Salão
do Automóvel de Frankfurt, o maior do mundo, vai até o próximo dia 27 e muito
além de dezenas de modelos inteiramente novos, repaginados, com nova mecânica,
tração elétrica ou híbrida. A começar pelo tema deste ano: Mobilility Connects
(Mobilidade Conecta, em tradução livre). Modo inteligente de dizer que não há
mais como separar as duas coisas.
Há quem goste e outros torçam o nariz, mas o avanço dos SUVs continua e ainda
com mais força. Se não, como explicar uma marca premium, como a Bentley, lançar
o Bentayga? Motor W12, inacreditáveis 92 kgfm de torque, mais de 2,4 toneladas
de peso e pela primeira vez, num modelo desse tipo, velocidade máxima de 301
km/h! Jaguar também aposta nesse veio de ouro: F-Pace para brigar com Porsche
Macan, BMW X3/X4, Mercedes-Benz GLC, Audi Q5 e o que mais vier pela frente.
Maserati, Lamborghini e Alfa Romeo já anunciaram que entrarão no carrossel em
posições diferentes.
No segmento logo abaixo de SUVs e crossovers, a VW reformulou o Tiguan (há oito
anos sem mudanças de porte) e partiu para uma carroceria mais baixa, larga e
longa para levar até sete passageiros. Até a nova marca da PSA Peugeot Citroën
tinha o DS 4 Crossback, que chamou de modelo-conceito, porém pronto para o
mercado. A Toyota tem o C-HR, de linhas arrojadas (ainda conceitual) para
desafiar a arquirrival Honda e seu HR-V. BMW reformulou o X1, agora com tração
dianteira, a ser produzido em Santa Catarina em 2016.
Conversíveis representam o nicho do nicho de qualquer fabricante. Nada impede
que Rolls-Royce Dawn e Mercedes-Benz Classe S apostem que endinheirados pelo
mundo vão suspirar por eles. Ford optou por embutir o estepe do EcoSport, como
preferem os europeus. Renault tem agora um sedã de topo, Talisman, muito mais
elegante que o Laguna e o Latitude, mas bater de frente, entre outros, com o
novo Audi A4, 120 kg mais leve e tecnologias de ponta, é missão ingrata.
Grupo FCA aposta nos extremos. Fiat deu os primeiros retoques, por fora e por
dentro, no bem-sucedido subcompacto 500. E, na outra ponta, Alfa Romeo ressurge
das cinzas: Giulia Quadrifoglio, 510 cv, e botão de partida no aro do volante
(como no Ferrari 488 Spider, estreante em Frankfurt). Faltou ver o modelo na
versão “civil” e sua faixa de preço.
Peugeot demonstrou sua ousadia com o roadster-conceito elétrico Fractal. Só não
roubou a cena porque o carro conceito híbrido Mercedes-Benz IAA, pode mudar
aerodinamicamente, variando largura e comprimento da carroceria, à medida que a
velocidade aumenta.
Porsche aproveitou a mostra no seu quintal para retocar o 911 Carrera e seguir
dois passos previsíveis e importantes: agora só motores turbo (3 L/370 e 420
cv) e caixa automatizada de duas embreagens (fim do câmbio manual). Instigante,
porém, foi o Mission E Concept. Sedã-cupê de quatro portas, as de trás de
abertura reversa, linhas finais ainda por evoluir. Futuro primeiro Porsche
totalmente elétrico, 600 cv, 500 km de autonomia e de 0 a 200 km/h em menos de
12 s.
Duas notícias, ainda do salão: BMW e Toyota podem aprofundar sua aliança
estratégica e oito fabricantes se comprometeram a incluir sistemas
antiatropelamento de série.
RODA VIVA
CONGRESSO da Fenabrave na semana passada em São Paulo, no ano em
que a entidade das concessionárias completa meio século, teve o lema Inove para
Vencer. Procurou injeção de ânimo em setor fortemente afetado pela fraca
economia do País e a crise de confiança (a pior). Ordem é investir em qualidade
percebida, rapidez no atendimento e fazer certo já na primeira vez.
NOVO Audi A4 recebeu mudanças sutis de estilo, mas
evoluiu bastante em eletrônica de bordo, mecânica e interior. É recordista em
aerodinâmica (Cx 0,23). Há três motores turbo a gasolina, quatro cilindros (150
a 272 cv). Curiosamente, único V-6 é diesel. Consumo de combustível caiu até
21% e potência subiu até 25%. Caixa automatizada (duas embreagens) substituiu
CVT.
LANÇADO em Veneza e por ruas e estradas das
redondezas, A4 ganhou em dirigibilidade: suspensões de cinco braços e
ajustáveis em altura (2,3 cm) opcional. Sistema de assistência em tráfego
permite guiar sem mãos no volante, por 10 segundos, até 50 km/h. No Brasil, no
segundo trimestre de 2016, inclusive 1,4 L/150 cv turboflex (motor nacional).
HYUNDAI HB 20 reestilizado chega em 10 de outubro
próximo, inicialmente na versão hatch. Estilo mais elegante, nova central
multimídia (espelha telefones Android e Apple), airbags laterais,
ar-condicionado digital e opção de bancos de couro marrom destacam-se. Câmbios
manual ou automático, seis marchas, mudaram a dinâmica do carro. Preços: R$ 38.995
a R$ 63.535.
FINALMENTE, extintor de incêndio passou a ser facultativo.
Princípios de incêndio, para os quais se fabricam extintores, são bem raros em
carros modernos. Entre veículos leves com seguro representam apenas 0,04% das
ocorrências relatadas. Além disso, as pessoas não sabem usar e em acidentes
graves há casos de ferimentos causados por eles.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter:
www.twitter.com/fernandocalmon
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