Alta Roda nº 907/257 – 22 /09 /2016
Fernando Calmon |
A Fiat começou a destrinchar o quebra-cabeça em
que se envolveu com várias opções na faixa de compactos hatches, ainda o
segmento mais importante do mercado brasileiro. A chegada do subcompacto Mobi
provocou um conflito de preços entre o Uno e a versão antiga do Palio,
conhecida como Fire. Esta última, segundo o fabricante, agora é destinada
“apenas a frotistas”. É possível certa flexibilidade até o modelo ser
descontinuado.
Em compensação, o Uno 2017 recebeu modificações estéticas – nova frente que o
aproximou do estilo do Panda italiano, com novos faróis, grade e para-choque –
e mecânicas. O foco foi em moderna família de motores e avanços em eficiência
energética. A marca italiana estava atrás dos concorrentes, mas não perderá o
prazo fatal para comprovar, a partir do próximo mês, redução de consumo de
combustível, na média de todos os seus produtos à venda, em no mínimo 12% em
relação a 2011.
A estratégia incluiu direção eletroassistida, nova geração de pneus “verdes”,
spoiler dianteiro, convergedor de ar do radiador e revestimentos aerodinâmicos
na parte inferior da carroceria. Os inteiramente novos motores flex de 1 L, de
3 cilindros e 1,3 L, de quatro cilindros, ambos com bloco de alumínio, estão
entre os melhores do mercado. Formam uma família batizada de Firefly (vagalume,
em português) e o Brasil tem primazia no lançamento.
Uma das características é a opção por um cabeçote monocomando de apenas duas
válvulas por cilindro, ao contrário de outros motores modernos com quatro
válvulas e duplo comando. Mas o resultado final pode ser considerado muito bom,
pois a engenharia aproveitou ao máximo as características dos nossos
combustíveis ao elevar a taxa de compressão para 13,2:1. Também trabalhou novos
conceitos de balanceamento do motor para reduzir vibração e aspereza do
3-cilindros. Isso fica nítido logo ao ligar o motor pela boa marcha-lenta e
retomadas convincentes graças ao alto torque com gasolina (10,4 kgfm) e etanol
(10,9 kgfm).
O torque específico é o maior entre os motores aspirados de 1 L no Brasil, mas
a potência limita-se a 72/77 cv (gasolina/etanol), longe, por exemplo, do motor
equivalente mais sofisticado, de 80/85 cv, da Ford. Trata-se de compensação
típica entre elevar torque e baixar potência (e vice-versa), quando não se usa
superalimentação (turbo ou compressor). Em estrada, principalmente com lotação
completa e bagagem, o motorista sentirá alguma dificuldade nas ultrapassagens.
Se for esse o caso, a melhor opção é o 1,3-L que oferece 101/109 cv e 13,7/14,2
kgfm.
O ganho em eficiência energética foi notável, de 14,4% no motor de menor
cilindrada e de 16,7%, no maior. Nesse último o sistema desliga-liga o motor em
paradas tornou-se item de série tanto no câmbio automatizado (que recebeu
aperfeiçoamentos), quanto no manual (ainda um ponto fraco do Uno). Consumo
menor em trânsito pesado é garantido, mas quem quiser pode inibir esse recurso
ao aperto de um botão.
Nas versões de topo há controle eletrônico de trajetória e de partida em
aclives. Os preços aumentaram bem e não poderia ser diferente pelo que oferece:
R$ 41.840 a R$ 53.690. Está aberto espaço ao Mobi e também aos concorrentes...
RODA VIVA
HYUNDAI confirmou o que se esperava. Um crossover compacto será produzido
no Brasil no próximo ano e exibido antes no Salão do Automóvel de São Paulo
agora em novembro. Creta utilizará a base modificada do HB20 com estilo
específico para o mercado nacional. Motor não foi informado pela marca, mas
poderá ser o atual flex 1,6 L com injeção direta e 140 cv.
PRESIDENTE da Ford América do Sul, Lyle Watters, atuou anteriormente na
subsidiária europeia e teve de enfrentar a recente fase de profunda crise de
vendas. A recuperação do mercado lá foi mais rápida do que o esperado. Para
ele, tudo indica que acontecerá algo semelhante aqui. Quando o mercado começar
a reagir, também deve surpreender pela velocidade.
VERSÃO de entrada do Mercedes-Benz C180, produzida no Brasil, tem
acabamento e materiais de primeira qualidade, embora faltem alguns acessórios
básicos em um modelo premium como sensores de obstáculos. Motor turboflex de
1,6 L e 156 cv não aproveita todo o potencial de desempenho do etanol. Dá conta
dos 1.400 kg de peso (vazio), sofrendo um pouco com carga total.
GOVERNO federal não conseguiu derrubar a liminar que obriga a sinalização
de todas as rodovias, antes de aplicar multas em quem deixar de ligar farol
baixo durante o dia. A lei, mal discutida e pior implantada, merece revogação.
Ideal seria estabelecer um cronograma para luzes diurnas específicas de
acendimento automático, tanto em estradas como em cidades.
VAZAMENTO de óleo lubrificante e outros fluidos originados de veículos são
fontes de poluição não atmosférica pouco controladas no Brasil. Inspeção
veicular séria parece distante e assim maior cuidado com a manutenção poderia
amenizar o problema. Como referência, apenas um litro de óleo tem potencial de
contaminar um milhão de litros de água.
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