Alta Roda nº 895/245 – 30 /06 /2016
Fernando Calmon |
A eficiência energética é tema importante e que
veio para ficar. Pode-se considerar até uma conquista e o único aspecto
merecedor de apoio incondicional do controvertido programa Inovar-Auto implantado
no quinquênio 2013-2017. Sua principal consequência está sendo a modernização e
o lançamento de motores novos por quase todos os fabricantes de veículos leves
no Brasil.
Ainda causa suspense saber quem vai optar pelo bônus para superar a meta obrigatória
na média de todos os veículos produzidos por cada fabricante. A exigência é
redução mínima de 12,1% no consumo de combustível em km/l (na realidade,
autonomia) ou megajoule/km, unidade que expressa de forma correta as diferenças
de poder calorífico entre etanol e gasolina.
Entretanto, há um prêmio de 1% no IPI para os que atingirem 15,5% de incremento
na eficiência energética e mais 1% para alcançar 19%, ou seja, a meta-alvo. Em
1º de outubro próximo se conhecerão as marcas habilitadas para tal e esse se
trata de segredo estratégico.
Recentemente, em São Paulo, a Associação Brasileira de Engenharia (AEA)
organizou o II Simpósio de Eficiência, Emissões e Combustíveis. Ficou
ressaltado o sucesso de 30 anos do Proconve (Programa de Controle de Poluição
do Ar por Veículos Automotores) e a junção bem-sucedida com as metas do
programa de eficiência energética, a única parte do Inovar-Auto que merece e
deve ter continuidade depois de 2017.
Também recebeu total reconhecimento o Programa Brasileiro de Etiquetagem
Veicular (PBEV), conduzido com alta competência pelo Inmetro (Instituto
Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia), e a consolidação confiável dos
valores de consumo de combustível, emissões de poluentes e de gás carbônico
(CO2) numa única tabela. Daí se consolidou a nota triplo A no País para
automóveis e comerciais leves fabricados aqui ou importados.
Vários outros pontos foram debatidos entre eles as futuras normas de emissões
PL7. Está difícil de chegar a um consenso. A Cetesb (Companhia de Tecnologia de
Saneamento Ambiental do governo paulista) chamou atenção sobre a necessidade de
apertar o controle de emissão de vapor de combustível durante o abastecimento
nos postos e a utilização de parâmetros nacionais. Esses gases são precursores
de ozônio ao nível do solo, um problema nas grandes cidades agravado no
inverno.
Aditivos para gasolina foi assunto considerado importante quando se analisa em
conjunto meio ambiente e eficiência energética. Infelizmente a aditivação
básica obrigatória está atrasada por discordâncias entre a Petrobrás e o órgão
regulador ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).
Deve-se ressaltar que cada distribuidora, se assim optar, continuará a
desenvolver e comercializar seu próprio pacote de aditivos, o que significa
combustível ainda melhor.
A consultoria AVL destacou a eletrificação de sistemas e tecnologias híbridas.
A combinação entre motores a combustão interna e elétrica, que na Europa ganhou
muita força depois do atual imbróglio do diesel em automóveis, significará um
grande salto em eficiência energética. O Brasil ainda não acordou para essa
realidade.
RODA VIVA
NOVELA de livre comércio de veículos entre Brasil e Argentina concluiu
mais um capítulo. Agora o acordo se estenderá até 2020 e continua o estranho
regime: a cada US$ 1,5 exportado, o Brasil pode importar US$ 1, sem taxas. Pelo
tratado do Mercosul, desde o ano 2000 deveria haver livre circulação de
produtos. Este é o sexto adiamento e, se espera, o último.
QUARTA geração do Kia Sportage chegou ao mercado com mais espaço interno,
estilo bastante atual e até com melhora aerodinâmica (Cx 0,33). Motor continua
o 2-L/167 cv (etanol). Oferta será limitada pelas cotas de importação, porém a
preço competitivo: R$ 109.990 a 134.990. Há dois bancos elétricos na frente;
falta indicador de consumo no computador de bordo.
AUDI A4 teve mudanças estilísticas discretas, mas ao rodar em cidade e
estrada é fácil de notar as diferenças. Motor turbo 2-L/190 cv impressiona
também pelos 32,6 kgfm de torque e economia de combustível. Interior está mais
moderno e comportamento em curvas, exemplar. Avanços em direção semiautônoma
ainda dependem de homologação no Brasil.
POUCO mais de três anos atrás, desavisados atribuíam automóveis caros ao “lucro
Brasil”, embora os preços tenham caído em termais reais por quase uma década.
Hoje o cenário é oposto, segundo dados do Banco Central. As matrizes enviaram,
de janeiro a maio deste ano, quase US$ 2 bilhões para cobrir o “prejuízo
Brasil”. Há marcas perdendo US$ 1 milhão por dia...
LEITOR Everton Lima, de São Paulo, chama atenção para as seguidas negativas que
vem enfrentando para obter carteira de habilitação por ter baixa acuidade
visual. Nos EUA as leis de trânsito permitem o uso de lentes de correção
acopladas aos óculos, chamadas de telelupa kepler, de acordo com regulamentação
específica. Pena o Brasil não aceitar essa possibilidade.
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
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