Alta Roda nº 893/243 – 16 /06 /2016
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Fernando Calmon |
Se a onda de desânimo e falta de confiança de compradores
e investidores levaram à penosa situação atual do mercado, alguma luz de
esperança começa a surgir para 2017. Esse foi um dos principias indicadores do
seminário Revisão das Perspectivas 2016, da AutoData, esta semana em São Paulo.
Até agora nenhum executivo quis se comprometer sobre o que pode ocorrer no
próximo ano. Há apenas o consenso de fundo do poço em 2016. Anfavea prefere
esperar mais dados nos próximos meses para rever números. Mas surge o
sentimento de que mudanças econômicas em curso melhorariam o humor de pessoas e
empresas. O novo presidente do Sindipeças, Dan Ioschpe, previu crescimento do
PIB de forma bastante modesta em 2017: apenas 1,3%.
Esse patamar o autoriza a estimar que a produção de veículos leves e pesados
subirá 2,7% no ano que vem, incluindo mercado interno e exportações. Se parece
um alívio, Ioschpe deixou claro: “Sempre é bom voltar a crescer, mas igualar os
números recordes de 2013, por enquanto, não vislumbro antes de 2023”.
Nas palestras houve reconhecimento do artificialismo que inflou as vendas no
passado recente, conduzindo ao excesso de capacidade e à redução do nível de
emprego. Importante, porém, saber que o mercado brasileiro não está saturado.
Alguns esperam um sinal positivo de recuperação da confiança para “acordar” os
compradores. Vendas represadas trariam condições de encurtar essa nova década
perdida para o setor automobilístico.
Outro debate foi a liberação sumária para automóveis a diesel por meio de um
projeto de lei em discussão na Câmara dos Deputados. A Cummins e a consultoria
Power Systems Research apresentaram argumentos contrários, enquanto FPT
Industrial e MWM mostraram-se favoráveis, talvez com a expectativa de produzir
aqui estes motores, algo muito improvável pois seriam importados. Anfavea
reafirmou sua desaprovação, entre outros motivos pelos investimentos já feitos
para melhorar o consumo dos motores atuais.
O assunto diesel não é novo. Dois projetos de lei anteriores foram arquivados.
Depois de toda a confusão envolvendo emissões poluentes desse combustível no
exterior nos últimos nove meses, pairam dúvidas sobre as reais razões de
reabertura do tema. Se a referência for CO2, não há condições de o diesel
competir com bioetanol de cana-de-açúcar no Brasil. Pelo contrário, só
danificará a matriz energética do País.
Miguel Fonseca, vice-presidente da Toyota, reafirmou a aposta da empresa em
híbridos (motores a gasolina ou flex, no caso brasileiro, auxiliados por motor
elétrico) e nas pilhas a hidrogênio para automóveis puramente elétricos. Ele
acredita que 40% das vendas da marca na América Latina até 2030 virão dessas
duas opções. E, em 2050, a totalidade de sua comercialização no mundo.
Significa que motor a combustão não acaba tão cedo.
RODA VIVA
INAUGURAÇÃO da fábrica do grupo Jaguar Land Rover, em Itatiaia (RJ), fecha
o ciclo de novos entrantes para produção de modelos mais caros. Capacidade:
24.000 unidades/ano. Range Rover Evoque e Discovery Sport têm índice de
nacionalização inicial em torno de 40%. Anteriormente, Land Rover montou o
Defender em São Bernardo do Campo (SP) de 1998 a 2005.
APESAR da situação do mercado de veículos (quase 50% de queda acumulada
nas vendas em dois anos), o País não perdeu tanto protagonismo na região.
Volkswagen é mais um grupo a ampliar a abrangência administrativa de seu
principal executivo no Brasil. O sul-africano David Powels responde agora pela
América do Sul, América Central e Caribe.
BMW M2 chega este mês às lojas como um cupê compacto de tração traseira
(partilha a mesma arquitetura do hatch Série 1) de desempenho excepcional:
acelera de 0 a 100 km/h em apenas 4,3 s. Utiliza um raro, nos dias de hoje,
motor turbo de 6 cilindros em linha, 3 L, 370 cv e nada menos de 47,4 kgfm.
Preço de R$ 379.950,00, ou mais de R$ 1.000 por cv.
ESCALADA de oferta de câmbios automáticos em carros compactos inclui os
Nissan March e Versa, nas versões de 1,6 L. Marca japonesa optou por um CVT
(marchas infinitas dentro de intervalo fixo de maior e menor redução), mais
adequado a uma condução urbana moderada. Poupa combustível, mas é encarecido
pela importação: a opção custa R$ 4.800.
SEGUNDO pesquisa da J.D. Power do Brasil, subiu o índice de satisfação no
processo de compra de veículos novos. Com menos interessados para atender, as
concessionárias estão se esforçando mais para vender e procurando fidelizar os
clientes. Índice de avaliação positiva subiu de 774 pontos (numa escala até
1.000), em 2015, para 793 pontos este ano.
ESTÁ disponível aqui óleo sintético de última geração cujo foco é manter a
capacidade de lubrificação em temperaturas altas. Essas condições ocorrem em
motores modernos de baixa cilindrada e alta potência. Parceira da Mercedes-Benz
na F-1, Petronas desenvolveu o Syntium CoolTech para maior dissipação de calor
nos motores de competição.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
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