são os
mais animados desses três setores. A forma de Bernie Ecclestone obter lucros
cada vez maiores e, em certos casos, inacreditáveis, parece estar com os dias
contados. Se ele não titubeava em vender datas no mais perfeito estilo “o preço
é esse, ponto” e criar GPs em países com tradição automobilística tão inócua
quanto India e Azerbaijão, Chase Carey já sinalizou que os circuitos
tradicionais serão tratados com mais carinho e novos países somente entrarão no
calendário se decididos a agregar valor ao esporte – leia-se categoria e
enxergue-se F-1.
Monza (3/9) encerra fase européia. Cingapura, corrida disputada à noite no traçado de Marina Bay, marca o retorno da F-1 ao continente asiático e precede Malásia (1/10) e Japão (8/10). |
Tudo indica que os promotores e proprietários de
circuitos terão vida mais fácil para equilibrar seus orçamentos, mas o futuro
imediato é um enredo que vale a pena acompanhar de perto. Ross Brawn, um dos
mais bem sucedidos – técnica e financeiramente – projetistas da categoria,
assumiu o cargo de diretor-gerente da área esportiva, acena com a inclusão de
uma corrida anual extracampeonato para avaliar possíveis mudanças no formato
dos GPs e direcionar o investimento das equipes a áreas mais consequentes:
“A corrida extra seria uma forma de avaliar novas
propostas sem por em risco o andamento de uma etapa do campeonato. No lado
técnico gastam-se milhões de dólares em sistemas como a suspensão e ninguém
sabe exatamente o que está acontecendo. Isso me faz perguntar se faz sentido
gastar tanto em algo que não agrega valor ao esporte.”
O continente americano aparece no calendário com as provas dos Estados Unidos (22/10), México (29/10) e Brasil (12/11. em Interlagos). Abu Dhabi (26/11) encerra a temporada. |
Nas últimas semanas a imprensa mundial dedicou bons
espaços ao novo bam-bam-bam Chase Carey, abrindo espaço para a repercussão de
suas declarações por parte do seu antecessor. O estadunidense admitiu que
considerou a hipótese de manter o inglês atuando a seu lado mas descobriu que
seus métodos de trabalho não eram compatíveis, algo que dá prestígio às
declarações de Brawn. A princípio Ecclestone esboçava uma posição tranquila com
relação à sua aposentadoria; isso mudou e nos últimos dias ele já não poupa críticas
e indiretas aos seus sucessores, postura que deixa no ar se ele realmente
aceitará pacificamente a nova fase de uma empresa que cresceu graças a seu tino
comercial eficiente, mas defasado em relação ao tempo do politicamente correto.
Wagner Gonzalez
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