O nome de Eric Saul é
bastante familiar para quem acompanhou os GPs do Campeonato Mundial de
Motovelocidade nas décadas de 1970 e 1980. Vencedor de dois GPs (Itália-1981,
na categoria 250, e Áustria-1982, na 350), este francês nascido em Paris teve
seu melhor campeonato em 1982, quando terminou em quarto lugar na 350. Esta foi
sua última temporada completa, mas ele ainda fez aparições esporádicas no
Mundial até 1986. Até hoje, é muito popular na França e é uma das lendas do
esporte no país.
Saul começou a correr no início da década de 1970
e destacou-se ao ser campeão da disputadíssima Kawasaki 400 Cup (campeonato que
revelou vários talentos franceses) em 1975. Desde 1999, Saul concilia as
funções de piloto e organizador de corridas. Ele é um dos fundadores do TZ Club
de France e decidiu que aquelas motos mereciam mais do que fazer simples
demonstrações ao público. Começou a organizar corridas para elas e, em 2003,
foi realizado o primeiro campeonato do ICGP. Fez o ICGP tornar-se referencial
entre os campeonatos de motos clássicas - e com espaço para crescer ainda mais,
como ele revela a seguir.
Como piloto, a segunda fase da carreira de Eric
Saul rendeu-lhe três títulos no ICGP, categoria 350, em 2007, 2008 e 2010. Sua
companheira, Sandrine Dufils, também já correu no ICGP. Nesta temporada, Saul
ficou de fora das três primeiras etapas por estar se recuperando de uma
cirurgia no quadril. Mas assegura: estará de volta ao guidão de sua Chevallier
para os últimos três GPs da temporada - e aguarda com ansiedade pelo momento de
chegar ao Brasil, onde nunca esteve antes.
Por que você criou o ICGP?
Para correr com meus colegas da época. Em 1997, eu
fiz parte do grupo que criou o "TZ Club de France" e achamos que
seria uma boa ideia fazer corridas com elas, em vez de voltas de demonstração
apenas.
A primeira corrida do ICGP aconteceu
em 1999, mas somente em 2003 ele se transformou em um campeonato. Por quê?
Realmente, começamos com corridas isoladas. Antes
mesmo de Paul Ricard em 1999 (primeiro evento do ICGP), organizei uma viagem a
Daytona durante a Bike Week, em 1998, com dez pilotos franceses. Corremos lá
todos os anos até 2001. Eu precisava juntar um número expressivo de pilotos
antes de criar um campeonato de verdade. Demorou até 2003 para isso acontecer.
A corrida de Goiânia, então, será a primeira válida
pelo campeonato do ICGP fora da Europa...
Sim. Tivemos corridas nos Estados Unidos, em
Daytona, mas elas não valiam para o campeonato.
Você já esteve no Brasil antes?
Vai ser minha primeira vez e estou com grande
expectativa!
Para o ICGP, qual é a importância de ter uma corrida
no Brasil?
É muito interessante ter essa corrida no Brasil
porque o objetivo do ICGP é se transformar no futuro em "World Classic
Championship", com corridas em todo o mundo. Goiânia será a primeira
corrida fora da Europa a valer para o campeonato.
Por que as categorias 500 e 125, que também eram muito
populares e com grids cheios nas décadas de 70 e 80, não são elegíveis para o
ICGP? Você pensa, ou já pensou, em abrir o ICGP para elas?
Muita gente me perguntou isso nos últimos anos!
Pela minha experiência, sei que as 250 e 350 são mais apropriadas para competir
juntas, por terem velocidade máxima e aceleração muito próximas. Adicionar as
125 ou as 500 na mesma corrida criaria risco de acidentes devido à diferença de
desempenho entre as motos. Além disso, já temos um bom número de participantes,
com uma média de 34 pilotos em cada etapa. E a estrutura dos circuitos não
permite ter muito mais que isso no grid.
Você venceu dois GPs em 1981 e
1982. Quais são suas melhores lembranças dos seus tempos de piloto de GP?
Obviamente, vencer um GP pela primeira vez é uma
ótima recordação. Mas uma das melhores é de meu primeiro GP fora da França. Foi
em Silverstone, em 1977. Terminei em terceiro lugar e fiz a melhor volta na
250, tendo liderado três voltas. Outra boa corrida foi o GP da França 350 em
1980. Lutei com Jon Ekerold e Johnny Cecotto durante toda a corrida e também
terminei em terceiro.
Tem-se a impressão de que os
paddocks do ICGP são muito semelhantes aos dos GPs das décadas de 1970 e 1980:
relaxados, descontraídos... Isto é intencional ou é apenas coincidência?
Você está certo, o ICGP é isso: recriar a
atmosfera dos GPs dos anos 70 e 80, com os pilotos fazendo amizades e
confraternizando a cada corrida.
Apenas por curiosidade: qual
foi a melhor moto que você pilotou? E a pior?
A melhor foi a Chevallier que eu ainda uso hoje no
ICGP. A pior foi a Comoth que usei em 1984. Era uma 250 com motor Rotax. A
dirigibilidade era perfeita, mas o motor era muito pouco potente.
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