quarta-feira, 21 de março de 2012

Nissan pode ser maior prejudicada em cota de importação do México


Pedro Kutney, AB
www.automotivebusiness.com.br
No rearranjo do acordo de comércio de veículos leves entre Brasil e México, que estipulou teto de importação para o mercado brasileiro de US$ 1,45 bilhão nos próximos 12 meses (US$ 750 milhões a menos do em 2011), começa agora a etapa de divisão do bolo, que pode ser chamada de “briga de foice” dos exportadores mexicanos por um pedaço da cota que poderão usar sem pagar imposto de importação nem os 30 pontos extras de IPI. Ficou para a Amia, a associação dos fabricantes instalados no México, a decisão sobre a distribuição de valores para cada um dos associados. O valor passará a US$ 1,56 bilhão em 2013 e US$ 1,64 bilhão em 2014. Depois disso espera-se a volta do livre comércio automotivo entre os dois países.

Seis montadoras com fábricas no Brasil (Fiat, Volkswagen, General Motors, Ford, Nissan e Honda) em 2011 trouxeram 16 modelos diferentes de suas linhas de montagem mexicanas. Destas, a Nissan pode ser a mais prejudicada, pois tem sua estratégia comercial no Brasil fortemente baseada em seis carros que traz do México, incluindo o seu campeão de vendas aqui, o compacto March (foto). Juntos, os mexicanos fizeram a Nissan saltar para a sexta posição do ranking das marcas mais vendidas no País neste começo de 2012. No ano passado, a marca trouxe do México 36,7 mil unidades, ou 31% de todos os veículos exportados daquele país para cá.

Em segundo lugar, mas bem menos dependente de suas operações mexicanas, está a Ford, com 22,6 mil unidades em 2011 de três modelos feitos em Hermocillo, que representaram 19% das vendas de mexicanos no mercado brasileiro. Em terceiro ficou a Volkswagen com 16,6 mil unidades de quatro modelos e 14% das importações vindas daquele país.

Umas das possibilidades é que os preços desses veículos comecem a subir desde já. Assim, quando a cota terminar, os aumentos poderiam ser suavizados. Também é possível que alguns fabricantes optem por absorver uma parte da elevação dos custos em suas margens. E se o novo regime automotivo em gestação no governo confirmar a concessão de créditos tributários aos importadores que investirem em fábricas no País, os 30 pontos extras de IPI pagos nos embarques que excederem as cotas poderão ser recuperados mais adiante. Juntando tudo, pode ser que a queda das importações de veículos nem seja tão grande quanto o governo desejava.

Em 2011 as importações de automóveis mexicanos para o Brasil somaram 117,6 mil unidades, em crescimento de 66% em relação a 2010. O volume representou 14% dos modelos importados vendidos no mercado brasileiro no ano passado. Com isso, o México foi o terceiro maior exportador de carros para o Brasil, atrás da Coreia (164 mil veículos, equivalentes a 20% do total de importados, com 13,6% de expansão sobre 2010) e da Argentina (375,7 mil, 44% de participação e 6,7% de avanço). Em valores, as exportações de veículos do México para cá totalizaram US$ 2,1 bilhões, e as daqui para lá US$ 500 milhões, deixando saldo negativo para o Brasil de US$ 1,6 bilhão.

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