Coluna 3916 -23.09.2016 - edita@rnasser.com.br
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Arrumando a casa. Novos Uno 1,0 e 1,3
Não é novidade aos leitores da Coluna. Os
novos Uno foram por ela descritos tanto nas modificações quanto na postura
mercadológica, de portar novidades estéticas, de composição no conteúdo –
chegando ao controle de tração -, marcados por novos motores, o GSM
publicitariamente ditos Firefly.
Fiat tem problemas internos com leque de produtos sob o
peso dos anos, supressão de alguns, e as vendas do Mobi, expectativo de ser o
mais vendido da marca, sem sê-lo. O Uno, mais vendido e agora visualmente mais
careta, inicia processo de renovação com alterações estéticas, incremento ao
conteúdo, e novos motores.
Para entender, todas as marcas devem substituir motores
em função das novas regras europeias e norte americanas de consumo e emissões.
Sua mescla permeia ao Brasil e a globalização exibe padrão. Assim, os GSM são
os Fire dos atuais dias, e sobre ele, com expansão de cilindrada, aposição de
um turbo ou dois -, será unidade de força da maioria dos Fiat nacionais nas
próximas duas décadas.
Uma olhada percebe liberdade conceitual. Desde as folgas
mínimas internas nos motores concedendo utilizar óleo lubrificante 0W20, o uso
de corrente sem manutenção acionando o comando de válvulas; sua capacidade de
atrasá-lo em até 50 graus quando a velocidade está estabilizada; bombas de óleo
e água funcionando sob demanda; alternador sem operar quando a bateria está
carregada; sistema stop/start; bielas longas.
Vê-se, mudou o objetivo. Não se persegue potência mas
torque, dado verdadeiramente influente em 90% do uso do automóvel.
Motores com bloco e cabeçote em alumínio e duas válvulas
por cilindro para aumentar torque em baixas rotações e reduzir custo de
produção. Família é modular, as peças internas – bielas, pistões, pinos, anéis,
válvulas et coetera, são iguais, e o motor de quatro cilindros 1,3
é um três 1,0 com um terço a mais. Direção elétrica para economizar
combustível. No conjunto, o motor 1,0 faz 10,4 ou 10,9 m.kgf de torque com
gasácool ou álcool, maior dentre os 1.0 disponíveis no Brasil. Não buscando
potencia, esta ficou entre 72 a 77 cv com os dois combustíveis.
1,3 gerando 13,7 a 14,2 m.kgf de torque e potencia de 101
a 107 cv.
Pesando pouco mais de uma tonelada, a fórmula promete
bons resultados dinâmicos em capacidade de acelerar.
Preços entre R$ 42.970 e R$ 53.690 para o 1,3 com
transmissão automatizada Dualogic. Considerando o Mobi inicial oferecido a R$
29.900 ve-se, a Fiat criou espaço para separar os produtos por aplicação e
conteúdo. O Mobi mantém o motor Fire em última geração de quatro cilindros, fim
do ciclo.
Sem incentivos, mas com projetos
Nos últimos 50 anos de operação, a atividade de fazer veículos
a cada crise juntava seus agentes e aplicava fórmula desequilibrada. Empregados
e empregadores iam ao governo e pediam soluções para impedir demissões. Como a
maioria dos governos não tem projetos, não utiliza a atividade alheia para
alicerçar seu crescimento, resolvia de maneira prática: reduzia impostos. A
opção satisfazia três partes e era confortável, pois jogava nas costas de um
quarto participante, o contribuinte, sem consultá-lo sobre a redução da
arrecadação em nome de favorecer um segmento – e desfavorecer os outros.
Nunca se saberá, efetivamente, a verdade da fórmula e dos
números apresentados. Era mais elaborada quando de sua primeira edição, em
1965. Ao tempo, ao governo militar foi apresentada a primeira queda de vendas
nos quase 10 anos de indústria nacional. Revendedores deram a sugestão, e
governo complementou. Deu no Carro Econômico.
A fórmula se repetiu sem o componente de caráter popular,
no governo Itamar Franco e os carros 1.0. Os Econômicos eram
desequipados, pelados, desconto de 75% nos 25% do IVC, o imposto de
então, e financiados em 90% pela Caixa Econômica Federal. Nos 1.0 IPI quase a
Zero %. Ambos re engataram vendas.
As soluções mais recentes são superficiais, apenas
reduzindo o IPI de algumas faixas de cilindrada do motor.
Agora, com queda monumental, a fórmula estressada não dá
mais resultado. Phillip Schiemer, 52, presidente da Mercedes-Benz, o fabricante
mais tradicional do país e quem anota 60% de queda de vendas 60% e as maiores
dificuldades para reduzir o pessoal ocioso, foi o primeiro a dar o recado nas
Páginas Amarelas da revista Veja: Subsídio é um modelo falido e com ele
a indústria brasileira poderá sumir.
Empresas pensam em décadas, governos apenas na próxima
eleição, a cada 2 anos. Empresas tem que vender e fazer lucros para pagar
contas ao final do mês. Governo nem sempre paga as dívidas, emite precatórios,
vende títulos, e rola as contas para os próximos. Indústrias são tocadas por
executivos treinados por décadas. Ao interlocutor oficial não há exigências de
preparo. Listados alguns recentes titulares do Ministério que mais troca de
nome na Esplanada, serão lembrados como ativos apenas Luiz Fernando Furlan e
Armando Monteiro. Os demais, sem conhecimento, vivência ou respeitabilidade,
não se impuseram.
Antonio Megale, presidente da Anfavea, associação das
montadoras, entrou na mesma trilha com objetividade de engenheiro: para
ele indústria quer projeto para saber para onde e como vai o país. Stephen
Ketter, brasileiro, apesar do nome, presidente da FCA, gerindo queda da
liderança para terceiro lugar em vendas, autor da mais moderna das fábricas
nacionais, endossa a tese.
Agora resta ao governo mostrar o caminho. Talvez ocorra.
Marcos Pereita, bispo, ministro do Desenvolvimento, de quem os ajustes
políticos caparam o comércio exterior, não foi aos EUA vender esperanças e
projetos. Terá tempo para fazer o dever de casa.
Surpresa, Picape Mercedes no Salão de Paris
Mercedes-Benz em corrida para mostrar no Salão de Paris,
final do mês, picape a ser produzido na Argentina, sobre base do Nissan Navara
- foi antecipado mundialmente pela Coluna.
Morfologia conhecida, chassi por longarinas e travessas,
cabine dupla, tração nas 4 rodas, transmissão automática de 9 marchas e, para o
mercado brasileiro, um dos bons clientes, motor diesel de sua produção.
Fase de definição, nome oscila entre GL-T Class e
X-Class. Pelo insólito, produto surpreendeu quando anunciado, mas o conceito
depurou e a MB dos EUA agora quer produzi-lo, onde picape é o carro mais
vendido. Vendas demoram – agosto de 2017. Motores a gasolina, diesel, e versão
híbrida, caminho natural destes tempos. Quer ter uma noção? Enfeite e equipe um
Amarok.
Roda-a-Roda
Tecnologia – Ganhos tecnológicos em projeto,
desenvolvimento e construção levam fabricantes de automóveis a se aproximar da
tecnologia de impressão 3D. Difícil imaginar automóveis feitos com painéis
produzidos por impressora chique, mas é o caso.
PSA – Após Ford e Opel entrar no negócio, fabricante
de Peugeots e Citroëns fez acordo com a californiana Divergent 3D,
desenvolvedora de processo para impressão de peças complexas. Busca-se
construir veículos mais leves por processos reduzindo custos, poluição,
consumo.
Lei - Promessa nunca efetivada pelo governo de
Christina Kirchner, aprovar projeto da Câmara dos Deputados legalizando as
pequenas fábricas de automóveis na Argentina, deve se tornar a lei de Autos
Artesanales Argentinos. Permitirá patentear, construir, vender a mercados
interno e exportar.
ACIARA – Associação de Construtores Independente de
Automóveis da República Argentina, é o nome da entidade, já acordou protocolo
com o governo para circulação dos veículos após homologação.
Produto – Argentina tem talento no setor, obrigado a
mágicas e firulas para sobreviver. Mais conhecido dos veículos, o Pur Sang,
cópia de Bugatti type 35, incluindo mecânica e motor.
Gentileza – Associação participará ativamente da
restauração do Cadillac ’55 conversível, ex Perón, desejo do Presidente
Mauricio Macri em tê-lo no Museu da Casa Rosada. Macri é do ramo: construiu
Peugeots.
Creta – Nome do utilitário esportivo, próximo da
Hyundai do Brasil suscitou dúvidas. Porque não outro, identificado com o
Brasil, como o faz na pequena República Dominicana, onde é chamado Cantus ?
Fica – Diz Cassio Pagliarini, diretor de marketing:
“ O nome Creta já é aplicado nos mercados próximos ao Brasil e teve
grande sucesso na Índia e Rússia, com vendas muito expressivas já no seu
primeiro ano de vida. A nomenclatura ix25 é válida apenas para a
China. Aqui no Brasil, o nome Creta foi testado sem rejeições pelos
potenciais clientes e vai colaborar na construção da marca global do produto,
mesmo que existam diferenças específicas de país para país. Naturalmente, eu
acho a nossa versão a melhor delas!”
Mercado – Maior segmento no mercado nacional é o de
SAVs, os Sport Activity Vehicles, detentores de
aparência e valentia pela posição superior para dirigir e maior distância livre
do solo. Usam motores de tamanho e potência contidos e tração apenas em duas
rodas.
Padrão - No Creta Brasil, inicialmente, motor L4,
1,6 litro e 123 cv, 15,4 m.kgf de torque, transmissão mecânica e automática de
6 velocidades. Preço deve ser abaixo dos pouco críveis pedidos por Honda HR-V e
Nissan Kicks.
Renascer – Chegando ao fim do problema e iniciando a
solução para motores diesel leves acusados de emitir poluentes acima da lei. VW
caminhões e ônibus, um dos 12 braços do império VW AG, fez festa de abertura do
IAA, maior salão de transporte no mundo.
Evidência – Estava reclusa, quieta em divulgação, e o
melhor sinal da volta é retomar oportuna tradição por ela aberta em recepcionar
convidados e jornalistas de todo o mundo em avant première. Nome
ajuda a imagem, foi Start up Night, tipo voltamos com tudo. Comando
pelo brasileiro Roberto Cortes, apresentação do sistema Volksnet, de
monitoramento, desenvolvido no Brasil, e do caminhão Constelation 25.420.
Fechou – Quem quiser entrar no negócio de vender e
assistir Porsches, deve esperar. Stuttgart Veículos, uma das duas redes do
país, completou plano de expansão com loja em Florianópolis, a sétima em seis
cidades: S Paulo, Rio, Curitiba, Porto Alegre, Campinas, Recife. Stuttgart
detém 25% da Porsche Brasil, representante nacional.
Marca – Porsche Brasil resolveu auditar todos
os re-call da marca. Quantidade pequena, 139 veículos. Chamou
os proprietários por telefone e convenceu-os aos reparos gratuitos. Moral da
história, 100% de atendimento – média nacional é a metade.
Outro – Ministro das Cidades – onde se alojam os
assuntos do trânsito -, e diretor do Denatran, anunciaram formação do Comitê
Empresarial de Segurança Viária. Querem ouvir sugestões para implementar
medidas capazes de deter a ascensão de acidentes e perdas no trânsito.
Faróis – Aproveitando a Semana Nacional do Trânsito
Bosch destaca a importância do sistema de iluminação como item de
segurança. Sugere sejam verificados periodicamente para garantir boa
visibilidade aos condutores e não ofuscar visão de outros motoristas.
Moto – Moras no Paraná ? Vais passar em
Curitiba entre 7 a 9 de outubro ? Gosta de motos? Vá ao Brasil
Motorcycle Show. Será no Espaço Renault, dentro do Parque Birigui. Boa parte
das presentes no mercado, e atrações como personalizadores. Aproveite e visite
o museu do automóvel nas proximidades.
Paulistanidades – És antigomobilista? Votas
na capital de S Paulo Duas chapas não tem passado recomendável quanto
à atividade. Se o conceito pesa para ganhar seu voto, considere. Por
cronologia.
Erundina - Quando o Ministério das Relações
Exteriores colocou dois Itamaraty Executivos à venda, o Museu Nacional do
Automóvel foi ao chefe de gabinete de Luiza Erundina, então Ministra da
Administração, ponderar sobre a venda de automóveis raros, ligados à história
do país, por quantia rala. Resposta foi de ser questão inexpressível – e que o
Museu, privado, preocupado com patrimônio público, comprasse os automóveis.
Mais – Quando Prefeita da capital paulista foi
inflexível em questão com o Veteran Car Club, levando-o a fechamento.
Matarazzo – Andrea, antes candidato e agora vice na
chapa Marta Suplicy, era Secretário de Cultura em S Paulo, e o mesmo Museu
denunciou vandalismo e sumiço do acervo tombado do Museu Paulista de
Antiguidades Mecânicas, o Museu Lee em Caçapava, SP, sob sua jurisdição.
… 2 - Em vez de fazer auditoria e apurar
responsabilidades, como requerido, acertou-se com sua prima, a responsável pelo
Museu, para doação à Prefeitura de Caçapava, apagando o passado, os danos, a
lesão ao patrimônio cultural, pois os veículos estavam tombados por sua
Secretaria.
Marta – Querendo o prédio para finalidade menor,
Ministério dos Transportes conseguiu lacração do Museu Nacional do Automóvel,
em Brasília. A então senadora foi nomeada Ministra da Cultura, e imediatamente
a entidade solicitou audiência, buscando apoio para solver a questão
diretamente com o Ministério dos Transportes. Nunca a Ministra teve interesse
ou agenda, omitindo-se a salvar o Museu na Capital Federal. De falsas culturas
e interesses sociais o país – e agora as prisões – estão cheios.
Há
sessenta anos Mercedes começava o diesel no Brasil
Última
semana de setembro de 1956 a Mercedes-Benz fez profunda e pioneira marca na
história da indústria automobilística brasileira. Superou o esquema consentido
à época, a montagem de partes importadas – onde se incluía o motor - e
apresentou o caminhão 312, com motor feito no Brasil. O evento dividia a
história e indicava, o fabricante com origem na criação do automóvel dava o
aval para o futuro da atividade no Brasil.
A
empresa havia quebrado o estigma do sub desenvolvimento da América Latina –
onde não se fabricavam motores sob a alegação técnica norte-americana de ser
impossível garantir estabilidade dinâmica aos blocos vasados sob calor
tropical. Em dezembro do ano anterior, através da Sofunge, depois adquirida,
mesclando sonhos, utopias, as esperanças para o chegante governo JK, e o
conhecimento de engenheiros alemães da Mercedes e brasileiros, havia fundido,
usinado e dado como operacional o primeiro motor feito no Brasil.
Era um
seis cilindros em linha, diesel, em ferro fundido, produzindo pelas medidas de
época 110 hp, com ignição por vela térmica e pré câmara de combustão – o pico
de tecnologia para melhorar a queima do combustível e expelir menos fumaça
preta.
Pioneiro
L-312, apelidado Torpedo, Pescocinho,
com referência ao motor projetado fora da cabine, transportava entre 5 e 6 toneladas de carga
bruta, surgiu apoiado em campanha publicitária e pintada no para choques
dianteiro a frase O que é bom já nasce
diesel, alusão ao caminho que iniciava abrir – então apenas 2% da frota
utilizava variadas marcas importadas e os montados localmente, Ford, Chevrolet,
International, Studebaker, operava a gasolina,.
Do
pioneiro L-312 Torpedo foram produzidos 6.054 unidades até 1958, quando substituído
pelo 321, com cabine avançada. Até hoje a Mercedes-Benz produziu 1.450.000
caminhões no Brasil.
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