Alta Roda nº 983/283 – 23 /03 /2017
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Fernando Calmon |
Fabricantes até tentam evitar lançamentos muito próximos
aos dos concorrentes para não dividir a atenção dos consumidores e da mídia,
mas, com tantas novidades, nem sempre é possível. Às vezes a coincidência é
proposital para embaçar a superexposição de um modelo muito aguardado. No
entanto, sem combinação, surgiu a “Semana Japonesa no Brasil”: de segunda a
sexta-feira passadas estrearam Honda WR-V, Toyota Corolla 2018 e Nissan
Frontier.
Embora um observador mais atento encontre muito pontos em comum com o Fit,
objetivo do projeto do WR-V foi pegar uma base bem conhecida e transformá-la em
um crossover-SUV urbano, desejado segundo pesquisas. A faixa de preços apertada
entre o Fit EXL e o HR-V LX pode levar a alguma canibalização. O novo produto –
de R$ 79.400 a 83.400 – custa em média cerca de 8% abaixo do HR-V. Este é 29 cm
mais longo e tem porta-malas maior (437, ante 363 litros).
A frente do WR-V ficou bem resolvida. Já as lanternas traseiras parecem de
certa forma exageradas. Com 20,7 cm de altura livre do solo, o fabricante foi
competente na reformulação da suspensão. O carro apresenta boa relação
conforto-dirigibilidade. Seu diâmetro de giro de 10,6 m facilita as manobras.
De série há bolsas de ar frontais e laterais (mais duas do tipo cortina na
versão de topo), além de luzes diurnas em LED. O interior é praticamente igual
ao do Fit, com 2,5 cm extras de entre-eixos, mudando apenas forração dos bancos
e apliques no painel frontal. Motor e câmbio CVT são os mesmos, lidando bem com
um aumento de massa marginal (mais 22 kg).
O Corolla atual completou três anos e, apesar de liderança folgada entre os
sedãs médios-compactos, chegou a hora de fazer os retoques de praxe,
principalmente na parte frontal que ficou, de fato, melhor. Linha de cintura está
levemente mais alta. O carro ganhou itens de segurança de série antes
inexistentes como sistemas de controle de trajetória, tração e subida de rampa,
além de sete bolsas de ar (uma para joelho do motorista). Manteve motor de 2
litros, 154 cv, 20,5 kgfm e câmbio CVT de sete “marchas” (virtuais). Única
mudança mecânica está nas suspensões em razão de rodas altas (17 pol), pneus de
perfil baixo (215/50) e 0,5 cm de elevação na altura de rodagem. Esta ficou
ligeiramente mais áspera em pisos irregulares, sem chegar a incomodar.
Por dentro não houve grandes modificações, mas a versão de topo Altis
finalmente ganhou controle bizona do ar-condicionado. Foi acrescentada a versão
esportivada XRS, sem nenhuma alteração do trem de força (nem opção de câmbio
manual, como no Civic Sport), porém o pacote visual ficou agradável. Os preços
vão de R$ 90.990 a 114.990. A Toyota absorveu os custos de alguns dos
equipamentos extras na linha 2018. A nova geração do modelo só chega em 2019.
A Nissan não quis perder tempo e começou a importar a nova Frontier do México,
em versão única e completa ao preço de R$ 166.700. No próximo ano essa picape
média de cabine dupla e quatro portas virá da Argentina. Carroceria, chassi,
motor (2,3 litros biturbo; 190 cv; 45,9 kgfm) e câmbio automático (sete
marchas, antes apenas cinco) são todos novos. Além de uma curva de torque
favorável, o desempenho melhorou porque o peso em ordem de marcha diminuiu de
2.066 kg para 1.985 kg.
Em estradas de terra o conforto de marcha evoluiu bastante em razão da
substituição das tradicionais molas semielípticas traseiras por helicoidais,
mantendo o eixo rígido. No asfalto, fazem falta rodas de 17 pol. de diâmetro
(são de 16 pol.) para melhorar a estabilidade direcional. O motorista ganhou
posição de dirigir melhor graças às novas regulagens elétricas do banco.
Ar-condicionado tem duas zonas de atuação, muito útil em um veículo com
interior deste porte. Atrás há bastante espaço, mas o assoalho em posição alta
prejudica o conforto, como em todas as picapes que utilizam chassi tipo escada
ao qual a cabine é aparafusada.
RODA VIVA
AGORA que a GM iniciou, em São Caetano do Sul, o processo de modernização
total de sua primeira fábrica inaugurada em 1930, abre-se a possibilidade de
produção de um SUV (novo Tracker) e uma picape compacta de nova geração
(Montana). Projetos não serão mais executados aqui, mas nos EUA e China. Brasil
perdeu seu centro de desenvolvimento.
TOYOTA decidiu lançar na Argentina o Innova, monovolume médio-grande
importado da Indonésia. Utiliza a mesma base mecânica da Hilux e do SW4
fabricados no país vizinho. Se tiver boa aceitação lá e pesquisas indicarem
algum interesse dos mercados brasileiro e sul-americano, é possível a marca
japonesa decidir produzi-lo em Zarate, a 90 km de Buenos Aires.
LAND ROVER começa a entregar novo Discovery (5ª geração) no final de
junho, apenas três meses depois da Europa. SUV de grande porte – sete
passageiros – perdeu 480 kg ao ampliar estrutura de alumínio. Melhorou também
em aerodinâmica (Cx 0,33, antes 0,40). Interior inclui rebatimento elétrico de
cinco bancos. Rodas até 22 pol. Preços: R$ 363.000 a 429.000.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
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